sexta-feira, 22 de maio de 2009

Sempre verei!


Ver, sei que vejo! Vejo o que quero e o que não quero! Vejo o que conheço e o que vou conhecer. Sempre verei!
Tenho-te como sempre tive mãos, pernas ou boca, ouvir nunca te ouvi, sentir nunca te senti, apenas me fizeste sentir. Surge-me a dor, a dor que de ti vai directamente encobrir a minha alma como uma nébula densa e negra que rege o meu pensamento. Fazes-me pensar se sim, se não, se talvez. Desfocas-te com a água que derramas e salgas o gosto quando assim o fazes. Desfocada, fazes-me pensar se valerá a pena me atormentar com o que, por mais que queira, já foi sentido.
Como cresci contigo! Aprendi o que a vida é, ou o que da vida me quiseste mostrar até hoje. Ainda há pouco via baloiçar, correr, via de quem fugia na “caçadinha”, quem procurava nas “escondidinhas”. E agora? Agora, além daqueles que, como tu, alimentam a minha vontade de viver, que me fazem ver e crescer, que me apontam os defeitos e valorizam os valores, vejo a tristeza, o egoísmo, a morte, a fome e a guerra.
Um turbilhão de sentimentos, de emoções, de reacções que, culminadas, fazem com que, a cada dia, experiências novas carregue a meus ombros.
Curioso estou de chegar ao tempo em que já tudo me deste a viver, que será impossível de contar todos os sorrisos, afectos, todas as lágrimas e, até mesmo, as mortes que graças a ti vivenciei. Mas... mas, e quando chegar o tempo em que só me faltará ver o que por ti não poderei ver? Por vermes e insectos serás devorado e decomposto, como qualquer folha que no Outono cai, por já não ter significado para o ser a quem pertenceu. Se não vais ser tu a desvendar esse novo caminho, o que será? Sem ti como poderei eu sentir o que me faltará sentir? Não irei sentir? Tudo o que vivi e tudo que me deste a viver simplesmente evaporará? Oh, como por pensar na tua ausência, mais distante fico de mim mesmo. Acho ridículo seres o primeiro a ser corroído sabendo que és mais importante para a minha existência do que qualquer osso ou cabelo que permanece intacto por milhares de anos. Sei que, mesmo não existindo, permanecerás eternamente em mim.
Tornaste-te a dádiva que alegra e apodrece meu ser. Se penso depressivamente, foste tu que me sujeitaste há tristeza, se penso alegremente, foste quem me deu a razão de sorrir interiormente. E é por esta dicotomia que orgulhosamente afirmo: SOU ESCRAVO DE TI, OLHAR!


Luis Loureiro
Nº13 Turma B

11 comentários:

Anónimo disse...

Está bom, coerente e ao mesmo tempo sabe bem ler...

Luis Loureiro disse...

Obrigado anónimo :D
é um prazer ouvir isso de ti, saber que foi dito por ti alegrou o meu dia :D

Anónimo disse...

Está um texto muito fixe :D

luisloureiro disse...

Mais um anónimo xD, ou és o mesmo? xD
Muito obrigado.

Anónimo disse...

Tal como me foi sugerido (mais impingido), vou mudar o meu nome de anónimo, para SARA BEATRIZ, do 12ºB, colega e amiga (penso eu) do autor do texto, que se diga de passagem, está muito bem elaborado!

Luis Loureiro disse...

Mentira! Não foi impingido xD apenas sugerido.

"(penso eu)"? era desnecessário! :D

Vitorugo disse...

E inda dizes tu que isto não está uma grande coisa...

Tens de cortar com as bebidas alcoolicas, que te fazem mto mal...

xD ta mesmo bom...

Bá disse...

olá luis ;)

como já te disse adorei o teu texto... está muito bem conseguido...

E dizias tu que não te ia sair nada de jeito... que tolinho x)

Parabéns ;)

Rafa disse...

Estas a ver como sempre fizeste algo de muito bom...

Já estou como o vitó, larga as bebidas... ;)

Parabéns!! xD

Fátima Inácio Gomes disse...

Muito bom texto, Luís. Não desiludiste. Especialmente, porque tens a capacidade de dizer sem denunciar completamente... tem um travo de mistério que o torna sedutor: do que está a falar, realmente?

E lembras-nos que há coisas nas nossas vidas, que damos por adquiridas, e que, só por si, deviam ser já razão suficiente para nos sentirmos privilegiados.

Como diria Caeiro, "fui sempre feliz, porque nunca ceguei".
O Mestre sentir-se-ia orgulhoso de ti. :)

Luis Loureiro disse...

Muito obrigado! :)
O que estou a falar realmente encaixa-se em muitas situações e temáticas. Sei que enquanto fiz o texto, muitos assuntos me vieram a cabeça como modo de terminar o texto e por eu mesmo ter tido muitas interpretações sinto que é mais interessante cada um ter a sua interpretação. :D

Ainda bem que consegui transparecer mesmo a ideia de não valorizamos o que já nos pertence, pensei que pudesse estar menos perceptível.

Quanto a Caeiro e para mim uma honra saber que a professora, tão próxima como é de Pessoa, sabe que ele se sentiria orgulhoso :D