domingo, 14 de outubro de 2007

Quanto mais velho melhor…



Por mais que os constantes progressos da tecnologia permitam a produção em massa de um variadíssimo leque de filmes de elevada qualidade artística, existem coisas que nem o tempo, nem qualquer invenção tecnológica conseguem apagar, muito menos superar.
Assim é o clássico La Amistad, que em 1997, Steven Spielberg se encarregou de trazer ao grande ecrã. De sua realização, marca a estreia do realizador na DreamWorks. Diga-se de passagem, que Spielberg não poderia ter feito melhor escolha, já que da luxuosa combinação de Morgan Freeman, Anthony Hopkins, Matthew McConaughey, Djimou Hounson, Pete Postlethwaite, Anna Paquin, Chiwetel, Ejiofor, entre muitos outros, resulta uma grandiosa produção, que conseguiu a indicação para quatro óscares da Academia como melhor actor coadjuvante (Hopkins), melhor música, melhor figurino e melhor fotografia.
Baseado numa história verídica de 1839, este filme retrata a saga de uma embarcação negreira vinda de Cuba que, durante a viagem, organiza um motim, sob a liderança do negro Cinqué (Hounson), deixando apenas dois dos traficantes vivos. Na esperança que os espanhóis os conduzissem de volta à sua terra, em África, entregam-lhes o controlo do barco, acabam por ser capturados pela guarda costeira norte-americana. Em terra, presos e sujeitos a julgamento, vêem-se no meio de um jogo de interesses financeiros e políticos, salientando-se a luta entre abolicionistas e conservadores. Acabam por ser apoiados por Theodore (Freeman) e Tappan, dois abolicionistas que, juntamente com Roger Baldwin (McConaughey), um ambicioso advogado, fazem tudo para devolver a liberdade aos escravos, desde quebrar os entraves da comunicação, pois os negros falam Mende, até mesmo recorrer à ajuda de um velho ex-presidente dos EUA, John Q. Adams (Hopkins), quem acaba por ter um papel decisivo no desfecho da trama.
La Amistad é uma brilhante produção, que inteligentemente conjuga vários aspectos de grande relevo que giram em torno da escravatura. É, sem dúvida, de salientar a maneira cordial como a realidade interesseira do sistema legislativo é denunciada, contrapondo-a com a desesperada defesa de valores morais supremos, urgentes para a sobrevivência e convivência. O poder é desafiado pela luta pela igualdade dos homens e consequente atribuição a todos daquela que é a verdadeira condição humana: a liberdade.
Destaca-se, assim, Anthony Hopkins, num desempenho brilhante e comovente, em que representa a sabedoria, a dignidade, a honestidade, a honra que não apenas um patriota, mas acima de tudo um homem devem ter. Para além deste, todo o restante elenco consegue interpretações tecnicamente, ao ponto de conquistar totalmente a plateia.
Em suma, Hopkins, tal como La Amistad, pertencem à fabulosa velha guarda do cinema que permite afirmar que quanto mais velho melhor!
Catarina 11ºC

2 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Que posso eu dizer, Catarina?... Magnífico! :D
By the book! Título sugestivo, introdução num estilo narrativo, componente informativa equilibrada, componente crítica elegante e objectiva. Nada a apontar! Parabéns! :D

Anónimo disse...

Ainda bem que gostou! :D
o que continua a não escapar são os meus dilemas informáticos... A formatação desapareceu :S Acho que sou um caso perdido no que toca a computadores...

Catarina 11ºC