segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Um renque de árvores lá longe...



Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renque e o plural árvores não são coisas, são nomes.

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!

Alberto Caeiro

No momento em que me deparei com a dificuldade de escolher um poema para a realização de esta actividade, decidi logo que o poema seria de Caeiro, mas escolher o poema é que foi um problema. A minha escolha caiu sobre este poema porque admiro a naturalidade com que Caeiro deambula pela sua vida fora e porque gosto também da maneira objectiva com que Caeiro utiliza as palavras.
É incrível a simplicidade com que Caeiro enfrenta todos os dias, a cada momento a Natureza. Porque haveremos nós de atribuir nomes às coisas se elas são só coisas? Se vemos uma árvore não temos que estar a pensar nela, não temos que dizer se ela é bonita ou feia, temos só que a ver.
Segundo Caeiro aqueles que pensam, que são organizados e que atribuem nomes às coisas são tristes, por isso as pessoas devem somente ver a Natureza como ela é.
Apesar de gostar dos poemas de Caeiro, quando os leio sinto-me triste, por ser incapaz de vaguear pela natureza tal como Caeiro vagueia. Gostava de viver cada momento como se não houvesse passado nem futuro, e por não o conseguir sinto-me triste ao ler os poemas de Caeiro.

Henrique Ferreira 12ºC
[texto por editar pela professora]

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