terça-feira, 27 de dezembro de 2011

De que nos falam os peixes...

Convite aos alunos para falarem de Corrupção, inspirados pelo Sermão de Santo António aos Peixes
Texto selecionado:

É um facto que há muito que a terra deixou de se salgar. Seja pela religião, pela moral, pela ética, pelo que for.
Vivemos numa era em que, basicamente, é cada um por si e não importa quantos tenhamos de pisar para alcançarmos o nosso intento. Simplesmente não importa. O "eu" é tudo o que importa. É puro egoísmo e individualismo levado ao extremo.
E enquanto uns tentam manter a sociedade e a comunidade, outros aproveitam-se de tudo e todos, destruindo o trabalho de muitos, destruindo a própria comunidade.
Será que os senhores vulgarmente designados por corruptos não se apercebem de que o ser humano só tem uma boa vida e estabilidade em comunidade? Porque, se se apercebem, então só podem ser estúpidos, destruindo a comunidade que os torna fortes, ainda que não os torne tão fortes quanto a ambição deseja e a falta de escrúpulos alcança.
Se não se apercebem, então são claramente ignorantes e centrados em si próprios.
Percebam isto, meus caros, a melhor maneira de subirem não é deitarem os outros abaixo, mas sim manter a pirâmide e ir, lentamente, conscientemente e com justiça, alcançando o topo, o verdadeiro topo e não um amontoado de gente caída porque aí não há topo.
Aí, ficamos todos no fundo.





Inês Silva, 11º A


Post Scriptum: Basicamente, a opinião que queria expressar é a de que nós somos fortes como um todo, daí que a nossa espécie não vingue sem ser em comunidades. A corrupção é o apodrecer do sistema por maus elementos, que fazem com que o todo sofra. Penso que é o mais importante a dizer de tudo :)

De que nos falam os peixes...

Convite aos alunos para falarem de Corrupção, inspirados pelo Sermão de Santo António aos Peixes.
Texto selecionado: 



"Vós, sois o sal da Terra". Como está enunciado no conceito predicável do Sermão, o sal tem como objectivo impedir a corrupção e são os pregadores os responsáveis por isso.

   Actualmente, quem são os verdadeiros pregadores? Aqueles com cargos poderosos e que exercem poder na política? Ou o povo? 
   Teria mais lógica que aqueles que pregassem fossem os políticos. Graças aos seus cargos, deveriam ter autoridade sobre os erros existentes na sociedade. E tal é verdade! O problema está, contudo, no facto de, além de possuírem o tal poder, a tal autoridade, também são eles os verdadeiros corruptos.Então, deverá o povo elevar-se e repreender os defeitos dos "corruptos poderosos" ?
   Pode tentar fazê-lo, através e manifestações, greves..., mas tal não se compara ao poder exercido, no país, pelos políticos. E voltamos ao mesmo. À mesma situação. É quase como a relação entre efeito-causa. É mesmo. Os políticos "praticam" a corrupção, de uma maneira ou de outra, e é o povo que terá de ajudar na resolução dos erros e estragos feitos pelos primeiros e, como há injustiça envolvida, o povo revolta-se. Serve para algo? Param eles com a corrupção? Não.
   Mas, se são realmente os políticos os responsáveis pela corrupção, não será também culpa do povo? É verdade que o povo decide quem está presente na política e na direcção do nosso país!... Mas não! A culpa não está no povo, o povo não conhece em quem está a "confiar".
   Tal como o Padre António Vieira diz: "... se houvesse um anjo que vos revelasse qual é o coração desse homem e esse fel que tanto vos amarga,quão proveitoso e quão necessário vos é! " Verdade nua e crua! Se fosse possível a visão do interior e das virtudes interiores das pessoas, tudo seria mais fácil. O sal continuaria o mesmo - impedir a corrupção, mas talvez não tão usado, pois seriam outros os pregadores, porque na realidade actual, aqueles que pregam são os corruptos.


Carolina, 11º A

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Missão - impressões


Com o visionamento do filme "The Mission" pretendi conduzir-vos numa viagem no tempo, até os dias da colonização portuguesa e espanhola em terras da Amazónia, entre os índios.
"Os índios estão livres outra vez para serem escravizados pelos espanhóis e portugueses" comunicava o enviado do Papa. E foi a favor da liberdade desses índios que o Padre António Vieira escreveu o seu "Sermão de Santo António aos Peixes", esse que vamos agora estudar.

Para início de conversa, partilhem aqui as vossas impressões do filme, as vossas impressões daquela realidade, aquilo que vos tocou (ou não).

domingo, 16 de outubro de 2011

Poemário



Arrancamos com nova temporada do Poemário! Pois, sim, já estamos na temporada 2 desta série de sucesso.
E, para arrancar, que melhor palavra que "começo"?
O poema vencedor foi aquele que a Mayara trouxe, com base nos belos versos de Alberto Caeiro, citados no fim.

Este poema aparece referenciado como sendo de Fernando Pessoa, mas... não me parece. Tal como aquele outro do "pedras no caminho? Junto-as, um dia construirei um castelo", também erroneamente atribuído a Pessoa (quando estudarem Pessoa, para o ano, compreenderão. Não conheço toda a IMENSA e MÚLTIPLA obra do autor, mas cada um dos seus heterónimos, e ele mesmo, têm estilos muito próprios e identificáveis). 
Sim, parece que a sua criação heteronímica continua a dar frutos, para além da sua morte. Isto sim é génio! :)

Aqui fica o poema escolhido, pela positividade da sua mensagem:




Onde você vê um obstáculo,
alguém vê o término da viagem
e o outro vê uma chance de crescer.
Onde você vê um motivo pra se irritar,
Alguém vê a tragédia total
E o outro vê uma prova para sua paciência.
Onde você vê a morte,
Alguém vê o fim
E o outro vê o começo de uma nova etapa...
Onde você vê a fortuna,
Alguém vê a riqueza material
E o outro pode encontrar por trás de tudo, a dor e a miséria total.
Onde você vê a teimosia,
Alguém vê a ignorância,
Um outro compreende as limitações do companheiro,
percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.
E que é inútil querer apressar o passo do outro,
a não ser que ele deseje isso.
Cada qual vê o que quer, pode ou consegue enxergar.
"Porque eu sou do tamanho do que vejo.
E não do tamanho da minha altura."




A propósito, o poema de Alberto Caeiro que inspirou, a alguém, o anterior:


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.



Para o ano, meus amigos, para o ano, falamos ;-)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Dor...






Dor, por muito que tente esquecer esta dor que sinto, há algo que me arrasta para ela, algo que, como um veneno doce, me leva a voltar para lá, sentindo uma terrível sensação de alivio perturbador que ao som de todos os meus devaneios não me deixa ansiar pelo êxtase da felicidade, arrastando-me como um furacão para as profundezas da amargura.

 

Dor, que me acompanha por mais noites e dias que durma sobre a ideia de que um dia nada mais irei sentir, nada, que um dia os meus olhos vão fechar e tudo vai desaparecer, tentando convencer-me que está tudo bem.

Dor, que por mais promessas que tenhamos feito, por mais historias que tenhamos contando no devaneio de um sentimento que um dia chamamos de amor, agora nada mais seja do que ódio, um amor que por forte que era tivemos de largar e dar espaço para a dor ressonante que no meu peito sinto.

Mas está tudo bem, tudo irá ficar bem, esta dor irá levar-me para o caminho que devo seguir… pelo menos no meio desta escuridão, espero que assim seja, antes que me deixe afogar num mar feito da chuva!



Rafael Mendes
Ano de 2008/2009, turma 12º B

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um novo ano!



Quero dar-vos as boas-vindas.
Abrir-vos a porta.
Convidar-vos a entrar neste novo ano.
Seja este espaço o limiar da entrada. A soleira.


Para vos receber, procurei uma mensagem especial. E encontrei-a no nosso amigo Torga, no seu diário, num dia como este em que iniciam as aulas de Português. Um dia 13 de Setembro.
Era 1978.

Porque a Poesia é intemporal. E nós já o sabemos.


Hoje, 13 de Setembro de 2011, será a vossa...


Alvorada


Amanhece.
Pelas frestas da vida
A Luz
Reluz.
Vai começar o dia dos sentidos,
Da razão
E do medo.
Sensações,
Lucidez,
E uma pedra de angústia sobre o peito.

Mas é ressuscitar!
É renascer!
É levantar a tampa do caixão
E ser de novo Adão
Com a maçã ainda por comer.


Poderá o início do ano lectivo trazer "uma pedra de angústia sobre o peito", mas tudo é passageiro.
Em cada dia, e em cada "início do ano", é ressuscitar! é renascer!

Um belíssimo ano para todos.


Fátima

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Post mortem


Vêm morrer em mim com a calma esguia dum felino. Enroscam-se na sombra palmeiral do meu cansaço e sucumbem a este dia africano de rios secos.

Cheiro a cemitério lotado por guerras idas.

Infértil, por entre esta vala comum onde ciranda o silêncio das almas gastas, lembro viagens fundas, como um poço de reflexos jazidos que a chuva desistiu de visitar.

Vêm e morrem caladas, as minhas memórias de ti.

terça-feira, 19 de julho de 2011

3 am

As pessoas esquecem-se. Do que fizeram e do que são feitas. Esquecem o parentesco, o ancestral, a anterior faísca laminada p’las pedras.

As pessoas esquecem como respiram, necessária e maquinalmente. Esquecem e não lembram. Nem o comum órgão que as acolheu com a mesma vontade que as libertou, para virem a Ser.

Esquecem o útero das estrelas, onde repousaram em tempos maiores que a estadia de agora nas suas vidas modernas;

Esquecem tanto e tão fundamente, que já nem recordam a explosão mãe que as semeou pelo espaço;

E crêem-se, por isso, lídimos de singularidade: dizem-se diferentes, esboroam-se em detalhes de circunstância.

As pessoas que somos e que morreremos esquecem-se dos apenas átomos a que se resumem. Promove-se o esquecimento a espectáculo, assistindo, na primeira fila, a cénica razão. Vontade nossa - actores trémulos e com a vida decorada.

Nós, as pessoas, esquecemos inclusive os próprios sonhos, agulhados entre o palheiro. Não, talvez esses não os esqueçamos assim.

Os sonhos perdem-se como os botões, ninguém sabe como, mas todos lhes sentem a falta.

E as pessoas às vezes… o que é que eu disse?

terça-feira, 5 de julho de 2011

da Poesia...



A poesia é, ao mesmo tempo, um esconderijo e um altifalante.


Nadine Gordimer


***

Porque será a poesia tão versátil?
Sinceramente, acho esta pergunta fascinante, não pelo conjunto de seis palavras e um ponto de interrogação, mas pela infinidade de palavras e reticências que nos tentam dar a resposta.
Na poesia tudo está correcto. Não há um estilo a seguir… por outras palavras, um modelo a seguir! A poesia não são apenas versos…
Os versos são as ruas onde nos escondemos do mundo, num lugar deveras recôndito da sociedade! Os versos são fragmentos de alma a tinta no papel. A tinta só minha, onde escrevo sobre o que sinto. É, portanto, uma forma de fugir dos outros e encontrar nas palavras o esconderijo para que não me encontrem, para passar o tempo. Faço das palavras a sólida concha que me protege do outros seres. Uma forma de encontrar conforto e partilhar um pouco de mim comigo mesma.

Mas, ao invés do acima escrito, das palavras se fazem versos… os versos de um hino! Os versos não apenas escritos, mas também os que ecoam até aos confins do cosmos! Uma forma de nos revelarmos, de sermos ouvidos. Não rebeldes, mas revoltados… ou apenas gritar por paz, chamar-te “meu amor”, implorar aos deuses que me abençoem se a vida é infortuna. Assim como a música, no dia 25 de Abril de 1974, chamou militares à rua!
Retorno à questão inicial… talvez seja versátil porque cada ser sente de forma diferente, o que faz da poesia, não um texto, mas sim fragmentos de cada um de nós… único e especial. 



Catarina, 10ºA

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Meia-Noite em devaneio


Meia-Noite
Anoitecemos o tempo em que me davas a mão... ateamos gelo pálido ao nosso rio. Fica, mas não existas. Vem solidãorizar-te comigo.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Devaneios sobre uma imagem



Companhia  e solidão, o mesmo caminho em sentidos opostos. É óptimo ter alguém em quem nos possamos apoiar ou que  nos reconforte e também nos proteja.     
Às vezes imagino que estou  num lugar onde tudo me é estranho e diferente e só sinto a solidão a trespassar-me os ossos e os tecidos, e penso no que iria [poderia] sentir nessa altura, o quão seria bom ter alguém para me apoiar ou mesmo que se sentasse ao meu lado  e apenas  me transmitisse segurança.   
 Esse acontecimento acredito que iria mudar a minha perspectiva de ver o mundo e [?] dar valor às coisas que, por vezes, parecem insignificantes como um aperto de mão ou um abraço.
Atrevo-me a  dizer que apenas as pessoas que conhecem  a verdadeira solidão são capazes de dar o devido valor  à amizade.
Mas a solidão não afecta apenas os humanos, afecta também dezenas de animais abandonados que iriam adorar ser adoptados ou, simplesmente, receber algum conforto.
Todos os dias vemos casos que nos deixam perplexos,  com  notícias de  pessoas encontradas  mortas dentro das suas  próprias casas durante anos, crianças abandonadas, sem abrigo, etc.  Esses milhares  de pessoas devem sentir a verdadeira solidão e não duvido do quanto teriam ficado agradecidas se alguém lhes tivesse estendido a mão.  Isto permite-me tirar várias conclusões e reflectir  sobre o mundo em que vivemos hoje. 


Tiago Barros

domingo, 19 de junho de 2011

Devaneios sobre uma imagem

 











Será de mim,
ou não encaixo neste mundo
simples e rotineiro
onde tudo é sempre igual?
Será apenas para mim
a vida difícil e asfixiante,
que desde pequeno fui obrigado a viver?

Não, algo está errado.

Como poderei eu,
Ser consciente da minha
própria insignificância,
desejar mais do que o que me foi destinado e endereçado,
pelo Monstro que me decidiu dar vida
e não a qualquer outro dos milhares, talvez milhões,
que tentaram, sem sucesso,
tomar o lugar que foi meu?

Talvez deseje mais porque me é permitido desejá-lo;
mas nunca alcançar.
A eterna sensação de falhanço corrói-me,
e faz-me voltar à vida dos sem vida.

Normais, afirmar-se-iam eles;
Cordeiros que seguem aquele caminho,
porque Alguém lhes disse(ram) que assim era o correcto.

E a vida passa,
segundos, minutos, horas, dias…
Até que estaco. E pasmo perante o alcançável
apenas através do plano do imaginário.

Estava certo.

O problema não está no mundo,
mas sim no meu desinteresse
por tudo ao que aos cordeiros basta.



Hugo Gonçalves

Devaneios sobre uma imagem




Caí. Estou ferida. Tento-me levantar mas o meu corpo não reage. Parece que falta algo, TU. O meu corpo, tal como a minha mente, ficaram viciados. Estou a tentar raciocinar, e agora percebo o que se passa. Abandonaste-me. Quanto mais penso, mais dor sinto. Agora percebo que tudo não passou de uma ilusão. Percebo que o teu “ AMO-TE “ era uma simples palavra, sem qualquer valor sentimental. Sinto o meu rosto molhado das lágrimas. À medida que as lágrimas vão caindo, só me apetece gritar “ PORQUÊ?”. Cria-se um sentimento, que não é novo para mim, mas nunca tinha sentido com tanta intensidade. Ódio. Desejo-te coisas horríveis, até mesmo a tua morte. Mas apercebo-me que isto não me leva a nada.
Levo as minhas duas mãos ao meu rosto e limpo-o. Insegura e fraca levanto-me aos poucos. Reparo na realidade, como ela é tão diferente da ilusão que vivi.
 Passo por ti. Ignoras-me. Algo de estranho aconteceu. Não senti nada. Passaste da pessoa mais importante, para um ser insignificante qualquer.
Agora só te quero agradecer. OBRIGADA ! 
Obrigada por me tirares dessa ilusão !

Não chores porque acabou, mas sorri porque aconteceu. Se pensarmos que a vida é um ciclo, o fim de uma coisa, é o inicio de outra.



Ana Sofia Lomar