Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor por acaso tem beleza?
Tem beleza por acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro, heterónimo de Fernando Pessoa o frustrado…
Devo dizer que Fernando Pessoa não é um poeta com que eu me identifique muito, contudo, aprecio bastante o estilo de Alberto Caeiro. Para quê complicar? Pensar? Só se estiver doente! Eu apoio Caeiro, “a sensação é tudo”, viva a Natureza…
Uma flor é uma flor, um fruto é um fruto! Mistério? Nenhum. Ah grande Mestre!
Eu acredito que todos devíamos ver o mundo desta maneira, simples e belo, tal como Alberto Caeiro o vê (ou tenta ver). Portanto vamos todos apenas ver, não pensem, não vale a pena, sejam felizes!
Por isso escolhi este poema, não por ser “bonito” ou pela sua musicalidade (inexistente) mas porque me identifico bastante com este pensamento de Caeiro, é simples, objectivo, e embora seja difícil libertarmo-nos dos estímulos e aprendizagens com que somos bombardeados logo à nascença e que nos acompanha no nosso desenvolvimento, e até para Caeiro é difícil como o próprio afirma no poema, vamos tentar não racionalizar e apenas…viver!
André Matos 12ºA nº3
[texto por editar pela professora]
Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta
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1 comentário:
Muito bem Nézinho...estás de parabéns!!!Como vês tive o atrevimento de vir comentar o teu, claro.... :)Devo dizer que concordo com a tua maneira de "ver" o Mundo (semelhante à de Alberto Caeiro). Não fosse eu a tua alma gémea!<3
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