segunda-feira, 4 de maio de 2009

Dois irmãos



Querido diário,


Hoje, e depois de ter assistido a vários programas e palestras acerca da pobreza decidi ir em busca de algo que pudesse fazer pelas pessoas que vivem neste mundo, no verdadeiro sentido da palavra “viver”! Sim porque nós, nós pessoas ocidentalizadas e desenvolvidas não vivemos, como afirma Oscar Wilde, “Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe”.
Ao longo desta busca deparei-me com vários panfletos “coloridos” com imagens alusivas ao tema. Mas a imagem que, de facto, mais me enterneceu foi esta de dois irmãos no Camboja.
Sendo que a pobreza é um assunto delicado e tudo o que lhe é associado é normalmente acompanhado, ou por expressões de repulsa, ou de pena, eu apenas me limitei a ficar enternecida com a imagem.
Logo que vi esta imagem pensei na relação que mantinha com os meus irmãos. Não que esta seja má ou difícil, mas ao ver a segurança que este (a) irmão (ã) mais velho (a) dá à sua pequenina irmã, interroguei-me se de facto damos o verdadeiro valor às pessoas de quem mais gostamos, ou se vivesse em condições tão miseráveis, seria capaz de dar o devido apoio aos meus irmãos.
Se apenas existimos, apenas vemos e passamos pela vida e pelas pessoas que dela fazem parte. Se apenas existimos, apenas andamos cegos pelos caminhos que nos mostram o verdadeiro sentido da palavra “amar”. Amar o que é nosso, o que nos é dado, o que nos é essencial!
Esta imagem mostra-me que podemos viver num mundo desenvolvido, ter todas as condições necessárias, mas falta-nos aquilo que para mim é imprescindível, o desprendimento do material, do fútil, e a atenção que devemos dar, não só aos mais próximos, mas também aos que nos rodeiam.
Só com o desprendimento das futilidades é que podemos viver em harmonia com os outros e até connosco próprios. Senão veja-se o caso do homem mais rico do mundo que tem mais dinheiro no seu próprio bolso que em 40 dos países mais pobres do mundo.
Por vezes, vejo-me inserida numa sociedade demasiado superficial para pensar nestas questões, porém, e felizmente, existem pessoas que desenvolvem acções que nos tornam mais sensíveis a este assunto, que por muito que tentemos afastar da nossa vidinha de europeus desenvolvidos acaba sempre por nos chamar à atenção.
Imbuída pelo amor e espírito de solidariedade que esta imagem me transmitiu decidi fazer alguma coisa para ajudar a minha comunidade (já que por outros motivos não o posso fazer noutros países). Decidi ajudar numa recolha de alimentos. Além disto pretendo também continuar a procurar formas de voluntariado.
Porque posso apenas existir neste mundo, mas como ser que existe, e que pretende fazer parte da raridade à qual Oscar Wilde se refere, sei que posso e quero deixar de existir para coexistir!



Da tua, Sara
Sara Carreira 12ºF

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito dete pequeno mas grande texto!
mostra uma grande maturidade e sensibilidade por parte da SARA CARREIRA!
e foca em especial um grande ponto da sociadade do dia a dia...a pobreza em geral.
mostrando como se deve pensar, agir e sobretudo como se deve ver este lado menos positivo da vida...
valorizando mais a nossa situaçao e nao tendo somente pena, mas sim agindo atravez de ajudas e contributos para que possamos melhorar em tudo esta palavra "pobreza",
penso que fizeste um grande trabalho Sara...continua assim ;)


p.s-tem de dar boa nota a professora!

Fátima Inácio Gomes disse...

Ena!com direito a claque e tudo! :D

Mais do que um belo texto, está uma bela visão do mundo, de grande sensibilidade. A imagem que nos trouxeste é, de facto tocante, mas é preciso saber "olhar" para ver o que realmente representa. Tu soubeste olhar e, melhor, soubeste agir!

Bravo, Sara!