Uns, com os olhos postos no passado,
Vêem o que não vêem, fitos
Os mesmos olhos no futuro, vêem
O que não pode ver-se.
Porque tão longe ir pôr o que está perto –
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este é o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
Ricardo Reis
Escolhi este poema não por me identificar com ele, mas precisamente pelo oposto. Por perder demasiado tempo com coisas inúteis, por deixar para amanhã o que podia fazer hoje (por isso estou a escrever isto hoje, porque fui deixando sempre para “amanhã”, até que chegou o último “amanhã”, que é hoje… pelo menos o último que está dentro do prazo). Faço-o recorrentemente, até que chego a um ponto em que deixei tantas coisas para “amanhã” (que é hoje), que não tenho tempo para as fazer ou aprecia-las como essas coisas mereciam. No final, tudo se resume a isto: Tempo. O Tempo passa, e nós passamos com ele. Até que chegamos a um ponto em que deixamos de passar, e paramos no Tempo. E acabou. Finito! Kaput! E olhamos para trás (ou não, depende d’aquilo em que cada um acreditar) e vemos aquilo que fizemos, ou o que não fizemos, e já não há nada a fazer.
Não vivamos com os olhos no passado, porque, por ser passado, já passou. Não vivamos com os olhos no futuro, porque, por ser futuro, ainda não foi, e não sabemos como será. Não sabemos sequer se existiremos nele. Memento Mori – lembra-te que morrerás! Eu sou. Agora!
Não vivamos com os olhos no passado, porque, por ser passado, já passou. Não vivamos com os olhos no futuro, porque, por ser futuro, ainda não foi, e não sabemos como será. Não sabemos sequer se existiremos nele. Memento Mori – lembra-te que morrerás! Eu sou. Agora!
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