Leitura da Imagem:
Esta é uma imagem da APAV, como é
visível no canto inferior direito da imagem. A APAV é a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, uma instituição particular sem fins
lucrativos e de voluntariado que apoia, de forma individualizada, vítimas de crime.
Na imagem, é visível uma mulher com um hematoma no olho,
símbolo da violência doméstica a que é sujeita. É de notar que esta mulher
é-nos apresentada com um olhar triste, de quem sofre em segredo, de quem é
vitimizada. Podemos ainda reparar num braço de homem que, sobreposto à boca da
mulher, faz um gesto de “shhh”. Este gesto simboliza as atitudes maliciosas e
as demonstrações de força e de autoridade por parte do homem que mantêm a
mulher silenciada e, consequentemente, esta situação por denunciar.
Toda a imagem, à exceção da cara e do cabelo da mulher, é
preenchida por cores escuras, símbolo do segredo escondido que é esta situação,
que acontece longe da luz do dia. Em contraste, a cara e o cabelo da mulher são
evidenciados com cores claras, metáfora da sua incapacidade de defesa.
Esta é uma imagem com função crítica, pois tem como objetivo
desvendar e denunciar uma situação, alertar consciências e fazer a diferença.
Neste caso, a situação a ser desvendada e denunciada é a violência doméstica.
Criação de texto a partir da imagem:
Violência Doméstica
Infelizmente e felizmente, a violência doméstica é um tema
muito badalado na atualidade. Infelizmente, porque é triste que isto aconteça
entre duas pessoas que, supostamente, se amam e mantêm uma relação, seja um namoro, seja
uma união conjugal. E felizmente, porque, finalmente, estas situações começam a
ser cada vez mais conhecidas e denunciadas, embora ainda exista muito “trabalho”
a ser feito.
A maioria das pessoas, quando pensa em violência doméstica,
é, instantaneamente, conduzida a imaginar a mulher como vítima. Na imagem que
escolhi, é o caso, mas nem sempre é assim. Há já vários casos de homens vítimas
de violência doméstica tornados públicos. São menos vulgares, é certo, mas
talvez porque as vítimas do sexo masculino se sentem mais envergonhadas por
serem vitimizadas pelo suposto “sexo fraco”, o que é uma estupidez.
Tanto numa situação como noutra, é desumano que esta crueldade
continue a acontecer em pleno século XXI. Uma pessoa que já transmitiu a outra
um grande sentimento de segurança, não devia ser a que mais lhe provoca o
sentimento de medo. Não é lógico, nem justo, mas acontece.
Na minha cabeça, é muito simples. Como é que alguém que, alegadamente,
ama outra pessoa, é capaz de adoptar uma
posição autoritária, de poder, de superioridade, causando-lhe sentimentos de
medo, de inferioridade e de possessão? Se se gosta da pessoa com quem se está,
é contraditório tratá-la de forma tão cruel. Se não se gosta ou se as personalidades
dos dois companheiros não são compatíveis e não concordam na maioria das coisas,
porque não terminar a relação e cada um seguir com a sua vida? Seria uma
atitude mais acertada do que partir para a violência, seja ela física, verbal,
psicológica... É pena que não seja tão linear como isto.
Agora, focando a minha atenção nas vítimas, acredito que,
algumas delas, de tanto vivenciarem esta situação, comecem a acreditar que são,
efetivamente, inferiores. O agressor, além da agressão física, consegue muitas
vezes, através de um jogo psicológico, levar estas vítimas a acreditar que
merecem o que lhes está a acontecer, conduzindo-as a manter o silêncio e,
consequentemente, conseguindo que esta situação fique por denunciar.
Estas situações, muitas das vezes estendem-se por anos. É
necessário pará-las. Todos podemos ter um papel, ainda que indireto, no que
toca à denúncia destes crimes. Felizmente, começam a surgir cada vez mais
organizações como a APAV, que prestam apoio a estas vítimas, visto que é muito
mais fácil que haja uma denúncia por parte das mesmas, quando elas sentem que
têm alguém a apoiá-las, seja família, amigos, conhecidos, vizinhos, é
importante que isto aconteça. Em sociedade, é possível reduzir este crime e expô-lo
às entidades responsáveis por puni-lo. Todos podemos ajudar, embora a força
principal tenha que partir da vítima.
Bruna Araújo, 12º C
Sem comentários:
Enviar um comentário