Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
"O amor quando se revela "
O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
De toda a poesia pessoana que li, este foi o poema de que mais gostei, embora não seja dos mais conhecidos do autor .
O poema "O amor quando se revela", redigido numa linguagem simples e acessível a todos, traduz em cinco estrofes a complexidade do amor criada pelo ser humano. Este poema confessa algo que a maioria das pessoas não tem coragem de admitir, muitas vezes por medo ou até mesmo por cobardia.
A palavra amor não é mera linguagem, mas também sentimento, algo inexplicável, questionável, como diz Caeiro "Quem ama não sabe porque ama, nem o que é amar". O amor deve ser vivido e não complicado .
Anabela Miranda
12ºC
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário