quarta-feira, 27 de junho de 2007

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!


Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!


"Tudo no mundo é frágil, tudo passa..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!


E, olhos postos em ti, vivo de rastos:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

Florbela Espanca


A escolha este poema deve-se, essencialmente, à minha “paixão” pela autora.
Como sou adepta do estilo romântico, sinto-me identificada com o poema. Creio que é uma das mais belas declarações de amor: pelas palavras, pela sonoridade, pela estrutura (o soneto- próprio do estilo Romântico), pelo conteúdo…
Indirectamente, através do poema, considero que o amor não é eterno, mas que cada vez que amamos este nos parece eterno. Algo que se identifica com a citação se Oscar Wilde: “ Toda vez que a gente ama é a única vez que a gente amou”.
O poema faz com que pense que, quando amamos, temos de descobrir o outro, pois todos nós temos um “misterioso livro” a desvendar.
Fica mais uma vez aprovado que, quando amamos, ficamos enlouquecidos.


Inês Fernandes 10ºG

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Já conhecia essa tua paixão :D por ela e por Manuel Alegre!
Um pormenor... em termos literários, falar do "estilo romântico" ou do "romantismo" de uma obra, nada tem a ver com as características que apontas. Se bem que considero que Florbela Espanca seja herdeira de muitos dos valores românticos, do século XVIII - o egocentrismo, o tom magoado, o sentimento de ser condenado ao sofrimento. ;)