Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Cada dia sem gozo não foi teu
Cada dia sem gozo não foi teu
(Dia em que não gozaste não foi teu):
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes não vives.
Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco se te é grato
Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!
Ricardo Reis
O poema que escolhi para este trabalho é de Ricardo Rei, um dos muitos heterónimos de Fernando Pessoa. Nos poemas de Ricardo Reis encontramos marcas epicuristas.
O epicurismo, com a sua máxima, “carpe diem”, considera o prazer como o mais alto dos bens e defende que se deve viver o dia a dia com felicidade. O prazer é, para os epicuristas, o sumo bem do homem e todos os nossos esforços devem tender a obtê-lo. Todavia, não é o prazer grosseiro que importa, mas aquele que provém da cultura do espírito e da prática da virtude. O prazer verdadeiro consiste na ausência de dor. Em suma, o epicurismo pretende responder à questão fundamental da dor e da morte, oferecendo, como resposta, o repouso e a ataraxia (ausência de perturbação), gozando em profundidade, o momento presente. Encontra-se, assim, a definição de carpe diem. Esta expressão significa “aproveita o dia” e provém das palavras que Horácio proferiu a Leucónia, “Carpe Diem quam minimum credula postero” (Goza o dia e conta o menos que possas com o dia de amanhã).
Eu escolhi este poema, visto que a sua mensagem captou a minha atenção. Se, na nossa vida, não se gozassem as coisas boas ou as coisas más nunca seríamos felizes, isto é, não conseguiríamos atingir a felicidade, pois, realmente, não vivíamos, não seríamos capazes de aproveitar cada momento. O poema transmite isso mesmo, que se soubermos aproveitar cada momento, por mais pequeno que seja, já conseguimos ser felizes, é essencial sabermos dar importância a tudo o que nos rodeia “Basta o reflexo do sol ido na água/ De um charco se te é grato”.
Eu sei que não se pode viver cada dia como se fosse o último, pois isso também não nos faria muito felizes, uma vez que viver a pensar que, no dia seguinte, se pode morrer é algo muito mau e não permite que se viva. Devemos viver segundo a máxima “Não deixes para amanhã, aquilo que podes fazer hoje”. Se há algo que queremos dizer ou fazer, devemos fazê-lo, porque a sensação de chegar ao dia seguinte e perceber que, por alguma motivo não controlável por nós, já não se pode fazer aquilo que deveríamos ter feito irá estar, sempre, no nosso interior e dificilmente será esquecida a marca do adiamento para sempre.
O poema transmite que as pequenas coisas, os pequenos momentos, os pequenos gestos são realmente importantes e serão esses que, no fim do dia, nos farão ver como vale a pena viver e, no dia seguinte, continuar, daí não podermos viver com medo da morte, antes ter a certeza que ela existe e que é uma realidade. Devemos chegar ao fim do dia e concluir que fizemos tudo o que tínhamos para fazer e que dissemos aquilo que era importante às pessoas que mais gostamos. Neste sentido não concordo, totalmente, com a frase de Horácio, porque é bom podermos contar com o dia seguinte, é bom poder planear o futuro, mesmo que depois se alterem os planos.
Cada um de nós deve saber distinguir aquilo que é realmente importante, daquilo que pode adiar e do qual não terá qualquer arrependimento, por não ter feito, quando surgiu a ideia. Nunca nos devemos esquecer que são os pequenos momentos dos nossos dias que deixaram marcas importantes em nós e que são esses os que mais devemos aproveitar e guardar, porque esses momentos, em conjunto, formam aquilo a que chamamos Vida.
Vive, não deixes nada para trás.
Colhe as flores e rega o jardim com tudo o que possas fazer para seguir em frente feliz. Não queiras a vitória sem a merecer, antes ama o poder ser. Não vivas a angústia do impossível, esse está longe e faz sofrer.
Vence a morte porque viveste.
Melânia Carvalho, 12º B
[texto por editar pela professora]
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3 comentários:
Gosto muito do lema final! É uma frase intensa!
Reflexão muito positiva, espero que a tenhas empre presente na vida.
gostei muito deste trabalho ajudou-me bués na interpetação de poemas de ricardo reis! bom blog beijinhos sé feliz adoro a tua frase final xD
ass menina simpatica:P
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