segunda-feira, 2 de março de 2015

Da Imagem - Ampulheta da Natureza - por Marisa Brito





 
LEITURA DA IMAGEM: 

Talvez seja desconhecido para muitos, visto a sua identidade ainda se manter por conhecer, Blu é um artista italiano proveniente de Bolonha. Começou por pintar no centro histórico e nos subúrbios de Bolonha, alargando cada vez mais a sua área de pintura, transmitindo o seu vocabulário visual através de enormes figuras, não só humanas, que são por vezes dramáticas e, por outras, sarcásticas.

Nesta ilustração, existente em Berlim desde 2010, está presente uma ampulheta com um icebergue e água no seu topo, na sua base, um conjunto de edifícios que poderemos entender como sendo uma cidade. É notória a queda de água do cimo para a base, ou seja, para a cidade. Em termos cromáticos está presente o branco, o azul e o castanho, que expressa a solidez e a segurança, sendo o símbolo da “terra mãe”, tendo grande destaque o azul da água que simboliza a pureza e a serenidade, mas também a monotonia e a frieza. É igualmente realçado o branco do icebergue e da cidade, que significa a paz e a pureza, tal como o azul, e ainda a harmonia, a verdade absoluta e a passividade, isto é, a falta de atividade. 

Estando posicionado numa cidade extremamente populosa e evoluída, este desenho tem uma função essencialmente crítica, mas também descritiva e simbólica, visto que por trás de um simples desenho está aquilo que corresponde à realidade: a passagem do tempo e a passividade do ser humano perante um problema, esse problema que é o aquecimento global. Esta imagem é um conselho, ou até mesmo, um aviso que apela à consciência do ser humano relativamente às consequências dos seus próprios atos, que irão danificar a Natureza e, consequentemente, o nosso próprio futuro e o futuro da nossa espécie como habitante do planeta Terra.



TEXTO ARGUMENTATIVO: 


O tempo e a sua transição

A observação da ampulheta, símbolo do tempo e da sua transição, leva-me à reflexão daquilo a que damos o nome de TEMPO. O tempo e a sua passagem… Será o tempo um icebergue, isto é, algo duro e difícil de ultrapassar? E será que a sua passagem nos asfixiará, tal como na ilustração a cidade é inundada pela água proveniente do icebergue?

É lógico que a passagem do tempo é algo inexorável, por muito que tentemos fugir não dá para escapar, contudo, é algo que continua a preocupar e atormentar o ser humano. Diria, neste caso, Ricardo Reis, consciente da inexorabilidade da passagem do tempo, “O tempo passa (…) Envelhecemos”. Tudo isto é verdade de tal modo que o ser humano, assim como todos os seres vivos, nasce, cresce e morre e, por isso, assim como a vida, o tempo é algo cíclico. Todos os dias amanhece e todos os dias anoitece.

Deste modo, a passagem do tempo é inevitável, porém pertence-nos a nós, seres humanos a capacidade de encarar o tempo e a sua passagem como algo tão leve e natural como a vida e acima de tudo, pertence-nos a capacidade de não nos deixarmos asfixiar pela fugacidade e transitoriedade do tempo.



Marisa Brito, 12º C

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