Leitura da Imagem:
A
imagem apresenta uma bola de futebol improvisada, constituída
por farrapos. Atrás, vemos uns pés descalços que representam e acentuam
a pobreza existente em África, aliada à infância das crianças que assim vivem.
A
ideia é também transmitir uma felicidade independente do dinheiro. O foco da
imagem centra-se na bola, que representa a
vontade e alegria de viver que não são influenciadas por classes sociais. De certa forma, acaba também por transmitir uma certa inocência e
inconsciência da sua situação que é totalmente substituída
pela alegria. Na minha opinião, transmite também nostalgia e saudade da
infância.
Criação de texto a partir
da imagem:
Já
dizia a minha mãe:
- Outra
vez descalço no chão frio?! Vai calçar uns chinelos rapidamente!
Nunca.
Já lá vão dezassete e não muda.
Sou
um descalço, esta é a minha fuga. Correr no paralelo com a companhia dos
arranhões e escuras pisaduras, chuto as preocupações de uma vida que se
acumulam naquele esférico, e sou pequeno, outra vez.
Nunca
sendo rapaz regrado, cresci com amigos de todo o lado, aqueles que o quisessem
ser. O gordinho ficava atrás, ao passo que os outros atacavam, inspirados numa
furiosa alegria, o que quer que fosse. Qualquer aposta ganha era a glória de
uma infância.
O
mais pobre era o que trazia a roupa de Domingo que só rendia quando a ganga
rasgava e o mais rico era o da calça velha cortada ao joelho que vaidosamente
exibia as suas melhores cicatrizes e rasgados arranhões.
E
estivessem lá TODAS as infâncias perdidas deste
mundo que nós faríamos equipas de fora e em cada
sorriso traquina, penetrava esta euforia, porque
com estes ia "dar mais pica".
Não
há lei, ou teoria sequer, para a felicidade, mas é aqui que eu a acho e
tenciono continuar a achar. Cada vez são menos os descalços, mas hão de voltar,
nem que seja em forma de pedra do muro do meu jardim.
Bruno Eira, 12º D
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