sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Da Imagem, por Carlos Carpinteiro





Leitura da imagem:




   O meio rural é, realmente, um dos únicos meios que nos faz sentir vazios e completos ao mesmo tempo. Contudo, essa capacidade de sentir depende da nossa disposição e predisposição ao sentir.
   Nesta foto podemos ver uma mulher bela, vestida de branco, sentada numa toalha às riscas, num meio rural.
   A claridade do sol trespassando por entre as árvores, atingindo a erva e a mulher faz-nos sentir cheios e completos por estarmos, de certa forma, «incluídos neste meio». No entanto, ela parece distante e vazia pensando em algo completamente adverso ao meio que a rodeia. A sua beleza é realçada pelas roupas que usa e pela cor das mesmas, o facto de ela usar um vestido e um chapéu brancos confere à foto frescura, pureza e até um sentimento de liberdade para quem a contempla.



 Criação textual a partir da imagem:
 


Calma…

   Estamos sentados numa toalha no meio de um pequeno descampado e eu estou sentado à frente dela e das árvores atrás dela. Ela parece-me feliz, ou então consegue disfarçar bem os seus sentimentos.

   Algo estranho se começa a agigantar dentro de mim… e com esse estranho sentimento começo a perder a noção.

   Enquanto conversávamos, reparei que não conseguia estar muito tempo sem os olhos nela, estranhamente estava também ciente de tudo o que se passava à minha volta.

   Fiz algo… ela riu-se… não sei o que foi, também não me importo, visto que consegui ver o seu sorriso mais uma vez… Apaguei… O tempo quase estagnou, olho para o seu sorriso e quase me derreto… o sol acaricia a cara dela com um manto dourado e o vento murmura por entre as árvores atrás dela, parece que vou ficar perdido neste momento…

   De repente, as árvores falam e o vento sai por entre elas disparando uma suave brisa que levanta, ao de leve, o cabelo dela, que acerta em mim. Posso agora sentir o seu doce cheiro a canela e, quando isto tudo voltou ao normal, sobressaltei-me e engoli em seco.

   Pela primeira vez na tarde fez-se silêncio… Mas que incómodo… parece que tenho algo a arranhar no meu peito querendo tomar controlo de mim. Um misto de várias emoções e sensações começam-me a vir à cabeça e, sem que me apercebesse… Apaguei… fecho agora o meu punho… a minha força para suprimir este monstro não é suficiente e, por isso, o meu punho treme… ela olha para mim… agora não é ela que parece mover-se em câmara lenta, mas sim eu, fecho os olhos suavemente, embora me apetecesse gritar até rebentar as artérias. Sinto algo que me toca e volto ao normal… a minha mente esvazia… como se algo viesse acalmar o maldito mau estar que tenho dentro do meu peito… Abri os olhos… Um beijo… Ela estava a beijar-me. Não sei porquê, mas também não me importo. Via tal ato como um copo de água… normal… por isso, aproveitei, e deixei o momento fluir… afinal, iria poder ver o seu sorriso outra vez. 



Carlos Carpinteiro, 12º D

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