Leitura da imagem
O
«guarda-sol» foi uma das primeiras obras do famoso pintor espanhol Francisco Goya.
Esta pintura
pode ser encontrada no Museu do Prado, em Madrid. No entanto, a que observamos
na imagem não é a verdadeira, mas sim uma cópia. Este facto não travou um
senhor, provavelmente cego, de sentir através das mãos
a obra, e de um fotógrafo captar esse momento.
Embora
uma cópia, a obra transmite a ideia de descanso e conforto. São as cores
neutras que transmitem isso, mas estas desaparecem na imagem perante o negro da
roupa do senhor e da luz que incide na obra. O relevo da obra ainda se consegue
notar, visto que é a única coisa que o senhor consegue sentir, arrisco-me em
dizer que a cópia foi feita para estes indivíduos que não sentem a beleza com o
olhar, mas sim
com o pensamento e com o tacto.
Texto argumentativo
O Momento
A ideia
de criarmos uma
«obra falsa» para quem não consegue ver, é um pouco absurda. Visto que a única
maneira de poder «sentir» a obra é através do tato, porque não darmos a
presenciar o verdadeiro relevo da obra, assim quem sente a obra com as mãos
consegue sentir as linhas retas, curvas… e os erros do pintor… e talvez, assim,
conhecer mais a intencionalidade da obra, ou seja, a ideia que o pintor queria
transmitir.
Mas a
ideia de conhecer o mundo com o pensamento, isso sim não é absurdo. Não estou a
falar da opinião… mas da criação que podemos fazer com o pensamento. Não
podemos acreditar em tudo o que os nossos olhos veem.
Imaginemos
um mundo em que todas as pessoas eram cegas. Não saberíamos o que eram as
cores, não poderíamos distinguir a noite do dia, não julgaríamos pela
aparência. Talvez esse mundo exista, e a única maneira de poder
sobreviver é através da confiança perante as outras pessoas, e através do nosso
pensamento.
Talvez a intencionalidade do fotógrafo, quando
captou este momento, fosse mostrar as dificuldades de um invisual. A
simplicidade numa fotografia de um senhor a tentar compreender uma obra, que
terá mais de mil significados.
A minha
opinião é que o fotógrafo captou o momento, um padre invisual (pois tem na mão
direita um anel que indica o celibato, bem como os seus trajes escuros e
formais) aprecia uma obra de arte da pintura, uma cópia de uma tela de Francisco Goya, pelo relevo da tela. Ele vê e
toca procurando na tela o entendimento de quem somos, onde estamos e o que
fazemos.
Também
está perante “a apreciação do belo, ainda que se inicie nos
sentidos, chega ao seu ápice na inteligência. É na instância intelectiva que
tem lugar o juízo estético. Tendo esse dado por premissa, infere-se o fator essencialmente humano que rege a experiência
estética e, claro está, o contato com as artes que
produzem o belo. Só o homem vivencia a beleza.
Ora, se a dimensão estética do homem radica-se
prioritariamente no intelecto, não é a cegueira, ou outro impedimento de ordem
física, que atua como entrave intransponível para que se tenha acesso às coisas
belas." (cf. João Ganzarolli de Oliveira)
“Diz a tradição que Homero foi cego;
contudo, sua obra mais se assemelha à pintura
do que à poesia. Que região, que praia, que local da Grécia, que tipo de
batalha, que exército, que armada, que mobilização de homens, que aspecto e
variedade de animais não nos pinta, levando-nos a ver o que ele mesmo não viu? “
(idem)
Com esta fotografia, o fotógrafo concluiu que a cegueira não é impedimento
à origem do sentimento e, sobretudo, ao desenvolvimento de
uma inteligência para além dos sentidos e alertou para um problema existente na
sociedade, a deficiência.
Dineia Teixeira, 12º D
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