Basta, Eu, basta. Um Eu incapaz
de se ampliar e de moldar o palavreado é um Eu que nunca o foi. É um Eu que
balança entre a corja dos que sabem que não sabem e a elite dos
intelectualóides que fingem saber. Um Eu que não o foi e nunca o será.
Pior do que me pedirem para
fazer algo de que não gosto, é tornarem o que gosto numa obrigação. É sempre
lúbrico quando é por iniciativa própria. No entanto, quando é a pedido de
outros, a história do "estimular o Eu" já não motiva. Podia somente
dispensar por aqui umas frases filosóficas e optar pela abordagem de Senhora
Literata mas o suficiente não me chega.
Indecisa? Só quando tenho de
tomar decisões.
Como é que querem que eu escreva sobre o que sinto se o que
sinto está constantemente a eclipsar-se?O que sinto é tudo e é nada. É o ir e
ficar, o querer e não querer, o amar e odiar. Se escolho um, sinto falta do
outro. E aliada à minha inabilidade de ser singular, vem o impingimento de
restrições que apenas agravam a dificuldade que tenho em expressar-me.
Não
gosto da agressividade óbvia na escrita, gosto da sátira mascarada.
Não gosto
de ter de lançar fogo de artificio a megalomaníacos.
Não gosto do peso da
expetativa de uma póstuma homenagem a (ditos) Mestres da Literatura vinda de
apenas dezassete anos de existência.
Não
gosto de malgastar papel nem tempo em tentativas falhadas de imitar quem não
sou e aquilo em que não acredito.
Que morra o estar entre o
querer fazer bem para impressionar e o querer virar do avesso para devolver o
aborrecimento.
Que morra a mediania.
Que morram as exclamações exageradas.
Que
morra a inquietação de querer contrariar apenas o que não pode ser contrariado.
Que morra a pressão por mim criada.
Pim.
por Inês Machado, 12ºB
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