Leitura da imagem:
O meio rural é, realmente, um dos únicos
meios que nos faz sentir vazios e completos ao mesmo tempo. Contudo, essa capacidade de sentir depende da nossa
disposição e predisposição ao sentir.
Nesta foto podemos ver uma mulher bela,
vestida de branco, sentada numa toalha às riscas,
num meio rural.
A claridade do sol trespassando por entre as
árvores, atingindo a erva e a mulher faz-nos sentir cheios e completos por
estarmos, de certa forma, «incluídos neste meio». No entanto, ela parece distante e vazia pensando em algo
completamente adverso ao meio que a rodeia. A sua beleza é realçada pelas
roupas que usa e pela cor das mesmas, o facto de ela usar
um vestido e um chapéu brancos confere à foto frescura, pureza e até um
sentimento de liberdade para quem a contempla.
Criação textual a partir da imagem:
Calma…
Estamos sentados numa toalha no meio de um
pequeno descampado e eu estou sentado à frente dela e das árvores atrás dela.
Ela parece-me feliz, ou então consegue disfarçar bem os seus sentimentos.
Algo estranho se começa a agigantar dentro
de mim… e com esse estranho sentimento começo a perder a noção.
Enquanto conversávamos, reparei que não conseguia estar muito tempo sem os
olhos nela, estranhamente estava também ciente de tudo o que se passava à minha
volta.
Fiz algo… ela riu-se… não sei o que foi,
também não me importo, visto que consegui ver o seu sorriso mais uma vez…
Apaguei… O tempo quase estagnou, olho para o seu
sorriso e quase me derreto… o sol acaricia a cara dela com um manto dourado e o
vento murmura por entre as árvores atrás dela,
parece que vou ficar perdido neste momento…
De repente,
as árvores falam e o vento sai por entre elas disparando uma suave brisa que
levanta, ao de leve, o cabelo dela, que acerta
em mim. Posso agora sentir o seu doce cheiro a canela e,
quando isto tudo voltou ao normal,
sobressaltei-me e engoli em seco.
Pela primeira vez na tarde fez-se silêncio… Mas
que incómodo… parece que tenho algo a arranhar no meu peito querendo tomar controlo
de mim. Um misto de várias emoções e sensações começam-me a vir à cabeça e, sem que me apercebesse… Apaguei… fecho
agora o meu punho… a minha força para suprimir este monstro não é suficiente e,
por isso, o meu punho treme… ela olha para mim…
agora não é ela que parece mover-se em câmara lenta,
mas sim eu, fecho os olhos suavemente, embora me apetecesse gritar até rebentar
as artérias. Sinto algo que me toca e volto ao normal… a minha mente esvazia… como
se algo viesse acalmar o maldito mau estar que tenho dentro do meu peito… Abri
os olhos… Um beijo… Ela estava a beijar-me. Não sei porquê, mas também não me
importo. Via tal ato como um copo de água… normal… por isso, aproveitei, e
deixei o momento fluir… afinal, iria poder ver o
seu sorriso outra vez.
Carlos
Carpinteiro, 12º D
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