Leitura da imagem:
Como é possível observar, nesta imagem encontra-se uma
estrada. Uma das milhares que existem por todo o mundo. Tal como cada um de nós
é, também, um no meio de outros tantos milhares. É possível observar o
estreitamento do caminho, juntamente com a aparição de um nevoeiro que nos
impede de ver o que se encontra adiante.
Esta
figura pode ser, então, sobreposta na nossa vida, na medida em que temos um
longo percurso pela frente, e muitas vezes o futuro, o que nos espera, é
incerto e nada claro. E, muitas vezes, isso acaba por nos assustar, levando a
uma certa desorientação.
Criação
textual a partir da imagem:
Perdida em mim
Tenho estado tão confusa. Não
sei quem sou. Não encontro um pedaço de algo maravilhoso há bastante tempo.
Sinto-me como uma alma perdida que nunca irá ser encontrada, como se o meu
corpo estivesse aqui mas o meu coração não. Vivo num local onde não me enquadro
e mal posso esperar para sair daqui, no entanto,
nem dois cêntimos tenho. Nem sei o que quero fazer o resto da minha vida.
Sinto-me como se estivesse numa estrada sem destino certo, sem saber o que irei
encontrar. Tenho estado tão confusa, assustada, sobrecarregada. Encontro-me num
mundo gigante, e ainda não comecei a viver, mas
já me sinto a desistir. Preciso de me encontrar, de me descobrir. Estou presa
entre querer e precisar de mais.
Ninguém me avisou que crescer seria assim
tão complicado. Tenho saudades dos dias em que achava que crescer seria a
melhor coisa do mundo. Quando dizia coisas inocentes como “Vou poder conduzir.
A vida vai ser fácil, porque vou poder ir onde
quiser.” “O futuro não me assusta.” Mas depois tudo se desmoronou: “A escola
está cada vez mais difícil, a pressão aumenta a
cada segundo que passa.” “Quando é que o mundo se tornou tão maléfico?” “Como é
que isto aconteceu? O que vou fazer no futuro?”. Quando os sumos passaram a ser
vodka, a bicicleta se transformou num carro, a guerra deixou de ser apenas um
jogo. Agora a dor não é apenas física, mas
também psicológica, e o cansaço não passa com uma boa noite de sono. Gostava de
ter dito ao meu “eu” com 6 anos para aproveitar a infância enquanto podia. Pelo
menos para não passar o tempo a querer ser “grande” ou para não desperdiçar
nenhum segundo daquela doce inocência de criança. Não sei, mesmo nas melhores
circunstâncias, há algo trágico no crescimento.
A verdade é que o futuro me assusta, me
aterroriza completamente. Tenho medo da pessoa em que me irei tornar. Será que
irei ter orgulho nisso? Vou-me tornar nos livros que irei ler, o meu café
preferido, a música que irei ouvir. Serei a minha própria obra de arte, as
pessoas que amar, a máscara que usar. Sei que não vai ser um caminho fácil,
irei enfrentar obstáculos e duvido que os supere a todos. Não me sinto
preparada para ter o peso do mundo nos meus ombros.
Sei que uma vez me disseram que é preciso
coragem para crescer e nos tornarmos em quem realmente somos, mas o meu medo de
falhar supera qualquer coisa. No entanto, talvez seja essa a minha maior
motivação para crescer. Talvez.
Micaela Costa, 12º G
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