Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
A Não-Filosofia de Caeiro
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é.
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem por que ama, nem o que é amar...”
Alberto Caeiro
Escolhi este poema, em primeiro lugar porque a sonoridade me chamou atenção. Em segundo lugar porque exprime mesmo a personalidade de Caeiro. Mostra, mais uma vez, que para ele nada é o que é pelo que se pensa e sim pelo que se sente ao Ver.
E ele ama a Natureza porque gosta de a Ver, não porque sabe o que ela é ou o que ela pode fazer ou não. Em terceiro lugar, porque ele diz que não tem filosofia, mas nos últimos versos faz uma grande filosofia do que é amar.
Falas de civilização...
Falas de civilização, e de não dever ser,
Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as coisas humanas postas desta maneira,
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seriam melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as coisas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!
Alberto Caeiro
Escolhi este poema, porque o que o Caeiro diz (à pessoa para quem fala) é o que, por vezes, me dá vontade de dizer a pessoas que viveram ainda tão pouco, mas que estão sempre, de alguma maneira, a tentar corrigir os erros dos outros e a desvalorizar as atitudes dos mesmos, por terem opiniões que não se identificam com as delas…
Acho que este poema é uma grande filosofia para “calar” os mal dizeres das pessoas que pensam que são as correctas e que, na realidade, são tão ou menos que o resto das outras pessoas.
“Se as coisas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.”. Acho que não haveria melhor forma de resumir tudo do que este verso. As coisas são o que são e ponto final. E as pessoas que estão sempre a pensar o que os outros fazem de “errado” só estão a perder tempo a fazê-lo, ao invés de olhar e Ver a vida delas…
Tânia Lopes, 12ºF
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