Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Já não me importo
Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.
Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei
Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,
Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,
Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.
E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.
Fernando Pessoa
E aqui…
Eu vi, vi por palavras que a angústia me corrói neste desesperançar de viver-morrer, num amontoado de pensamentos sem o mínimo vislumbre, sem uma fugaz escapatória quase possível… E o aprisionamento a este corpo atrofia-me a nesga quase possível da aragem para o lado de lá…
Enquanto jovem que sou, procuro o meu ser-ter-estar, um propósito sem propósito, um rumo, zumbido de zéfiro, ou o decifrar a nuvem que tudo obnubila.
As palavras mostram-escondem que a minha deriva é contínua… na busca de o não sei o quê… Como posso anular o meu ser antes mesmo de o conhecer, até mesmo, desejar a morte? Não sou suicida, apenas quero um bilhete de ida, de “barco” para o “porto” e não voltar…
Vejo muros pintados pela espessa tinta das sombras: elas rodeiam-me, e eu, sem saber porquê, continuo à deriva, em fuga. Então, por que existo? Há sentido? Há razão? A minha loucura não é suficiente para entender isto e aquilo e aqueloutro?
Para onde quer que vá não haverá o que procuro e morrerei como cheguei ao mundo - sem sentido.
Olharei, sem nada ver; apalparei sem nada sentir; beberei sem parar; respirarei o ar viciado de uma luz tão ténue que nem a vejo; abrirei os ouvidos sem nada escutar e todo o meu corpo está alquebrado pela fúria da palavra.
Eduardo Silva, 12º A
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