Leitura da Imagem
Nesta curiosa fotografia, podemos observar uma mulher imóvel, de
aspeto contemplativo, num local não identificado,
mas que eventualmente poderá ser uma galeria de arte. Esta encontra-se com o
olhar fixo numa espécie de pintura, feita numa enorme parede branca, pintura
esta que é uma impressão digital arrastada ao longo da parede. No início, esta é representada totalmente preenchida numa
tonalidade forte, o preto, no entanto, à medida
que é arrastada vai-se desvanecendo, até nada
mais restar dela do que um simples contorno, uma sombra do que era
inicialmente.
Apesar de todos os elementos presentes na
imagem , o nosso olhar converge unicamente para esta impressão digital, pois
para além do simples e óbvio facto de esta se destacar na parede branca, é
também ela que carrega uma mensagem, mensagem esta que é certamente uma crítica. É suposto que a arte, de qualquer tipo que
seja, nos faça sentir algo, função que esta desempenha na perfeição: ao observar esta obra, sinto que algo se vai
perdendo, não só a cor, mas também alguma identidade, sendo que a impressão
digital é o elemento chave da identificação humana.
Criação Textual:
A
Perda de Identidade
A identidade pessoal vai muito para além do
nome, idade ou nacionalidade. O ser identifica-se por conjunto de traços, não
físicos, únicos em cada um de nós, traços esses
que, em conjunto,
formam a nossa personalidade, está é a nossa verdadeira impressão digital, aquilo
que nos distingue dos demais.
No entanto,
e infelizmente, durante a nossa vida
vamos progressivamente vendendo um pouco de nós à medida que ajusta-mos a nossa personalidade ao que nos é
requerido pela sociedade ou por alguém em particular. Estes pequenos ajustes
podem parecer exíguos, mas, na realidade, não o
são, sendo que, quando
abdicamos de um pouco de nós, perdemos esses
traços únicos que nos caracterizam e deixamos
assim de ser o eu “ original “ que é tão importante conservar. Passamos, então, a ser alguém a
quem foi retirado tudo e com o qual deixamos de
nos identificar.
Há quem não passe pelo percurso da
“despersonificação”, mas que deixa, igualmente, de se reconhecer. Muitos são
aqueles que vivem toda a vida usando uma máscara e representando um papel que não os representa.
Depois de um intérmino tempo vivendo na pele de alguém que na realidade não são,
estes, como é evidente, deixarão de ser recordar de quem eram realmente e, por muito que um dia queiram arrancar a máscara,
esta já estará penetrada neles e será impossível de retirar , tal como diz
Álvaro de Campos “Quando quis tirar a máscara / Estava pegada à cara”.
O ideal é permanecermos
sempre fiéis a nós próprios, por muito que não
sejamos aquilo que muitas vezes desejamos ser,
pois é, sem dúvida,
melhor sermos alguém com quem, apesar das falhas, nos identificamos, do
que alguém que nos é um completo estranho e na pele do qual é absolutamente
impossível viver.
Catarina
Vinhas, 12º G
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