sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Da Imagem - Perdida em Mim - por Micaela Costa






Leitura da imagem:

Como é possível observar, nesta imagem encontra-se uma estrada. Uma das milhares que existem por todo o mundo. Tal como cada um de nós é, também, um no meio de outros tantos milhares. É possível observar o estreitamento do caminho, juntamente com a aparição de um nevoeiro que nos impede de ver o que se encontra adiante.
Esta figura pode ser, então, sobreposta na nossa vida, na medida em que temos um longo percurso pela frente, e muitas vezes o futuro, o que nos espera, é incerto e nada claro. E, muitas vezes, isso acaba por nos assustar, levando a uma certa desorientação.


Criação textual a partir da imagem:


Perdida em mim

    
Tenho estado tão confusa. Não sei quem sou. Não encontro um pedaço de algo maravilhoso há bastante tempo. Sinto-me como uma alma perdida que nunca irá ser encontrada, como se o meu corpo estivesse aqui mas o meu coração não. Vivo num local onde não me enquadro e mal posso esperar para sair daqui, no entanto, nem dois cêntimos tenho. Nem sei o que quero fazer o resto da minha vida. Sinto-me como se estivesse numa estrada sem destino certo, sem saber o que irei encontrar. Tenho estado tão confusa, assustada, sobrecarregada. Encontro-me num mundo gigante, e ainda não comecei a viver, mas já me sinto a desistir. Preciso de me encontrar, de me descobrir. Estou presa entre querer e precisar de mais.
Ninguém me avisou que crescer seria assim tão complicado. Tenho saudades dos dias em que achava que crescer seria a melhor coisa do mundo. Quando dizia coisas inocentes como “Vou poder conduzir. A vida vai ser fácil, porque vou poder ir onde quiser.” “O futuro não me assusta.” Mas depois tudo se desmoronou: “A escola está cada vez mais difícil, a pressão aumenta a cada segundo que passa.” “Quando é que o mundo se tornou tão maléfico?” “Como é que isto aconteceu? O que vou fazer no futuro?”. Quando os sumos passaram a ser vodka, a bicicleta se transformou num carro, a guerra deixou de ser apenas um jogo. Agora a dor não é apenas física, mas também psicológica, e o cansaço não passa com uma boa noite de sono. Gostava de ter dito ao meu “eu” com 6 anos para aproveitar a infância enquanto podia. Pelo menos para não passar o tempo a querer ser “grande” ou para não desperdiçar nenhum segundo daquela doce inocência de criança. Não sei, mesmo nas melhores circunstâncias, há algo trágico no crescimento.
A verdade é que o futuro me assusta, me aterroriza completamente. Tenho medo da pessoa em que me irei tornar. Será que irei ter orgulho nisso? Vou-me tornar nos livros que irei ler, o meu café preferido, a música que irei ouvir. Serei a minha própria obra de arte, as pessoas que amar, a máscara que usar. Sei que não vai ser um caminho fácil, irei enfrentar obstáculos e duvido que os supere a todos. Não me sinto preparada para ter o peso do mundo nos meus ombros.
Sei que uma vez me disseram que é preciso coragem para crescer e nos tornarmos em quem realmente somos, mas o meu medo de falhar supera qualquer coisa. No entanto, talvez seja essa a minha maior motivação para crescer. Talvez.
Micaela Costa, 12º G

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