segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Guia-me a Só a Razão

Guia-me a só a razão.
Não me deram mais guia.
Alumia-me em vão?
Só ela me alumia.

Tivesse quem criou
O mundo desejado
Que eu fosse outro que sou,
Ter-me-ia outro criado.

Deu-me olhos para ver.
Olho, vejo, acredito.
Como ousarei dizer:
«Cego, fora eu bendito»?

Como olhar, a razão
Deus me deu, para ver
Para além da visão —
Olhar de conhecer.

Se ver é enganar-me,
Pensar um descaminho,
Não sei. Deus os quis dar-me
Por verdade e caminho.

Fernando Pessoa



Este poema escolheu-me porque apela a quem o lê a fazer o que realmente gosta e não a fazê-lo porque o grupo em que estamos inseridos quer que o façamos. Apela-nos a seguir apenas os nossos princípios. Também apela para aquilo a que chamo ir "contra a corrente". Por vezes, sabemos que certas pessoas têm atitudes erradas e não temos a coragem de as parar e, pior do que isso, deixamo-nos ir na “onda”. Acho que toda a gente já experimentou como é difícil nadar contra a corrente, onde tudo nos puxa para trás, mas nós queremos seguir o nosso caminho.
Para salientar esta ideia, eu vou ainda buscar uns versos do poema “Cântico Negro”, de José Régio:”Vem por aqui(…) Não, não vou por ai! Só vou para onde/ me levam os meus próprios passos…”
No entanto, acho que Pessoa exagera. Portanto, vou já avançar para a última estrofe.
Muitas vezes, na nossa vida, temos que tomar opções e nem sempre escolhemos a mais correcta, porque era a mais fácil, ou porque a nossa teimosia nos obrigou a fazê-lo. Há ainda muitas outras razões pelas quais nós não escolhemos o caminho certo. Diz Pessoa:”Se ver é enganar-me/ Pensar um descaminho” se calhar o melhor seria não ver. Também diz a sabedoria popular, que não tão radical:”Errar é humano”. Mas eu digo: -Humano é, aprender com os erros!


Espero que gostem da minha análise, admito que não sou muito bom a exprimir aquilo que sinto, mas esforcei-me…

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O tempo de Pessoa




Há um tempo em que é preciso

Abandonar as roupas usadas

- Que já têm a forma do nosso corpo -

E esquecer os nossos caminhos

Que nos levam sempre aos mesmos lugares…

É tempo da travessia e,

Se não ousarmos fazê-la,

Teremos ficado para sempre

À margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

Este poema escolheu-me pois fala de mudança em todas as vertentes da nossa vida. Temos que abandonar o conforto das nossas casas, dos nossos amigos, da nossa família e daquilo que conhecemos para voltar a nos descobrirmos e reinventarmo-nos.

A mudança é boa pois ajuda-nos e lidarmos melhor com o mundo que nos rodeia, que cada vez mais se torna um lugar escuro e perigoso. É boa, pois sem ela ficaríamos estúpidos, monótonos e todos os dias, seriam dias chão. Provavelmente, entraríamos em depressão e depois, mais tarde ficaríamos catatonicamente malucos, pois nada é novo e já pouco nos surpreenderia.

Há que mudar os nossos caminhos, se vamos sempre para a direita há que ir para a esquerda; vestir roupas novas, diferentes, se vestimos preto, temos que nos enfeitar de laranja!! É tempo de desafiar tudo em que acreditamos, é tempo de irmos mais além e procurar, no baú dos nossos pais, os valores dos anos 60 e 70, onde se lutava quando algo não estava bem e deixar esta apatia perante o Mundo de lado!! Se não fizermos nada disto vamos viver numa vida de “Porquês”, de “Ses” e de “Como teria sido…”.

Eu falo por experiência própria, quando digo estas coisas, pois é muito triste e frustrante viver -se assim e quando comecei a ir para a esquerda em vez da direita, descobri novos mundos e senti-me nova, como uma criança quando vê algo novo!!

Uma das teorias apresentadas para a extinção ou desaparecimento do povo Maia relata que as mães maias eram tão protectoras que não deixavam os seus filhos brincar. Quando estes cresceram e desempenhavam a função de guerreiros, foram dizimados por não saberem fazer nada…

Por isso, enquanto estão a ler isto (ou não), reflictam sobre as vossas vidas e vejam o que podem mudar!! Até os adolescente podem ser bastante monótonos e previsíveis…

E quero também deixar um conselho: A mudança é boa, por isso, pratiquem-na o maior número de vezes possíveis.

Ana Monteiro

Nº1, 12º C