domingo, 11 de maio de 2008

Generoso Hábito


Hábitos e Costumes constituem-se factores ou agentes caracterizadores de uma Sociedade. Incongruentemente, as Sociedades submetem-se a múltiplas e a asquerosas comparações. Comparações essas, realizadas com o intuito de catalogar os mais distintos e variados meios que nos circundam. Surgem assim, as típicas sociedades consumistas, as religiosas, as fanáticas. Algumas detêm um cariz religioso e tradicional, outras, monumentalmente, difundem a intensidade da morosidade, do marasmo e da letargia emanadas.[?]
Religião, Política, o Estado da Nação, a trivialidade dos comportamentos humanos e a Justiça serão, eternamente, alvos de juízos de valor por parte da comunidade social. O juízo crítico ganha contornos universais quando diferentes percepções convergem, eclodindo novos ideais, novas perspectivas, novas aspirações e fantasias.
Seria perfeito ver na Crítica uma via para alcançar a Perfeição. O papel corrector do nosso próprio julgamento eliminaria as imperfeições, anteriormente concebidas, e o processo de aperfeiçoamento seria algo inevitável.
Todavia, a Crítica exibe-se como que uma arma que visa somente o fraccionamento, a censura, a repreensão e não a unificação. O Hábito de criticar pejorativamente despontou fogosamente, e nos dias que correm, raras vezes surgem críticas construtivas, isto é, críticas que se destinam a abraçar o aperfeiçoamento.
A onda de progresso, pura e simplesmente, estagna. À semelhança do “efeito bola de neve”, um extenso e atafulhado enrolar de críticas envolve-se e entrecruza-se, aumentando de tamanho e força, à medida que estas são lançadas. Tal como uma avalanche, têm consequências destrutivas e a capacidade de lançar o Caos. Nascem conflitos, mal entendidos e brigas. Comunidades sucumbem face ao mau uso da Crítica.
A Crítica é, essencialmente, uma forma de expressão. Positiva ou não, o direito de criticar é também um dever, que não se deve manter reservado nem ocultado. “ Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar” são palavras proclamadas por Abraham Lincoln, evidenciando, mais uma vez, a relevância do papel crítico no seio de uma comunidade.
Seja através do plano cinematográfico, de obras literárias, manifestações, a Crítica manifesta-se por todo a parte. De uma forma subentendida ou arrojada, todos nos julgamos capazes de criticar, de continuar a alentar a mudança. Ora na área religiosa ou no plano político e social, não conseguimos ficar indiferentes, marcando sempre uma posição face ao sucedido.
Todos nós, somos portadores do nefasto Hábito Crítico. É a própria Crítica o costume mais comum de todos os povos livres, e como tal, deve ser o principal alvo dos nossos Juízos.
Será, por ventura, necessário explorar o misterioso carácter utópico da Crítica para conseguirmos testar o objecto alvo, fruto do pensamento humano.

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