quinta-feira, 21 de junho de 2007

"Viver Sempre Também Cansa"


Viver sempre também cansa.
O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul,nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olho
se ninguém vai pintar olhos à lua.


Tudo é igual, mecânico e exacto.


Ainda por cima os homens são os homens
.Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando
,e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sob uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
«Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar

por uma bagatela.»


E virias depois, suavemente,

velar por mim, subtil e cuidadosa,

pé ante pé, não fosses acordar

a Morte ainda menina no meu colo...






José Gomes Ferreira




_______________________________




Bem, sei que não foi muito correcto da minha parte escolher um poema estudado na aula para postar, mas este foi um dos poucos poemas que se identificou mais comigo!
Achei fantástica a maneira como o sujeito poético falou da vida, dizendo até que nela
“Tudo é igual, mecânico e exacto”!
E a vida, realmente, é assim mesmo, algo de mecânico, é sempre tudo igual…
No fundo, tudo na vida não acontece porque nós queremos, mas sim, porque é assim que elas têm que acontecer!
Nascemos sem pedir, e ao longo da vida também nos deparamos com variadas situações que não pedimos. E desde o nosso nascimento já nos está destinada a morte!

Realmente, era bom poder morrer por uns dias!
Para “descansar” deste mundo ao qual pertencemos e que comanda a nossa vida, e depois nascer novamente, renascer “limpos” por dentro, ”frescos”, sem estas preocupações que atormentam nossas vidas!
Estou de acordo com esta ideia de que viver, também cansa…



Paulinha 10º G Nº 17

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Sabes o quanto eu gosto deste poema e do seu criador!!!
É um hino à vida!