segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Manifesto Anti-Escola



Escola!

Uma das palavras mais poderosas e temidas pela população infantil e jovem de Portugal.
E porquê? Portugal é feito de pessoas complicadas, ora o ensino português, não seria todo ele, e cada vez mais, complicado? Ora, claro que sim!
Dando continuidade ao tema, não me manifesto com a intencionalidade de criticar essencialmente a minha escola. Se o fizesse, perderia algum tempo confesso, começando na secretaria pouco eficiente, no porteiro atrevido, nas paredes a descascar, na arca frigorífica que aquilo se torna no inverno… Ups! Acabei por o fazer.

Manifesto-me sim quanto ao sistema educacional português. Confesso que este tema me assusta bastante, devido ao facto das radicais alterações que se vão fazendo ao longo dos anos nos programas educacionais, como também o aumento da carga horaria entre outros.
Quatro provas de aferição para o segundo ano de escolaridade? Provas de física e química e ciências naturais para alunos do oitavo ano de escolaridade? Educação física a ser contabilizada para a média do secundário? Calculadora gráfica proibida nos exames de física e química? Conteúdos de ensino superior a serem lecionados nas aulas de matemática? O que se pretende com tudo isto? Educar sobredotados?
Querido Ministério da Educação, o vosso objetivo de evolução da inteligência, quiçá raça humana, não vai ser atingido por vós. Lamento, mas ainda existe a ordem natural das coisas, ou a natureza!
Deixando um pouco a ironia de lado, este assunto também me preocupa bastante devido ao ano letivo que passei. O meu lastimável décimo primeiro ano. E refletindo bem, todo o meu secundário. Mudança do programa de português e matemática, proibição da utilização da calculadora gráfica, entre outros… e a destruição de um sonho!
 Sonho esse que de certeza partilho com milhares de outros jovens. Medicina. Objetivo atingido por uns poucos, e quase que inalcançável, por outros. Por variadíssimos motivos, de entre eles, por exemplo devido a todas estas mudanças, há quem não as consegue gerir, o stress, o nervosismo e a ansiedade… gera desistência!
Ah, é verdade, para ser médico também é preciso saber em que ponto imaginário passa a linha imaginária que por sua vez está sobre uma circunferência imaginária, ou também fazer contas e resolver problemas com letras, porque os números já não se usam, é muito básico! E ainda os casos mais frustrantes, em que não se entrou para o curso de medicina por duas ou três décimas.

Isto é a minha geração. Geração aterrorizada com os exames nacionais, geração cujo futuro depende do décimo primeiro e décimo segundo anos.
Agora questiono-me como serão as gerações vindouras. Com provas de aferição desde o segundo ano e que dali para a frente serão obrigados a ser físicos, matemáticos, atletas, poetas, pintores e biólogos ao mesmo tempo.
Como será a exigência dos conteúdos a abordar daqui para a frente? Como é que os alunos vão conseguir gerir o stress e a ansiedade que os testes e os exames provocam?

Em suma, poder-me-ia alongar muito mais quanto ao meu desagrado pela organização e administração, quer do ensino português, quer do próprio País, mas não haveria linhas nem tempo suficiente para o fazer!
Caro Ministério da Educação, nem todos fomos feitos para sermos “sobredotados”, mas todos somos sonhadores, e fomos feitos para cumprir os nossos sonhos. Ou pelo menos tentar.


Alexandra Cunha, 12ºB




1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...


O estilo foge ao modelo do Mestre Almada, mas manifestas-te de igual modo :)
A tua última abordagem é relevante, sim. Que crianças/jovens/adultos se estão a formar. Também me parece que está tudo demasiado preocupado no conhecimento académico, quando há muito mais do que isso.
Quanto ao porquê da Matemática para a Medicina?... porque esta ensina a pensar (e não só ela). Um aluno que saiba pensar, e que resista à pressão, estará mais preparado para a Medicina, creio ;)
Chegados lá, até a Matemática do secundário parece coisa de meninos :)