terça-feira, 26 de junho de 2007

A Guerra



A guerra que aflige com os seus esquadrões o Mundo,
É o tipo perfeito do erro da filosofia.

A guerra, como todo humano, quer alterar.
Mas a guerra, mais do que tudo, quer alterar e alterar muito
E alterar depressa.

Mas a guerra inflige a morte.
E a morte é o desprezo do Universo por nós.
Tendo por consequência a morte, a guerra prova que é falsa.
Sendo falsa, prova que é falso todo o querer alterar.

Deixemos o universo exterior e os outros homens onde a Natureza
os pôs.

Tudo é orgulho e inconsciência.
Tudo é querer mexer-se, fazer cousas, deixar rasto.
Para o coração e o comandante dos esquadrões
Regressa aos bocados o universo exterior.

A química directa da Natureza
Não deixa lugar vago para o pensamento.

A humanidade é uma revolta de escravos.
A humanidade é um governo usurpado pelo povo.
Existe porque usurpou, mas erra porque usurpar é não ter direito.

Deixai existir o mundo exterior e a humanidade natural!
Paz a todas as cousas pré-humanas, mesmo no homem!
Paz à essência inteiramente exterior do Universo!

de "Alberto Caeiro"

Eu selecionei este poema porque acho que Fernando Pessoa é um excelente escritor, e selecionei um poema de Alberto Caeiro, pois este é o meu heteronimo(autor que assina com um nome ficcionario) favorito.

Tiago Barbosa Nº25 Tª10B


1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Gostas de Pessoa? de Caeiro? Que bom!!!
Quanto ao comentário... bem, não comentaste nada do poema, apenas referiste gostar do auto! ;)