A morte chega cedo, Pois breve é toda vida O instante é o arremedo De uma coisa perdida. O amor foi começado, O ideal não acabou, E quem tenha alcançado Não sabe o que alcançou. E tudo isto a morte Risca por não estar certo No caderno da sorte Que Deus deixou aberto. Fernando Pessoa Felizmente não posso dizer que, para mim, a morte chegou cedo, porque ainda não morri. Não sei se estarei por cá muito mais tempo, espero estar, pelo menos, para atingir os meus objectivos de vida, mas será que toda agente, quando morrer, se pudesse falar poderia dizer que atingiu os objectivos da sua vida? Penso que não, até porque, como ninguém sabe quando vai morrer, ninguém está preparado para atingir essas metas uma vez não atingidas durante a vida. Este poema toca-me especialmente por falar de toda a vida em “meia dúzia” de versos. Ouço constantemente pessoas a dizerem-me para eu aproveitar bem a vida já que ainda sou novo, pois se tivessem a minha idade e soubessem o que sabem hoje, mudariam o rumo das suas vidas. Porque é que dizem isto? Se lhes fosse cedida a oportunidade de fazerem isso, passando alguns anos, não diriam o mesmo? Penso que sim. Acabamos a vida sem nunca concretizar todos os nossos sonhos, até porque, se calhar, seria impossível de concretizar todos os sonhos, ou porque são muitos, ou porque a vida é realmente curta, e a morte chega cedo. Para Pessoa, a morte chegou realmente cedo, mais cedo dois anos do que ele esperava, mas não teria ele planeado coisas importantes para esses últimos dois anos, que marcariam o rumo da sua história de vida? Já dizia António Variações: “Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje.”. Quando temos a oportunidade de fazer uma coisa que queremos, temos que aproveitar esse preciso momento para, se tivermos oportunidade, fazer essa coisa, pois não sabemos quando a morte vai chegar e, como diz Pessoa, “A morte chega cedo”. Não podemos arriscar a deixar objectivos da nossa vida por atingir, pois ao que se sabe vida é só uma e tem que ser bem aproveitada, para não dizermos que a morte chegou cedo. Tiago Luso Coelho, 12ºC
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