quinta-feira, 1 de maio de 2008

Mentalidades Programadas


A televisão, para além da componente lúdica, devia ter também um papel preponderante na formação dos cidadãos, com programação adequada, mas o que se observa é, precisamente, e em muitos programas, o contrário.
Na verdade, estão a ter um papel preponderante, sim, mas na formação de uma sociedade cada vez mais ignorante, violenta e completamente indiferente aos valores morais. Valores fundamentais, como a solidariedade e o humanismo, não constam da preocupação de quem elabora a programação dos canais da televisão portuguesa (salvaguardando os canais em que o interesse primordial não é fazer subir as audiências).
Programas que, em vez de formar, deformam; em vez de divertir, violentam; em vez de educar, embrutecem; em vez de respeitar as mais elementares regras de civismo, verifica-se o desrespeito, o achincalhamento; em vez da qualidade, preferem a vulgaridade.
Outra contribuição negativa é o apelo ao consumismo desenfreado, que a televisão exerce, através da publicidade, a qual em nada favorece os mais influenciáveis e os economicamente mais débeis.
Até o telespectador que opte apenas por ver o telejornal, está sujeito a uma “overdose” de publicidade!
Sobre a violência, dir-se-á que a televisão está “obcecada” em minimizar aqueles que são os valores essenciais para a coexistência humana, ao recorrer cada vez mais a cenas de violência, de sangue, muito sangue. Actualmente, raros são os filmes ou séries em que não haja carros a explodir, casas a ir pelo ar entre outras cenas lamentavelmente exibidas em horários nobres. Sim, porque programas de qualidade, apesar de poucos, regra geral, são transmitidos a horas impróprias, quase sempre para além das 24 horas.
Contudo, para além do excesso de violência, de telenovelas e de programas sem qualidade, há ainda a referir os inúmeros profissionais a precisarem de um estudo exaustivo da língua portuguesa para que, durante aquele que supostamente é um programa destinado à divulgação de informação, não surjam expressões como: “É trágico! Está a arder uma vasta área de pinhal de eucaliptos!” ou "O acidente fez um total de um morto e três desaparecidos. Teme-se que não haja vitimas."
Ainda acerca da violência, nem os programas destinados aos mais jovens, escapam a esta onda. Séries, onde se ouvem inocentes expressões como: “Vou-lhe partir a boca toda” ou “Esmaga-o até que os miolos lhe saltem pelas orelhas”. Efectivamente, a televisão portuguesa está a criar todas as condições para que esta e as gerações futuras sejam muito ternurentas…
Depois, existem ainda, com o objectivo de aumentar as audiências, a enxurrada de telenovelas brasileiras, especialistas em veicular contravalores, contribuindo assim para desorientar as pessoas menos preparadas, que destituídas de sentido crítico, deturpam a realidade.
Assim, a televisão, que podia ser um veículo transmissor na consolidação dos nossos costumes e, simultaneamente, contribuir para o reforço dos valores morais, é antes um tanque de guerra que por onde passa, quando não destrói, danifica.



Sara Carreira 11ºG

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Bom título. Algumas falhas na pontuação, contudo, globalmente, mostras grande qualidade no discurso e bom sentido crítico.