segunda-feira, 25 de junho de 2007

Mar Português


Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!



Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa

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Decidir qual o poema a publicar foi, para mim, uma tarefa complicada, pois na busca de poemas para estudar para o último teste de português deparei-me com grandes poemas, de grandes autores, que de algum modo ficaram presentes na minha mente.

Contudo, o poema que publiquei não foi descoberto durante tal procura, este foi dado no ano passado, quando iniciamos o estudo d' "Os Lusíadas". Escolhi-o pela sua incomparável simplicidade e beleza e também pela sua sucessão de grandes frases: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!", "Tudo vale a pena se a alma não é pequena", "Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor" e "Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu", que ficaram ao longo de anos marcadas em todos os portugueses.

Outro aspecto pelo qual fiquei maravilhado com este poema foi a referência ao mar, simultaneamente, espelho e abismo, onde a alma se perde no sonho e depois do sonho se reflecte num projecto de futuro esplendoroso espiritual e desligado da terra.

Outro dos temas que podemos destacar deste poema é o sofrimento e a dor contida por aqueles que vêem sua família partir sem regresso destinado e que, durante anos, não receberam qualquer notícia dos tão amados familiares que partiram. Pessoa vê assim, em quem empreende a viagem sem destino, o apocalipse e a perda de si mesmo, pois quem partiu foram apenas seres, seres que deixaram sua alma e seu ser em terra com todos aqueles que os amavam.

O poeta quer, então, a meu ver dizer que não interessa a ambição, mas sim o sonho, não interessa o destino, mas sim a viagem, não importa nada que se acabe na sua própria realização, porque nada que se consuma inteiramente pode ser eterna.



Luís Loureiro, 10ºB

3 comentários:

Fátima Inácio Gomes disse...

Outra belíssima escolha, com uma boa análise, mais em pormenor!
Para mim, de todos os versos ( e são, de facto, muitos) que são uma referência incontornável, o meu preferido é "Deus ao mar o o perigo e o abismo deu/mas nele é que espelhou o céu"!!! Esses são os versos que em há sempre duas formas de encarar a vida e que tanto devemos integrar o positivo como o negativo. Aliás, um não vive sem o outro... "Só da Sombra se vislumbra a Luz"!

Anónimo disse...

De todas aquelas que coloquei na analise não consigo optar por nenhuma, para mim sao todas fascinantes.

Luis Loureiro

Anónimo disse...

Quanto á turma é a B!!!
Sem stress :)


Luis Loureiro