segunda-feira, 2 de junho de 2008

A Democracia em Portugal



Os nossos políticos passam o tempo a prometer que serão os verdadeiros representantes dos eleitores, quando na verdade a sua profunda preocupação é salvaguardar os seus próprios interesses.
É agradável recordar que já houve democracia directa em Atenas e que o povo grego reunia em assembleia de três em três meses ao ar livre, fazendo intervenções públicas a defender as suas ideias, a expor os seus problemas, a dar as suas opiniões.
As deliberações eram tomadas em função dos votos da maioria, simplesmente, daqueles que estivessem presentes. As pessoas conversavam umas com as outras focando os seus problemas e auscultando a opinião dos parceiros nas lojas, praças, nas tabernas, à mesa, no intuito de aclarar as ideias, encontrar soluções e resolver pela via mais certa e pelo acordo.
As visões alternativas eram apresentadas e a decisão final pertencia aos membros da assembleia. A participação na via pública era feita por sorteio, o que implicava que todos os cidadãos estavam preparados para exercer a administração e a gestão das coisas públicas. Essa actividade era exercida gratuitamente e os poucos que necessitassem ser remunerados tinham um salário inferior ao de um pedreiro.
Sob este sistema de governação e gestão, Atenas foi o Estado mais próspero, mais culto e mais poderoso do mundo grego, durante mais de 200 anos.
Todos os cidadãos podiam votar e propor leis, com a excepção (por força da mentalidade e costumes da época) das mulheres e dos escravos.
Que fizeram alguns pensadores reguilas do fim do séc. XVIII? Foram à filosofia e história da Grécia buscar a “Democracia” e trouxeram só a capa do livro e esqueceram lá o conteúdo. Inventaram a democracia representativa onde o povo elege um representante e este é que vai para a assembleia. Agora surge a pergunta: o representante defende a vontade de quem o elegeu, ou vai defender os seus interesses, os das cúpulas do partido ou, ainda pior, dando apoio, contra a vontade da maioria popular, aos dirigentes da nação, que investem o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, em futilidades caríssimas, em obras inúteis e megalómanas, em investimentos que só favorecem empreiteiros amigos e familiares, fomentando uma descarada corrupção e vergonhosas derrapagens.
Aqui fica um desafio às “democracias modernas” que será o de evitar que a regra da maioria se torne em tirania para o povo.
Quase todos os estados do mundo se dizem apoiantes da democracia, mas nenhum a cumpre na prática. Mais flagrante ainda é o caso das denominadas democracias populares que nunca passaram de ditaduras.
O povo é manipulado pelas classes dominantes na hora de tomar uma decisão importante para o país. O cidadão é preterido em relação aos interesses das minorias do poder.
Por tudo o que se vê e tem visto, sou levado a afirmar que, se a democracia fosse realmente aberta, franca, transparente e tivesse como objectivo o bem de todos e fosse assegurada pelas pessoas certas, no lugar certo, ou seja, pessoas com idoneidade política, com cultura histórica sobre a condição humana, com personalidade, com carácter, com consciência limpa e um pouco de respeito pela vida e dia-a-dia de cada um, evitaríamos tanta desordem mental, tanto desrespeito à paz de cada família, tanta corrupção até ao mais alto nível, tanta indisciplina, tanta anarquia, tão pouco respeito pela integridade do ser humano e pela sua vida, tanta indiferença pela miséria que tantos suportam, e, para finalizar, tanta protecção ao criminoso, com tanto desprezo pelas vítimas.
Estamos numa ditadura cruel, desumana, perigosa e aterrorizante. Assenhorearam-se da rádio, da televisão, da imprensa onde se espalha uma má cultura, uma péssima informação e são ministrados certos narcóticos ao “Zé Povinho” para o trazer entretido, tais como concursos de futilidade, novelas de muito mau gosto e um futebol alienante que é tudo menos desporto.
Ò santa democracia, tanta lama te atiraram ao rosto que ficaste cega e não sei quando voltarás a ver a beleza do sol que brilhou cheio de humanidade, nos tempos e nas terras de quem te inventou.
Eu vou esperar, porque haverá sempre alguém que acredita em milagres e eu estou na lista…



José Rafael Soares da Costa, 11ºA

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