terça-feira, 3 de março de 2015

Da Imagem - O dinheiro e a sociedade - por Raquel Alves



 
Nesta pintura de Paweł Kuczyński, caricaturista e pintor polaco, detentor de vários prémios nesta área, podemos ver ser associado o dinheiro à religião de uma forma bastante caricata. É uma imagem muito simples: o artista deu cores que se evidenciam mais aos objetos principais e cores não tão fortes ao chão e parede, colocando a mensagem que quer transmitir mais visível e, no centro, para chamar mais a atenção.

Observamos uma caixa de multibanco que tem direcionado para si um púlpito de oração com uma bíblia sobre ele, levando-nos, assim, a acreditar que as orações ali realizadas têm por base o dinheiro. Ou seja, o "deus", o centro de religiosidade, nesta imagem, é o dinheiro. 

Aqui, o caricaturista está claramente a criticar a importância que a sociedade dá, cada vez mais, aos bens monetários.  




Texto Argumentativo

O dinheiro e a sociedade

À medida que o tempo passa, as pessoas olham cada vez menos para o lado e cada vez mais para as suas carteiras. Mas a verdade é que também são, na sua maioria, obrigadas a isso pelo meio socioeconómico em que vivemos.  O dinheiro é cada vez mais valorizado uma vez que está a escassear na sociedade presente e todos sabemos que quanto maior a procura, maior o valor. O ridículo de tudo isto é ver até que ponto é que as pessoas se deixam dominar por esta procura.
É natural vermos as pessoas preocupadas com dinheiro se as contas ao fim do mês continuam a chegar, se o preço da comida continua a ser um absurdo, se os seus filhos querem ou precisam de algo e o dinheiro não chega para tudo, mas qual é o limite desta naturalidade? É triste ver um país chegar ao ponto em que o noticiário é feito de assaltos, suicídios e homicídios, tudo por causa de dinheiro.
E como se isto não bastasse, como se várias mortes ao longo do dia não fosse já suficiente, ainda somos obrigados a lidar constantemente com as desigualdades monetárias que existem à nossa volta. Ver uns a contar trocos enquanto outros esbanjam fortunas, uns com tantas oportunidades e outros com tão poucas. Não é algo fácil de ser encarado, mas é a realidade em que somos obrigados a viver e é esta realidade que leva as pessoas ao desespero.
Esta falta de dinheiro e estas diferenças sociais já são vividas desde o início dos tempos, no geral, todos pensam que evoluímos para algo melhor, mas será que sim? Será que a vida das famílias que não têm posses, que quase não têm dinheiro para comida, é em alguma coisa diferente da escravatura dos dias de antes? Ambos trabalham e pouco ou nada recebem em troca, ambos se encontram confinados a um espaço restrito que, por mais que queiram, não podem abandonar por falta de meios, ambos com uma vida que nunca quiseram ter.
Por tudo isto, quando ouvirmos dizer que estamos muito melhor, que os tempos de agora nada têm a ver com os tempos de antigamente, se tirarmos um momento e olharmos à nossa volta, vamos reparar que já vimos as pessoas mais certas disso. A fé pode até mover montanhas, mas o dinheiro move o mundo.


Raquel Alves, 12ºD
 


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