Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
domingo, 11 de maio de 2008
Querido Diário...
26 de Março de 2008
Querido Diário:
Hoje é dia de Páscoa. Levantei-me de manhã, por volta das 8 horas, para ajudar a minha mãe e a minha avó.
A cozinha estava cheia de doces e petiscos e na banca já estava o cabrito pronto para ir ao forno. A sala estava limpa, arrumada, cheia de velinhas e bem perfumada. As mulheres estavam apressadas em ter tudo pronto para quando chegasse a Cruz.
No meio daquela agitação matinal, a minha mente começou a divagar em pensamentos. Toda aquela comida que matava a fome a algumas famílias, estava ali, à espera dos padres que vinham celebrar a ressurreição de Cristo, os mesmos que, depois de fazerem votos de pobreza, se dão a estes luxos. Fiquei a pensar naquilo…
Quando a campaínha foi tocada pelos senhores de Cristo, já eram 10horas e meia da manhã. Os padres entraram. A acompanhá-los vinha um jovem com um caderno de capa vermelha, parecida com a da Bíblia. O caderno continha as moradas de quem tinha pago para ter a bênção em sua casa, e mais uma vez eu pensei, “pagar para ter a bênção? Pagar para Cristo entrar nas nossas casas? Mas Cristo, Jesus Cristo, não é omnipotente? omnipresente?” Mais uma vez, fiquei a divagar naquilo…
Como é possível, havendo milhões de pessoas a morrer à fome, a Igreja, a Santa Igreja, que é a instituição mais rica do mundo, não fazer nada? Não dar, em nome de Deus, comida a quem dela precisa?
Adeus querido diário.
Ana Catarina, 11ºE
Etiquetas:
crónica de costumes,
Igreja,
Portugal
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