sábado, 24 de maio de 2008

O pecador invisível




Há pouco tempo, a Igreja Católica publicou um artigo que indicava os novos pecados mortais pelos quais os cristãos devem pedir perdão. Para além dos famosos 7 pecados (que os pequerruchos têm de decorar na catequese: gula, luxúria, avareza, ira, soberba, vaidade e preguiça) apareceram mais alguns, como a manipulação genética, uso de drogas, desigualdade social e poluição ambiental.
Logo depois da publicação, em entrevista ao Observatore Romano, monsenhor Gianfranco Girotti, responsável pelo tribunal da Cúria Romana e pelas questões internas do Vaticano, diz que os pecados passaram a ser de dimensão social, pois principalmente no campo da bioética estão a violar direitos da natureza. Mas a manipulação genética não será boa para a religião? Podemos utilizar a clonagem para criar mais dois ou três papas, ou introduzir genes dos católicos “assíduos” e assim, daqui a pouco tempo, teríamos o mundo todo cristão.
Mas este “monsenhor” surpreende-me quando, relativamente ao uso das drogas, refere que “a droga enfraquece a psique e obscurece a inteligência, deixando muitos jovens fora do circuito da Igreja” - afinal o uso de drogas é pecado, pois o importante é os jovens irem à Igreja... a saúde dos jovens não importa. Tem lógica. Este senhor também referiu que na sociedade actual há uma grande desigualdade social porque os ricos tornam-se cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Mas quanto dinheiro as pessoas dão para a Igreja? De vez em quando, lá tocam à campainha e dizem aquelas frases já gastas: “ Não quer dar uma esmola para a Igreja?”. Apenas mudam o destino do dinheiro: ou porque não têm dinheiro para realizar as festas populares, ou porque querem construir uma Igreja nova. Enfim, tudo para ficarem cada vez mais ricos (como na sociedade).
Talvez a Igreja tenha apresentado estes pecados para tentar esconder o que faz, mas acho que os pecados que publicitou ela mesmo os comete. Mas quem vai perdoar os pecados se são os próprios padres que os cometem? Vai ser o povo?


Rui Nelson, 11º A

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