Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo. . .
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena ...
Fernando Pessoa
Este poema, escolhi-o por mostrar um desejo de anti-solidão. Neste aspecto identifico-me bastante com o seu autor.
Muitas vezes, utilizamos o famoso dito “Mais vale sozinho, do que mal acompanhado”, mas isso, quando a companhia que se rejeita, é para algo temporário. Agora, quando é uma decisão definitiva, é a pior escolha a tomar, pois a solidão é como uma sentença de morte: muda, enlouquece!
A solidão tira a felicidade, a solidão tira a simpatia, a solidão tira consciência. Ela tira a vontade de viver. Ela mata gradualmente. Sozinho não se vive para ninguém. Sozinho num mundo cheio de gente, e morre-se sozinho, sem ninguém para chorar por aquela solitária alma.
Se fossemos “o pó da estrada”, os pés daquelas pessoas dariam por nós, os rios davam por nós, e mesmo as lavadeiras. Se fossemos “o burro do moleiro”, o moleiro que bate e estima, caso morrêssemos, o moleiro poderia não chorar, mas sentiria a falta.
E, olhar para trás, e ver que toda a vida se caminhou sozinho, o melhor é encontrar uma “estrada” que precise de “pó”.
Patrícia Duarte 12ºB
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