terça-feira, 19 de junho de 2007

Amor é...




Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões



Eu escolhi este poema de Luis Vaz de Camões, pelo facto de descrever o amor na perfeição.
O amor implica a passagem por distintos estados de espírito: no amor tanto vivemos num mundo cor-de-rosa, como tudo nos parece negro, por vezes magoa-nos, noutras, somos as pessoas mais felizes do mundo, e ainda podemos perder a pessoa que amamos.
O amor é uma inconstante nas nossas vidas.
Sobre o autor:
Camões teria nascido em Lisboa ou Alenquer por volta de 1524 ou 1525, de uma família de origem galega que se fixou primeiro no Norte (Chaves) e depois irradiou para Coimbra e Lisboa. Foi seu pai SimãoVaz de Camões e mãe Ana de Sá e Macedo. Por via paterna, Camões seria trineto do trovador galego Vasco Pires de Camões, e por via materna, aparentado com o navegador Vasco da Gama.
Entre 1542 e 1545, viveu em Lisboa, trocando os estudos pelo ambiente da corte de D. João III, conquistando fama de poeta, e feitio altivo. Viveu algum tempo em Coimbra, onde teria frequentado o curso deHumanidades, talvez no Mosteiro de Santa Cruz, onde tinha um tio padre D. Bento de Camões. Não há registos da passagem do poeta por Coimbra. Em todo o caso, a cultura refinada dos seus escritos torna a única universidade de Portugal do tempo como o lugar mais provável de seus estudos. Ligado à casa do Conde de Linhares, D. Francisco de Noronha, e talvez preceptor do filho D. António, segue para Ceuta em 1549 e por lá fica até 1551. Era uma aventura comum na carreira militar dos jovens, recordada na elegia Aquela que de amor descomedido.
Num cerco,teve um dos olhos vazados por uma seta pela fúria rara de Marte. Ainda assim, manteve as suas potencialidades de combate. De regresso a Lisboa, não tarda em retomar a vida boémia. São-lhe atribuídos vários amores, não só por damas da corte mas até pela própria irmã do Rei D. Manuel I. Teria caído em desgraça, a ponto de ser desterrado para Constância. Não há, porém, o menor fundamento documental. No dia do Corpo de Deus de 1552 entra numa rixa e fere um certo Gonçalo Borges. Preso, é libertado por carta régia de perdão de 7 de Março de 1553, embarcando para a Índia, na armada de Fernão Álvares Cabral, a 24 desse mesmo mês.


Melânia, 10º B

1 comentário:

Anónimo disse...

Sempre achei piada a este poema por dizer os dois contrarios no mesmo verso "amor é fogo que arde sem se ver" .Mas não deixa de ter um grande impacto nos dias de hoje mesmo que já tenham passados muitos anos. É na minha opinião um poema que vai ficar para a história da poesia eheh