Este é ainda um trabalho, no rescaldo dos textos argumentativos que eu encomendava nos testes, que merece ser publicado! O tema, servirá também de mote para futuras discussões, a propósito do "Felizmente há Luar"... e lembra como devem ter sempre à mão o argumento, arma eficaz e que não deixa provas! :D
“Estou calado, mas a escrita não fala, grita! Num tom tão ensurdecedor que não se ouve, apenas se sente!”
Censura, vista por uns, como algemas, negra e opressiva. Censura, vista por outros, como o equilíbrio, o manter a dignidade, a perseverança do ser.
Tolo é aquele que acredita numa destas duas opiniões.
Ignorante é aquele que não liga a um dos graves problemas vivido na Terra.
Para uma visão mais apurada, imaginemo-nos como um crente em Deus, até mesmo pela religião Cristã! Se Deus disse que o homem era livre! Porque calá-lo? Infeliz é aquele que faz o papel de Deus... nenhum homem deve censurar outro, a não ser que a pessoa seja incapaz de assumir o comando dos seus sentidos, principalmente, o da fala.
A censura do homem é o medo do outro, o homem mais fraco e só, é aquele que ouve e finge não ouvir as opiniões e elogios maus, fracos e cruéis.
Mas vejam que todas as criticas são para o nosso bem, só melhoramos quando nos apercebemos que estamos mal, e os outros colegas de vida é que nos dão a conhecer e a ver o que realmente precisamos.
Ao redigir este texto, até a mim me parece que estou contra a censura. Talvez até seja verdade, talvez não, pois ao dar a conhecer a minha opinião já estava a censurar aqueles de opinião diferente! A censura pode ser bem usada, mas não em demasia e muito raramente. O ser humano estabeleceu princípios simples e são esses que devem ser respeitados.
Eu fico neutro em relação à censura, tanto na política, como na família, como em amigos, eu digo o que quero, mas também respeito. O respeito é a minha própria censura, e basta!
Eduardo Silva, 11ºA
Este é um espaço para os meus alunos de Português... os que o são, os que o foram... os alunos da Escola Secundária de Barcelos... (e seus amigos que, se "vierem por bem", serão muito bem recebidos!)... Poderá vir a ser um ponto de encontro, onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever não é "um acto inútil"... inútil é calar.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Pessoa...
Caeiro
Gosto do ceu porque não creio que elle seja infinito
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d'isso ha absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um principio e tem um fim,
E que antes e depois d'isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
[sem data, transcrito por Jerónimo Pizarro]
in Publico
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Acreditar, ou não acreditar!
Cabe a cada um de nós.
Por vezes penso, porquê toda a gente O venera, e só eu... Um sufoco, que não me deixa entregar por completo.
Sinto, não sei bem, uma dúvida constante na Sua existência... felizes são aqueles que acreditam sem O ver, é este o argumento.
Transparece como uma herança deixada de gerações em gerações: porque que é meu dever seguir algo em que não acredito só porque a minha família o faz? Não pode ser levado como um costume, mas sim como um caminho que a pessoa decide seguir... e eu aqui! Perdida, sem saber o que fazer, simplesmente não está dentro de mim, e sinto-me melhor assim. Não uma sensação de conforto, mas de alívio, por não o temer admitir.
Só Lhe pediria um pouco de compreensão, e que um dia me fosse capaz de perdoar.
A verdade é que a crítica não me passa ao lado, e não me é indiferente, é capaz de magoar e deixar à parte, mas não é uma escolha minha.
Talvez uma escolha Dele...
Juliana 11ºA
Ai os meus ouvidos!
Boa noite professora e frequentes leitores deste nosso estimado blog, e pode ser boa noite também, para os que não o frequentam. Estive a pensar no que ia fazer para este trabalhinho de português, esta carícia a este blog, quando me deu a vontade de fazer algo interessante e produtivo sobre… a música.
Para começar vou retirar as “ervas daninhas” que estão na vossa cabeça sobre este assunto. A música o que é? É o que temos no mp3 e telemóveis que tentamos acompanhar? Por acaso não, todos demos em Iniciação Música, no 5º e 6º ano de escolaridade, que a música é um conjunto de notas musicais complexamente escritas e ordenadas, acompanhadas com uma letra para mostrar e passar o sentimento que estamos a sentir e queremos passar.
Ultimamente, tem-me chegado aos ouvidos que as maiores lacunas musicais portuguesas, vão e já estiveram, no Rock in Rio. Acho que o actual concerto devia mudar de nome, porque, não fazia ideia que a banda Rock com mais sucesso, actualmente, tirando o avô cantigas com a êxito “fantasminha brincalhão”, eram as Just Girls. Quem melhor para representar o nosso país à beira de grandes bandas como Linkin Park e Metallica, do que as Just Girls? Mas podemos pôr a hipótese de que as outras bandas as querem lá, mas não é para cantar, é só para conhecer novas culturas e outros horizontes com a mistura de experiências. No meu ponto de vista é tão mau como pôr o Tony Carreira a representar a selecção.
Caros amigos, deixo-vos o apelo para que juntos combatamos esta falta de cultura que nos define, portugueses, e passemos a cuidar do próximo Rock/Freestyle in Rio, antes que ele se farte das garrafas de vinho da Amy Winehouse* (só o nome diz muita coisa, quanto mais o estômago), a sujar-lhe o palco.
*Winehouse – casa do vinho
João Paulo Nascimento, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
música
Fruta Fresca
O futebol, hoje em dia, já não é como antigamente. Os jogadores, antigamente, "lutavam" com garra, compaixão ,determinação, empenho pela vitória para o seu carinhoso clube. Hoje em dia já só lutam com garra, apelos, manifestos e greves para receber o pão nosso de cada dia (salários). Será que os presidentes contribuem para o bom funcionamento do clube? Não,é claro que não. Já que as contas (matemáticas), dos presidentes desses mesmos clubes são bastantes correctas na distribuição do dinheiro(salários):deve ser 50% para o presidente, 25% para os jogadores e outros 15% para árbritos e "Ltd". Agora vocês perguntam que se faz aos outros 10%? É óbvio que é para a manutenção dos estádios,então vocês não reparam naqueles "nacos" de relva a saltar em câmera lenta! Não, é claro que não. Estão interessados no que está o "Pintinho" a fazer. Mas uma coisa é certa. Vocês nunca viram os árbritos a queixarem-se. PORQUÊ? Porque em suas casas e noutras casas (estranhas ao serviço) não falta "fruta fresca", fruta com curvas,frutas suculentas,apetitosas e até fresquinhas com bastantes conhecimentos obscenos. E é por isso que o futebol português não anda nem andará para a frente,pois os seus presidentes são uns aldrabões,egoístas e, como não é novidade para ninguém, uns vigaristas. Então, para finalizar, vou dar a minha solução para este futebol português é ........
Para ser sincero e honesto,nem vale a pena tentar, pois o futebol português já é um caso perdido.
(Baseado no livro "EU CAROLINA")
Michael Ferreira da Silva, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
futebol
quarta-feira, 4 de junho de 2008
O Quase-acontecimento
Se não houver um “acontecimento” do dia, como a demissão de um político qualquer que justifique, por exemplo, que o serviço público lhe dedique mais de meia hora de atenção, o habitual tem sido começar-se por uma notícia daquelas que nos nossos jornais diários impressos ocupam cerca de dez linhas, estilo “Mulher esfaqueada por motivos passionais à porta de sua casa em Carcavelos” ou “Homem ia pagando 2000 contos por um almoço devido a um engano na conversão dos Euros.”
Como podemos ver, pelo último exemplo, algumas destas noticias são da ordem do quase-acontecimento, que na prática constitui um não-acontecimento. Não me espanta nada que um dia destes os telejornais portugueses abram o noticiaria com algo do tipo: Devido ao frio, mulher ia caindo de um escadote ao procurar um cachecol na parte de cima de um armário”. Nisto, veremos então toda uma equipa deslocar-se ao local do não- acontecimento , e começar a fazer um inquérito segundo as normas que aprenderam no curso de Comunicação Social. Começa-se pelo protagonista do sucedido, com a inevitável pergunta: “Como se sente neste momento, depois de ter estado quase a cair do escadote?”. Pálida, a mulher responde pela quinta vez que se sente confusa, mas está muito grata a uma vizinha que a veio prontamente ajudar. Trata-se então, conclui o repórter, de ouvir a vizinha: “Como se deu conta de que a Dona Amélia poderia ter caído do escadote?” A entrevistada, feliz por aparecer na TV, dá uma carrada de pormenores: que a Dona Amélia fez barulho e disse vários palavrões, o que não está nos hábitos da senhora; que ela andava sempre a querer subir escadotes (pode-se nesta altura tentar ouvir um psicanalista) e que foi o miar do gato que levantou suspeitas. Como o jornalista sabe que convém dar uma dimensão política e social da ocorrência, vai então interessar-se pelo problema da segurança de escadotes em Portugal: será que são seguros? Será que a ASAE não certifica a qualidade dos escadotes portugueses? Será que este escadote era um produto Tailandês? Com isto já se passaram 15 minutos, seguidos apaixonadamente pelas audiências. Neste dia, Fátima Gomes poderia ter publicado um livro ou talvez ter assistido ao concerto dos Moonspell- podemos estar certos de uma coisa: as nossas televisões não dirão nada sobre ela.
Cláudia Martins, 11ºA (António Lobo Antunes)
Como podemos ver, pelo último exemplo, algumas destas noticias são da ordem do quase-acontecimento, que na prática constitui um não-acontecimento. Não me espanta nada que um dia destes os telejornais portugueses abram o noticiaria com algo do tipo: Devido ao frio, mulher ia caindo de um escadote ao procurar um cachecol na parte de cima de um armário”. Nisto, veremos então toda uma equipa deslocar-se ao local do não- acontecimento , e começar a fazer um inquérito segundo as normas que aprenderam no curso de Comunicação Social. Começa-se pelo protagonista do sucedido, com a inevitável pergunta: “Como se sente neste momento, depois de ter estado quase a cair do escadote?”. Pálida, a mulher responde pela quinta vez que se sente confusa, mas está muito grata a uma vizinha que a veio prontamente ajudar. Trata-se então, conclui o repórter, de ouvir a vizinha: “Como se deu conta de que a Dona Amélia poderia ter caído do escadote?” A entrevistada, feliz por aparecer na TV, dá uma carrada de pormenores: que a Dona Amélia fez barulho e disse vários palavrões, o que não está nos hábitos da senhora; que ela andava sempre a querer subir escadotes (pode-se nesta altura tentar ouvir um psicanalista) e que foi o miar do gato que levantou suspeitas. Como o jornalista sabe que convém dar uma dimensão política e social da ocorrência, vai então interessar-se pelo problema da segurança de escadotes em Portugal: será que são seguros? Será que a ASAE não certifica a qualidade dos escadotes portugueses? Será que este escadote era um produto Tailandês? Com isto já se passaram 15 minutos, seguidos apaixonadamente pelas audiências. Neste dia, Fátima Gomes poderia ter publicado um livro ou talvez ter assistido ao concerto dos Moonspell- podemos estar certos de uma coisa: as nossas televisões não dirão nada sobre ela.
Cláudia Martins, 11ºA (António Lobo Antunes)
Coisas insignificantes que se tornam importantes!
Por exemplo, o Futebol é o desporto mais badalado quer seja na praia, dentro de um ginásio e, por fim, na relva e naqueles estádios enormes onde jogam grandes e pequenos clubes, nunca esquecendo que a qualidade supera sempre a quantidade (mesmo que seja dito o contrário!). Assistimos, cada vez mais, aos muitos portugueses que faltam ao trabalho para acompanhar aquela equipa que faz com que o coração acelere o seu ritmo de funcionamento (ainda bem que existem médicos de prevenção nos jogos senão...), e até mesmo aqueles que abdicam de estar com a família e amigos para assistirem a um jogo que nada lhes mudará na vida. Também as mulheres são cada vez mais adeptas desta modalidade (embora não o divulguem, talvez por ser insignificante não? Bem, é uma questão complicada de se responder, digo eu!), aproveitando para ver os jogadores brilhar e acompanharem o namorado ou marido. Durante os 90 minutos parece que o mundo pára e os nossos problemas pessoais e do trabalho desaparecem, passando a dar lugar ao facto de, por exemplo, o jogador X não ter passado a Y ou até o Z não ter marcado golo naquela grande oportunidade da qual não tirou proveito algum. Chegamos ao fim do jogo e damos por nós a suar como se tivéssemos estado a fazer algum tipo de esforço. Se a nossa equipa ganhar, festejamos a noite toda na casa dos nossos amigos, como se fosse a maior coisa que nos pudesse ter acontecido... Mas, se perde, ficamos desfeitos e vamos logo a correr para casa sem querermos saber de mais nada. Por vezes, vemos a comunicação social a fazer aquelas perguntas: «O que achou do jogo?» Normalmente acontece, quando a nossa equipa perde (é preciso ter azar...). Nestes dias, e nos próximos, seremos os totós do trabalho ou da escola, evitando mesmo estar com alguém que possa gozar connosco. Aproveitando para ter aquelas reuniões de trabalho (isto para os trabalhadores, é claro) onde descarregamos a nossa fúria em alguém que teve a pouca sorte de estar naquele dia e naquela hora connosco.
Agora, depois disto, digam-me uma coisa... Porque será que damos importância a coisas insignificantes quando o mais importante do mundo é a nossa família e amigos? É com eles que aprendemos o que nós sabemos ... Ou estou enganada sobre o significado de "insignificante" e "importante"?
Vanessa Múrias, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
futebol
Corrupção na Religião
Nesta sociedade moderna, a religião é algo que reflecte em parte o estado da nossa nação. Já nas sociedades antigas, a religião era exemplo de corrupção, o que se fazia sentir nas atitudes dos padres.
Na sociedade antiga [?] estava claramente presente a grande corrupção que existia naquele tempo. Bons exemplos disso eram os padres, que sempre que podiam desviavam capital, que era, muitas das vezes dado por pessoas necessitadas. Outro bom exemplo de corrupção é o facto de os padres estarem proibidos de terem relações sexuais, mas mesmo assim eles cometerem adultério e, pior ainda, por vezes até tinham filhos, o que depois era prejudicial para eles e para os próprios filhos. Quanto à sociedade moderna as coisas são diferentes, mas ainda há esse tipo de corrupção. Um exemplo da corrupção actual é o caso das esmolas. Aquele dinheiro que é doado para aquelas caixinhas muito bonitinhas para onde é que ele vai? Um exemplo disto é o caso de Fátima, será que em vez de ser feita aquela obra gigantesca não era preferível distribuir aqueles “milhões” para as pessoas mais necessitadas?
Conclui-se, por isso, que, embora haja uma melhoria naquilo que são os princípios pelos quais se rege a Igreja (feita pelos homens), ainda há um resto da podridão que existia no passado.
João Aldeia, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
religião
Racismo
Na nossa sociedade temos um grande problema que é o racismo.
Qualquer pessoa que passe na rua e veja um homem/mulher de raça negra, ou assim mais pró cigano, fica imediatamente com algum receio de que esse ou essa possa vir fazer mal ou qualquer outra coisa, o que não aconteceria, talvez, se essa tal pessoa de raça branca se cruzasse com outro de raça branca.
O racismo começou [?], basicamente, quando os brancos começaram a escravizar os negros na época dos descobrimentos, usando-os e maltratando-os.
Essa época é uma das causas pela qual os negros de hoje em dia, às vezes, têm piores reacções perante os brancos.[?]
Como por exemplo, se eu me virar para uma pessoa de raça branca, vejamos num assunto de discussão, e disser “Cala-te!” para a pessoa de raça branca, se eu fizer isso com uma de raça negra já é quase de imediato chamado de racismo.
Racismo é um termo que se define por tratar diferente outra “raça” humana, pelo seu aspecto e/ou costumes, e não por tratar pior uma dessas pessoas porque se eu trato mal um branco, tudo bem, mas se trato mal um negro, é como no outro caso, racismo, que é algo que é muito mal dito.
Carlos Machado, 11º A
Qualquer pessoa que passe na rua e veja um homem/mulher de raça negra, ou assim mais pró cigano, fica imediatamente com algum receio de que esse ou essa possa vir fazer mal ou qualquer outra coisa, o que não aconteceria, talvez, se essa tal pessoa de raça branca se cruzasse com outro de raça branca.
O racismo começou [?], basicamente, quando os brancos começaram a escravizar os negros na época dos descobrimentos, usando-os e maltratando-os.
Essa época é uma das causas pela qual os negros de hoje em dia, às vezes, têm piores reacções perante os brancos.[?]
Como por exemplo, se eu me virar para uma pessoa de raça branca, vejamos num assunto de discussão, e disser “Cala-te!” para a pessoa de raça branca, se eu fizer isso com uma de raça negra já é quase de imediato chamado de racismo.
Racismo é um termo que se define por tratar diferente outra “raça” humana, pelo seu aspecto e/ou costumes, e não por tratar pior uma dessas pessoas porque se eu trato mal um branco, tudo bem, mas se trato mal um negro, é como no outro caso, racismo, que é algo que é muito mal dito.
Carlos Machado, 11º A
Etiquetas:
crónica de costumes,
sociedade
A chamada! Breve e Curta Chamada!
A vida é feita de felicidade, de tristeza, e isto tudo, em sentimentos! Cada um expresso de uma forma diferente, fisicamente!
Redijo este texto com um pensamento divagado, mas organizado, tentando obter uma acção cruel, mas humana! “A chamada”.
Em cada suspiro, cada grito agonizante, que estremece a Terra desamparada no infinito, o desespero tal que “tais” ouvidos, incapazes e deficientes, não conseguem ouvir, são estes ”muitos dos” ouvidos humanos.
Mas o problema não está nos ouvidos, mas sim em quem os tem, e não é apenas esse o sentido, a visão também - culpados, aqueles que vêem e criticam ou discriminam!
O tacto. Ah! O tacto, coisa mais doce e culpada! Estes seres cruéis, que não tocam, que não sentem a pele do outro, e que acabam por desvalorizar e fazer isolar em partes aquilo que temos para conhecer, a linda e assustadora, comunidade!
E quando a dor já assusta e faz parar o ser numa palidez melancólica, as cordas vocais, mas que poderosas, estas armas letais, para os “outros” ouvidos inocentes e ingénuos.
Sabor, aquele, menos expresso, menos visto mas desde cedo conhecido e experimentado ao máximo, esse apenas fica entalado com o sentimento de revolta para com o “outro”.
E assim se escreve por cifra de palavras que geram a incógnita que cada um verá por breves segundos depois de prestar atenção, e saberá como agir! Racismo! Já não basta estarmos isolados numa migalha do universo? Ainda nos queremos isolar de seres iguais! Chega disto, prefiro ficar mudo, cego, surdo, e tudo mais! Chega!
Eduardo Silva, 11º A
Etiquetas:
crónica de costumes,
racismo
Cemitério de Movimentos
Eu, apenas eu e poucos mais, realmente paramos para pensar, não só imaginar mas ver, observar, admirar. E pouco adianta porque não vemos nada! Estes tempos parecem paralisados, sem qualquer fugaz escapatória de esforço. A sociedade!
Pelas aulas de História e Ciências, noto a evolução do Homem, como uma constante! Um pleno desejo do homem, um querer de mais até.
O homem descobriu o fogo, excelente! O homem descobriu a roda, fantástico! E por aqui fora numa linha sucessiva de tempo, vemos vários momentos gratificantes para os dias de hoje. Mas será que o momento que revolucionou tudo e todos, e que está mais presente é assim tão bom?
Invenção da máquina, inteligência artificial, tecnologia e tudo o mais que é capaz de nos fazer ficar de olhos esbugalhados, são a decadência e o veneno dos suicidas!
Isto atinge proporções para já imagináveis, mas amanhã, quem sabe? Cada vez mais parados, cada vez mais sedentários, cada vez mais mortos.
Se as máquinas fazem tudo por nós, quem vive? Nós ou elas? Não somos dotados de agilidade e perícia para fazermos o que devemos? Trabalhar é não ficar sentado, a ver os dias a passar. Assim, tornamo-nos pessoas em coma, mas que se mexem num espaço curto. Pessoas que apenas satisfazem os critérios mínimos de vida, que apenas se alimentam!
A pobreza dos dias de hoje! Grandes monumentos, grandes edifícios, comparando estes edifícios da actualidade aos antigos, que não tiveram ajuda a não ser os músculos, ossos, tendões e sistema nervoso, qual tem mais valor? O homem perde tudo quando pára, ou o homem se mexe ou o homem morre! Os jovens que estudam para um futuro estável, podem não o ter porque as emoções fugiram ou deixaram de existir e, esses sim, vão virar os robôs frios e pálidos sem qualquer reacção à vida ou de vida.
Constrói-se, descobre-se, aprende-se, exagera-se e ficamos sem palavras ao ver o próprio empurrão que nos deitou ao precipício! Morremos!
Gonçalo António Vilas Boas da Fonseca,11ºA
A perspectiva adequada
Queridos pais:
Desde que vim para o colégio, sei que não tenho escrito muito e lamento o meu descuido. Vou pôr-vos ao corrente do que tem sido a minha vida, mas primeiro, gostaria que se sentassem antes de continuarem a ler.
Bom. Encontro-me muito bem, agora. A fractura do crânio e o estado de choque que me provocou o salto da janela do dormitório, quando se incendiou, já está curada. Só estive quinze dias no hospital e já quase consigo ver com perfeita normalidade. Só às vezes me dão umas dores de cabeça, durante o dia.
Por sorte, quando o dormitório se incendiou e eu saltei pela janela, houve um rapaz de uma bomba de gasolina que viu tudo e chamou os bombeiros e a ambulância. Depois, até me veio visitar ao hospital e como o meu quarto estava todo queimado e eu não tinha onde ficar, convidou-me a ficar em casa dele. Não é bem uma casa, é mais uma cave. Mas está muito bem decorada. Ele é um rapaz óptimo e estamos muito apaixonados. Pensamos casar. Ainda não sabemos muito bem qual será a data, mas estávamos a pensar que fosse antes que se notasse a minha gravidez.
Sim, queridos pais, estou grávida. Sei que vão gostar de ser avós e que vão receber o bebé muito bem, dando-lhe o carinho e afecto que me deram a mim quando era pequena.
Sei que vocês vão receber o meu noivo, na nossa família, de braços abertos. Ele é carinhoso e, apesar de não ser muito educado, tem ambições. A sua raça e religião são muito diferentes das nossas, mas sei que a vossa frequente tolerância não vos vai deixar preocupados com isso.
Agora que já estão ao corrente de tudo, quero dizer-vos que o meu quarto do dormitório não se incendiou, não tive fractura nem choque, não fui ao hospital, não estou grávida, não tenho noivo e nem sequer há nenhum rapaz na minha vida. A única coisa que aconteceu foi que chumbei a História e passei a Ciências, e gostaria que vissem estes resultados numa perspectiva adequada.
A vossa filha que vos ama,
Maria
Manuel Sarmento, 11ºA
Desde que vim para o colégio, sei que não tenho escrito muito e lamento o meu descuido. Vou pôr-vos ao corrente do que tem sido a minha vida, mas primeiro, gostaria que se sentassem antes de continuarem a ler.
Bom. Encontro-me muito bem, agora. A fractura do crânio e o estado de choque que me provocou o salto da janela do dormitório, quando se incendiou, já está curada. Só estive quinze dias no hospital e já quase consigo ver com perfeita normalidade. Só às vezes me dão umas dores de cabeça, durante o dia.
Por sorte, quando o dormitório se incendiou e eu saltei pela janela, houve um rapaz de uma bomba de gasolina que viu tudo e chamou os bombeiros e a ambulância. Depois, até me veio visitar ao hospital e como o meu quarto estava todo queimado e eu não tinha onde ficar, convidou-me a ficar em casa dele. Não é bem uma casa, é mais uma cave. Mas está muito bem decorada. Ele é um rapaz óptimo e estamos muito apaixonados. Pensamos casar. Ainda não sabemos muito bem qual será a data, mas estávamos a pensar que fosse antes que se notasse a minha gravidez.
Sim, queridos pais, estou grávida. Sei que vão gostar de ser avós e que vão receber o bebé muito bem, dando-lhe o carinho e afecto que me deram a mim quando era pequena.
Sei que vocês vão receber o meu noivo, na nossa família, de braços abertos. Ele é carinhoso e, apesar de não ser muito educado, tem ambições. A sua raça e religião são muito diferentes das nossas, mas sei que a vossa frequente tolerância não vos vai deixar preocupados com isso.
Agora que já estão ao corrente de tudo, quero dizer-vos que o meu quarto do dormitório não se incendiou, não tive fractura nem choque, não fui ao hospital, não estou grávida, não tenho noivo e nem sequer há nenhum rapaz na minha vida. A única coisa que aconteceu foi que chumbei a História e passei a Ciências, e gostaria que vissem estes resultados numa perspectiva adequada.
A vossa filha que vos ama,
Maria
Manuel Sarmento, 11ºA
Vamos pró Tibete?
Estou perdido! Este país está perdido! Corrijam-me se estiver errado, mas o dia-a-dia não é um inferno? É que nem dá gosto sair da cama.
O inferno começa logo de manhã, saímos de casa para levar os nossos filhos à escolinha, deparamo-nos logo com uma fila enorme de carros, e isto porquê? Porque os paizinhos dos meninos param no meio da estrada para o filhinho sair do carro e entrar na escolinha, enquanto o paizinho está no meio da estrada a interromper o trânsito, ndiferente à buzina do nosso carro, que está quase com o depósito vazio e não temos dinheiro para o encher.
Chegamos ao trabalho e encontramos duas torres de papéis em cima da secretária para ler, corrigir, reler e entregar ao chefe que foi jogar golfe, mas já volta.
E assim chegamos a meio do dia, já estoirados. Vamos almoçar a um café qualquer e só queremos comer descansados, mas quem havia de estar ao nosso lado? Pois é, as amigas reformadas que põem a cusquice em dia, enquanto nós nos tentamos abstrair e olhar para a televisão para presenciar mais um aumento dos combustíveis.
De tarde, lá vamos nós para o trabalho, depois de estarmos mais meia hora na fila, lá vamos ouvir do nosso “queridinho” chefe porque já é o 3º atraso este mês. Finalmente, depois de muitos e-mails recebidos e muitos papéis preenchidos, lá vamos nós para casa. Mas atenção, antes ainda temos que ir buscar os nossos filhos à escola, e consequentemente estar mais uma hora na fila.
Chegamos a casa e descansamos um bocado no sofá, a ver as inúmeras cartas de contas para pagar, e a pensar porque razão acordamos de manhã neste país. Vamos pró Tibete? Pior não deve ser…
André Coutinho de Matos,11º A
Costumes: Bens essenciais ou Males desnecessários
Outro dia estava eu instalado no meu sofá a ver televisão, quando passa um reclame relativo ao S. João, grandes sardinhadas, vinho sempre a acompanhar, enfim, um costume que traz toda a população local para as ruas.
Até ai, nenhum problema, mas veio-me à cabeça um aspecto, digamos, algo curioso: as marchas de S. João são uma tradição religiosa e, num dia tão religioso, apenas se vêem na rua bêbados a tropeçar e cenas de pancadaria. Como não sou muito supersticioso, não acredito muito em santos, em Deus sim, mas em santos não e esta sociedade, habituada mais a relacionar os seus milagres aos seus santinhos do que a Deus, gosta muito disto. Mas, a propósito, não será isto um bocado contraditório?
Ora vejamos: os santos, supostamente, são pessoas bondosas, gostam de ajudar o próximo e, num dia tão religioso como este, dedicado a tais santos, não deveria a sociedade ir à igreja, pedir os seus milagres e ingerir a sua hóstia? Pois parece que não, preferem, vestir-se a rigor, ir para a rua encontrar os amigos e apanhar uma semelhante bebedeira que no dia seguinte não se levantam.
Agora é altura de cada um se perguntar: será que a sociedade moderna não vê os feriados santos como dias para desanuviar e deixar os problemas para outro dia, ou estará ela a transformar estes dias tão santos, formados em séculos de história, num grande circo em que os santos são os bombos da festa, e a sociedade, as crianças que esperam impacientes por um doce!
O que é certo é que o santinho deixa de ter importância, e olhem que qualquer dia ele enerva-se e aí é que vai ser giro.
Pois é, cada um tem um ponto de vista, mas eu na revelo o meu, pois sujeito-me a ser seguido por cristãos fanáticos, e além disso, os costumes [???] pois eu preciso de dias livres.
Pedro Miguel da Silva Barreto, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
religião
segunda-feira, 2 de junho de 2008
A Democracia em Portugal
Os nossos políticos passam o tempo a prometer que serão os verdadeiros representantes dos eleitores, quando na verdade a sua profunda preocupação é salvaguardar os seus próprios interesses.
É agradável recordar que já houve democracia directa em Atenas e que o povo grego reunia em assembleia de três em três meses ao ar livre, fazendo intervenções públicas a defender as suas ideias, a expor os seus problemas, a dar as suas opiniões.
As deliberações eram tomadas em função dos votos da maioria, simplesmente, daqueles que estivessem presentes. As pessoas conversavam umas com as outras focando os seus problemas e auscultando a opinião dos parceiros nas lojas, praças, nas tabernas, à mesa, no intuito de aclarar as ideias, encontrar soluções e resolver pela via mais certa e pelo acordo.
As visões alternativas eram apresentadas e a decisão final pertencia aos membros da assembleia. A participação na via pública era feita por sorteio, o que implicava que todos os cidadãos estavam preparados para exercer a administração e a gestão das coisas públicas. Essa actividade era exercida gratuitamente e os poucos que necessitassem ser remunerados tinham um salário inferior ao de um pedreiro.
Sob este sistema de governação e gestão, Atenas foi o Estado mais próspero, mais culto e mais poderoso do mundo grego, durante mais de 200 anos.
Todos os cidadãos podiam votar e propor leis, com a excepção (por força da mentalidade e costumes da época) das mulheres e dos escravos.
Que fizeram alguns pensadores reguilas do fim do séc. XVIII? Foram à filosofia e história da Grécia buscar a “Democracia” e trouxeram só a capa do livro e esqueceram lá o conteúdo. Inventaram a democracia representativa onde o povo elege um representante e este é que vai para a assembleia. Agora surge a pergunta: o representante defende a vontade de quem o elegeu, ou vai defender os seus interesses, os das cúpulas do partido ou, ainda pior, dando apoio, contra a vontade da maioria popular, aos dirigentes da nação, que investem o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos, em futilidades caríssimas, em obras inúteis e megalómanas, em investimentos que só favorecem empreiteiros amigos e familiares, fomentando uma descarada corrupção e vergonhosas derrapagens.
Aqui fica um desafio às “democracias modernas” que será o de evitar que a regra da maioria se torne em tirania para o povo.
Quase todos os estados do mundo se dizem apoiantes da democracia, mas nenhum a cumpre na prática. Mais flagrante ainda é o caso das denominadas democracias populares que nunca passaram de ditaduras.
O povo é manipulado pelas classes dominantes na hora de tomar uma decisão importante para o país. O cidadão é preterido em relação aos interesses das minorias do poder.
Por tudo o que se vê e tem visto, sou levado a afirmar que, se a democracia fosse realmente aberta, franca, transparente e tivesse como objectivo o bem de todos e fosse assegurada pelas pessoas certas, no lugar certo, ou seja, pessoas com idoneidade política, com cultura histórica sobre a condição humana, com personalidade, com carácter, com consciência limpa e um pouco de respeito pela vida e dia-a-dia de cada um, evitaríamos tanta desordem mental, tanto desrespeito à paz de cada família, tanta corrupção até ao mais alto nível, tanta indisciplina, tanta anarquia, tão pouco respeito pela integridade do ser humano e pela sua vida, tanta indiferença pela miséria que tantos suportam, e, para finalizar, tanta protecção ao criminoso, com tanto desprezo pelas vítimas.
Estamos numa ditadura cruel, desumana, perigosa e aterrorizante. Assenhorearam-se da rádio, da televisão, da imprensa onde se espalha uma má cultura, uma péssima informação e são ministrados certos narcóticos ao “Zé Povinho” para o trazer entretido, tais como concursos de futilidade, novelas de muito mau gosto e um futebol alienante que é tudo menos desporto.
Ò santa democracia, tanta lama te atiraram ao rosto que ficaste cega e não sei quando voltarás a ver a beleza do sol que brilhou cheio de humanidade, nos tempos e nas terras de quem te inventou.
Eu vou esperar, porque haverá sempre alguém que acredita em milagres e eu estou na lista…
José Rafael Soares da Costa, 11ºA
Etiquetas:
crónica de costumes,
Democracia
A Vida na Terra
No início do Universo, quando o criaram, ou quando se criou a si próprio (isto é uma questão subjectiva que não vou discutir por agora), praticamente tudo se relacionava em plena harmonia, qualquer divergência era corrigida sem qualquer “stress” e tudo era “normal”, até que a famosa evolução das espécies formou o Homem.
Esta estranha criatura a quem deram alguns “poderes especiais” consegue fazer coisas extremamente engraçadas com esses poderes. A racionalidade é um desses poderes. Mas que fez o Homem com esse poder que o diferenciou das outras criaturas e que o tornou tão especial? Será que se serviu dele para melhorar a vida no planeta que o acolheu e lhe permitiu o seu desenvolvimento? A que assistimos hoje em dia? Porque é que são as alturas de grandes conflitos que permitem desenvolver e melhorar certas invenções? Parece que, afinal, esse poder tão especial em vez de ter conduzido o Homem a um mundo perfeito, apenas o está a levar à sua própria destruição.
A inteligência de certos líderes mundiais, de que George Bush é o expoente máximo, só tem contribuído para a destruição daquilo que poderia ser um paraíso. Alarga-se cada vez mais o fosso entre os países ricos e os pobres. Na Europa, deitam-se fora ou queimam-se, os excedentes agrícolas para que os preços não desçam, enquanto em África se morre à fome. O aquecimento global aumenta cada vez mais o risco de catástrofes naturais e são poucos os paraísos que ainda conseguimos preservar.
Que pretende este Homem fazer? Destruir-se? Suicidar-se? Ou será que conseguirá “dar a volta” e criar um Novo Homem capaz de alterar o que parece inalterável?
A continuar assim, sempre na tentativa de controlar o seu futuro, sem abdicar de determinados privilégios e sem fazer nenhum sacrifício, o Homem só conseguirá destruir a herança do passado e hipotecar o futuro dos seus descendentes.
Rui Bonifácio
11º C
Etiquetas:
crónica de costumes,
Terra
Desabafo
De repente sinto-me outra! Sinto-me diferente! Chego a não me reconhecer.
Cresci, a verdade é que cresci, e mudei, realmente mudei. Até de amigos “mudei”. Os meus amigos parecem não ser os mesmos. Não os consigo reconhecer! O que nos unia deixou de existir e a vontade de partilhar desapareceu no meio da hipocrisia que sinto quando com eles converso.
Esta hipocrisia gera pensamentos maus, muito maus mesmo. Podemos até pôr em causa a verdadeira amizade. Quando alguém chega com o discurso: “vou contar-te uma coisa, mas não podes dizer nada a ninguém”, começo logo a pensar que o que me está a ser contado é algo que deveria ficar entre quem confia e a pessoa a quem foi confiado. Se um “amigo” não sabe guardar o segredo de outro, é quebrada de imediato a relação de confiança que existe entre eles, o que me leva a pensar que, certamente, fará o mesmo quando eu lhe confiar algo confidencial. Isto faz-me sentir incomodada quando estou perto deles, chegando mesmo a deixar de procurar a sua companhia.
Será que tenho alguma culpa por sentir que estou a perder os meus amigos?! Não. Finalmente hoje percebi que não. No entanto, não sei se esteja alegre, por me sentir um tanto ou quanto aliviada, ou triste, por chegar à conclusão de que os amigos mudam, desiludem-nos e crescem, de maneiras diferentes da nossa, o que nos leva a deixá-los.
Será que é isto que acontece quando começamos a “crescer”?! Será que acontece com todos?! Será que me esperam ainda muitas desilusões?!
Certamente que sim, mas consegui hoje também perceber que não será pelo facto de crescermos em sentidos diferentes e os nossos interesses serem divergentes ou os temas de conversa não serem os mesmos, que me vou sentir mal e chorar “baba e ranho”. Acredito que, se existem “amigos” que não nos ajudam e ainda pioram a situação para se sentiram os melhores do mundo e superiores aos outros, também existem amigos para a vida toda e que nos farão sempre sentir bem-vindos e alegres com a nossa companhia!
Eduarda Silva Correia 11º.A
É a isto que chamamos de amor?
Amor…
O que é que entendemos por amor?
Nada?
Mas será que toda a gente pensa assim?
Eu digo que não… E sabem porquê?
Eu digo o porquê! Nem toda a gente pensa assim porque, se nós repararmos bem à nossa volta, o que mais há é hipocrisia e falsidade.[???]
E no amor é o que mais existe… Falsidade, hipocrisia, infelicidade e desrespeito pelo parceiro.
As pessoas já não ligam ao verdadeiro amor. Agora só ligam à aparência, à beleza, se usam roupa ou calçado de marca. E o seu interior não conta? Por não ser tão bonito como a outra [?] quer dizer que não mereça ser amada?
Há pessoas que chegam a amar essas pessoas “ menos bonitas”, só que não admitem. E sabem porquê? Por causa dos amigos, dos colegas, têm medo de serem gozados e postos de parte por causa do seu amor.
Acham justo?
Acham que no amor, a beleza, o dinheiro contam para alguma coisa? De que nos adianta termos isso tudo e não sermos felizes?
O que mais existe agora é casar por dinheiro, pela beleza do parceiro, dizer-se que se ama muito a outra pessoa e, no fundo, ser tudo mentira… Viver na infelicidade, ou, para não viver na infelicidade, arranjar uma segunda pessoa para resolver o problema. Isto no mundo dos adultos, porque no mundo dos adolescentes, bem nem se fala.
Os rapazes têm a mania que só por “comer” muitas miúdas são os maiores e as raparigas têm a mania que são “boas” por andarem tantos rapazes atrás delas! A maior parte desses “ comes” correm mal, porque as pessoas acabam por se apaixonar, mas estas pessoas não andam com pessoas “ menos bonitas”. Primeiro procuram uma vitima que seja bonita, “boa”, com dinheiro para pagar o lanche de vez em quando (ou sempre). E depois “come”, “come” e vão-te embora. Se gostaste, gostaste, senão gostaste paciência, também já não há nada para ninguém.
Onde está o amor?
Aquele onde se corria riscos para estar com o seu amado (a)?
Acabou…desapareceu
Agora vivemos a palhaçada do amor!
(Não quer dizer que seja sempre assim, mas todas sabemos que isto é bem verdade)
Andreia, 11.ºB
domingo, 1 de junho de 2008
Portugal Inventado
Acto 1
Estúdio televisivo preparado para uma entrevista em directo. Aspecto sóbrio: decoração pobre, adequada ao ambiente profissional, em tons cinzentos e negros; mesa preta em forma de meia-lua de fronte para o público. Em cada uma das suas extremidades uma cadeira estofada vermelha. Painel com a bandeira portuguesa atrás da mesa, ao longo do estúdio. Presença de vários holofotes, focos de luz ligados e câmaras de filmar em vários pontos do estúdio.
Cena 1 – Professora Manuela Cabral (PMC), sentada na extremidade esquerda da mesa, ladeada, na extremidade direita, pela entrevistadora (E). Ambas vestem um fato de corte clássico, com blazer. A presidente traja vermelho, a entrevistadora branco. Há também um Assistente de Realização (AR).
AR – 10 segundos.
(ouve-se o genérico)
AR – 3, 2…
E (Para a câmara central.) – Boa Noite. Bem vindos à segunda parte desta Entrevista Extraordinária. Seis meses após a formação da Aliança Ibérica, o Canal de Portugal e da Galiza entrevista, em directo, a nova Primeira-ministra; a carismática ex-líder do Grupo Separatista do Norte, que após vários meses de tentativas de acordos, assinou o tratado que determina a independência da região peninsular norte do resto da recentemente formada Aliança Ibérica. (Dirige-se a Manuela Cabral) Mais uma vez, Boa noite Professora.
PMC – Boa Noite.
E – Professora, tendo já analisado as perspectivas económicas e financeiras durante a primeira parte, as nossas questões abordam agora a visão social que este governo projecta. Começo por lhe perguntar que perspectivas de evolução social tem a região nortenha, muito apesar da convicta propaganda que ambos outrora governos português e espanhol fizeram passar, alastrando a esperança da criação de uma nova super potência com a Aliança Ibérica?
PMC – (Esboça um pequeno sorriso, mantém os cotovelos em cima da mesa, com as mãos unidas, movendo-as.) O que diz respeito ao panorama social inicial que o Estado poderá enfrentar, depende em muito do rumo da mentalidade nacional.
E – E com isso pretende dizer que…?
PMC – … Que nada advirá da independência, se este novo Portugal permanecer submerso no seu fado, nos seus complexos saudosistas.
E – Crê, então, que o progresso da “nova nação” (acentua a palavra) passa pela negação dos costumes, das tradições?
PMC – Não, muito francamente. Não estendo esta ideologia a um nível tão radical, pelo que considero que nenhuma tradição deve ser ignorada, ou proibida. Mas não poderemos questionar o seu nível de qualidade, a imagem que este apego torpe, mesquinho ao provincianismo projecta em nós e no exterior? Eu não acredito no nascer para ser. Mas, por agora, vejo a extinção do estereótipo “Zé da Boina”, do “marialvismo” (vá!), tão perto como Urano.
E – Nessa linha de raciocínio, conclui que dos esforços do separatismo resultará uma nação portuguesa frustrada? Sabemos, da velha idiossincrasia portuguesa, que a região norte sempre foi mais conservadora. Como dirige um governo vanguardista este novo Portugal?
PMC – Uma nação frustrada? Qual quê!... Encomendamos alento aos galegos!... E na verdade, somos ingratos. Abraçaram-nos na luta, e fazem-no na nação. Contudo, ainda não os temos como nós. O que me deixa um tanto desolada: não mereceriam eles ser os donos dessa petulância?... (sorri, jovialmente)
Felizmente temos vários grupos, não só ministérios, dos vários campos (científicos e humanísticos), a realizar estudos e projectos. Por exemplo, o associativismo universitário portuense, em muito, coadjuvou em muito o GSN e continua-a em acção no que respeita à estrutura dos projectos governamentais. Isso denota ânsia, força, num seio de uma geração capaz.
Contudo, é como lhe digo: há problemas de ordem social que poderão constituir entraves ao Estado. Mas, como prioridade social (e até porque das outras já falamos) aspiramos a tornar a escolaridade pública, gratuita e com qualidade. E isso fará toda a diferença, especialmente porque a região norte é também a mais jovem de toda a Europa. O progresso ou o fracasso de uma nação baseia-se no conhecimento que esta possui – tentaremos estimulá-lo! – e esse estímulo não pode passar pela inflação de três valores numa nota académica, em troca de uma mensalidade de 300€, entende-me?
Existe um plano para as igualdades de direitos, no qual também a questão da educação se insere, mas não só. Também a questão da discriminação sexual, das deficiências, a discriminação socio-económica e processos de vitimização provenientes destes factores, entre outros.
Há também projectos de lei, a nível de planeamento e ordenamento de território, como a progressiva eliminação de bairros de lata, através da construção de bairros sociais; (Aparte) Temos que admitir que as TvCabo e os 150 cavalos condizem melhor com estes últimos, não é verdade?
E – Como pretende tornar o ensino exclusivamente público? (Aparte) A mulher sofre de demência aguda! (Continua, impecável) Não teme um surto de revolta? Não temerão os portugueses a expropriação das empresas privadas?
PMC – Dentro três anos, todas as escolas portuguesas serão públicas. A educação deve ser igualitária, não uma forma de hierarquização. Se os cidadãos são iguais perante a lei, então a formação destes também o deve ser. E jamais deverá ser tida como um negócio. A intervenção do Estado fica-se por aqui. Não haverá qualquer expropriação a empresas privadas.
E – Há pouco falávamos da sociedade nortenha, do seu conservadorismo.
PMC – Quanto ao conservadorismo, que na generalidade a caracteriza, não o temo. Começo a crer que os que escolheram ficar, já não procuram partidos; Procuram… Homens, diria? (ambas se riem) Além disso, lisonjeia-me o conservadorismo que coloca uma mulher de esquerda no poder.
E – Como reagirá o país, se a potência da Aliança Ibérica se realizar? Ponderará este Estado fazer parte dela?
PMC – Com todo o devido respeito, por minha experiência lhe digo – só enlaça a demagogia quem a quer. A propaganda da Aliança não busca só eleitores, mas cidadãos, mão-de-obra. Com toda a sinceridade, espero não vir a ver uma potência proletária. Duas nações não se tornam uma com um tratado. Há processos de assimilação cultural, que se estendem, se prolongam por muito tempo. Da anexação poderá haver a desigualdade entre os dois povos. E consigo já adivinhar o que fica por cima.
E – Nasceu daí a formação do GSN? De uma premissa fundamentada no medo? No terror da sublevação do sangue lusitano?
PMC – Não. O GSN brotou de um forte desejo de continuar Portugal! Não tem de ser um sonho utópico, um projecto de vida, um Quinto Império. Contudo, tem de ser a prova da afirmação nacional. De que somos capazes. De atingir a qualidade de vida e a grandiosidade que até agora não conquistamos.
E – Considera que a Aliança é um sinal de impotência das velhas nações, de Portugal particularmente, face a magnitude de outras?
PMC – Absolutamente. No entanto essa impotência, essa pequenez, é puramente psicológica, como já lhe disse que creio. O saudosismo! Nós projectamos em nós mesmos e no exterior algo que nem sempre somos. Não é a falta de inteligência que nos afecta. (Aparte) A prová-lo temos é um défice de auto-reconhecimento, de auto-estima colectiva. Isso não se revê só nesta aliança. Quantos não tiveram de (quase como se se erradicassem da pátria) viver lá fora, para serem reconhecidos? Quantas Paulas Rego, Saramagos, Antónios Damásio não o fizeram pela sobrevivência dos seus sonhos, da sua genialidade? Quantos terão de o fazer? Há um ciclo vicioso em que a única forma de afirmar o que se tem é afirmar o que se é, e vice-versa. Portugal, um novo Portugal, tem de se afirmar. Caso contrário rompe esse ciclo, restando-lhe apenas meia dúzia de biografias heróicas e um choradinho perpetuamente consagrado.
ACTO 2
Decorre em ambiente familiar; sala de estar: Decoração moderna; colorida, tendencialmente clara; traços universitários – livros, encadernações e canetas desorganizadamente empilhadas numa estante, à esquerda. Perto da estante, uma porta de acesso a uma divisão incógnita. Do lado oposto, a porta que divide a sala de estar do hall de entrada. Ouve-se o som oriundo do aparelho televisivo que repousa por cima de uma cómoda. Ao centro, de fronte para a TV, o sofá, sobre o qual se mostram os cigarros, um cinzeiro e uma pedra de marijuana.
CENA 1 – Tiago Rodrigues (T), confortavelmente estirado sobre o sofá, observando a mãe no grande ecrã, ia consumindo um charro morosamente, sorrindo, inebriado a cada bafo, como se deles extraísse o sentido da sua existência. Veste-se informalmente (jeans e t-shirt) e está descalço. Helena (H) Hippie, movimentos e discurso descontraídos.
(ouve-se a porta de entrada a abrir e fechar)
H – Já cheguei. Fui às compras. Trouxe carne, bolachas, cereais e Favaios. (olha para a sala e para o amigo) A Marri?
T – Está lá dentro. (solta o ar travado) A fazer o teste.
H – Então e a tua mamã, que tal fica na Tv?
T – Assustadoramente íntegra para a classe a que se juntou. (risos)
H – De que está a falar agora?
T - Ah! Dos renegados da pátria. Embora eu me questione sempre se não desprezam eles as raízes, que não lhes deram nada senão a fronteira. A minha mãe quer acreditar que não, talvez pelo meu irmão, que…
H – (interrompe-o) É verdade! Saiu no jornal! Então os suíços sempre lhe querem comprar a patente.
T – A minha mãe ainda espera que ele volte a Portugal, qual elefante branco, com o seu protótipo do carro a hidrogénio.
H – E ele?
T – Oh! Tenho p’ra mim qu’ele não volta tão cedo.. Este Estado ainda não tem a maturidade suficiente para os planos dele. E coitada da mamã: morre de desgosto com o filho longe.
H – Deixa ouvir, deixa ouvir (o último “deixa ouvir” é quase sussurrado)
(ouve-se da televisão “Professora, uma última pergunta: relativamente a quando nos falava do estereótipo “Zé da Boina”, e da sua persistência na sociedade moderna deste século XXI. Sabendo que ele se prende com a tradição campesina, agravada pelo atraso da democracia em Portugal, não teme que as forças monárquicas bragançanas, que em tanto apoiaram o GSN, possam vir a ter um peso, para que esta imagem, este estereótipo, não se dilua facilmente?” Diz a Professora “Não. Podemos afirmar que o monarquismo proveniente da velha Bragança, insensato e extremista, é praticamente irrelevante – tanto a nível social como partidário.”)
H – A mulher não tem papas na língua. Qualquer dia ainda lhe acontece alguma.
T – Ela é honesta. Nunca abandonou os ideais. Foi a determinação que lhe arruinou o casamento, e outras relações. Também lhe trouxe algumas quebras de tensão. A força dela é inestimável, tal como o carácter. Admiro-a.
H – Óóó… quão fófinho o filhotinho! (aperta-lhe as bochechas e abana-as) Vá, chega! Vou fazer o jantar, amanhã é a tua vez. (abandona a sala enquanto Tiago apaga o charro.)
Cena 2 – Tiago, Marianne (ruiva, cabelos encaracolados, aspecto desleixado, natural, mas bonita; sotaque francês vincado)
(Marianne entra, Tiago levanta-se)
T – Então?! (com expectativa)
M – (Abana a cabeça afirmativamente, com um sorriso emotivo)
T – Ah! Minha francesa! (Abraçam-se)
Cena 3 – Tiago, Marianne e Helena
(Helena que havia saído entra de novo)
H – Que me dize… (observa os seus semblantes sorridentes, agora com os respectivos olhos nos seus) Ó! Não me digam que o teste à salvação da humanidade deu positivo?
T – Deu sim senhora!
H – Isto é uma loucura! “P’ra contornar a tendência.” E agora? Que faço eu aos favaios? Bebo sozinha? São 23 anos de vida, mulher! Estás-te a arruinar.
M – Mais non! Está no ponto Helena! E non poderás tu reflectir um pouco sobre a questão? Até o vosso poeta diz que o melhor do mundo são as crianças! Eu posso. Sou uma privilegiada. O curso está no fim e ambos possuímos economias para ter a criança. É para contrariar a tendência, amiga!!
H – Há tantas tendências que podem contrariar! O qu’a maconha faz às vossas cabeças, por exemplo! Olha riquinha, não te arrependas. Espero que te não chegue o dia em que desejarias ter contribuído para o “suicídiô colectivô”. (ri-se) E especialmente que não isso não se passe a um Sábado à noite.
M – Non digas essas coisas Helena. Nem tu acreditas que eu sej’assim. Eu sou livre: não me incluo no universo das desinformadas, nem no das imprudentes. Nem no das egoístas. (olhar sugestivo a Helena)
H – Ai sim? E como é se sustenta um filho com um abono de família de 13 euros?
M – Non interessa. Como ia dizendo: hei-de cumprir a maternidade da primeira geração vindoura. Para que neles não corra o vosso arcaico fado, mas o fervor da revolução.
H – Oh, não quererás acrescentar o século XVIII ao ADN da criança?
M – És uma impertinente. (Alegre)
T – E tu ligas-lhe? Ela só está a espera do convite!
H – Por quem me tomas?!
T – (num tom quase clerical) Diria que de típico não tens nada! Crês em Deus todo-poderoso? Não. Crês na sua instituição representativa? Também não. E, no entanto, estás disposta a fazer um juramento junto à Cruz do Messias, que te obriga a educar o baptizado segundo as Leis de Cristo na ausência de seus pais com o intento de lhe poderes beliscar as bochechas gordas com mais força do que toda a restante gente pois tu e ninguém mais possui estatuto para tal?
H – Oh… cinco quilos de injustiça pesam essas palavras. (irónica, alegre)
T- Não sei se o baptizaremos. Não é nossa vontade, mas como não vacila esta ante a vontade de meus pais?
H – Isso, eu não sei. Contudo, tenho a certeza que se a Vossas Senhorias, Donas da Inteligência, lhes ocorre conceber um néné aos vint’e poucos anos, também decerto ocorrerá uma solução.
M – Por falar em soluções, vamos amanhã assistir à ratificação da declaração do Porto como cidade capital de Portugal?
Liliana Freitas, 11ºG
Estúdio televisivo preparado para uma entrevista em directo. Aspecto sóbrio: decoração pobre, adequada ao ambiente profissional, em tons cinzentos e negros; mesa preta em forma de meia-lua de fronte para o público. Em cada uma das suas extremidades uma cadeira estofada vermelha. Painel com a bandeira portuguesa atrás da mesa, ao longo do estúdio. Presença de vários holofotes, focos de luz ligados e câmaras de filmar em vários pontos do estúdio.
Cena 1 – Professora Manuela Cabral (PMC), sentada na extremidade esquerda da mesa, ladeada, na extremidade direita, pela entrevistadora (E). Ambas vestem um fato de corte clássico, com blazer. A presidente traja vermelho, a entrevistadora branco. Há também um Assistente de Realização (AR).
AR – 10 segundos.
(ouve-se o genérico)
AR – 3, 2…
E (Para a câmara central.) – Boa Noite. Bem vindos à segunda parte desta Entrevista Extraordinária. Seis meses após a formação da Aliança Ibérica, o Canal de Portugal e da Galiza entrevista, em directo, a nova Primeira-ministra; a carismática ex-líder do Grupo Separatista do Norte, que após vários meses de tentativas de acordos, assinou o tratado que determina a independência da região peninsular norte do resto da recentemente formada Aliança Ibérica. (Dirige-se a Manuela Cabral) Mais uma vez, Boa noite Professora.
PMC – Boa Noite.
E – Professora, tendo já analisado as perspectivas económicas e financeiras durante a primeira parte, as nossas questões abordam agora a visão social que este governo projecta. Começo por lhe perguntar que perspectivas de evolução social tem a região nortenha, muito apesar da convicta propaganda que ambos outrora governos português e espanhol fizeram passar, alastrando a esperança da criação de uma nova super potência com a Aliança Ibérica?
PMC – (Esboça um pequeno sorriso, mantém os cotovelos em cima da mesa, com as mãos unidas, movendo-as.) O que diz respeito ao panorama social inicial que o Estado poderá enfrentar, depende em muito do rumo da mentalidade nacional.
E – E com isso pretende dizer que…?
PMC – … Que nada advirá da independência, se este novo Portugal permanecer submerso no seu fado, nos seus complexos saudosistas.
E – Crê, então, que o progresso da “nova nação” (acentua a palavra) passa pela negação dos costumes, das tradições?
PMC – Não, muito francamente. Não estendo esta ideologia a um nível tão radical, pelo que considero que nenhuma tradição deve ser ignorada, ou proibida. Mas não poderemos questionar o seu nível de qualidade, a imagem que este apego torpe, mesquinho ao provincianismo projecta em nós e no exterior? Eu não acredito no nascer para ser. Mas, por agora, vejo a extinção do estereótipo “Zé da Boina”, do “marialvismo” (vá!), tão perto como Urano.
E – Nessa linha de raciocínio, conclui que dos esforços do separatismo resultará uma nação portuguesa frustrada? Sabemos, da velha idiossincrasia portuguesa, que a região norte sempre foi mais conservadora. Como dirige um governo vanguardista este novo Portugal?
PMC – Uma nação frustrada? Qual quê!... Encomendamos alento aos galegos!... E na verdade, somos ingratos. Abraçaram-nos na luta, e fazem-no na nação. Contudo, ainda não os temos como nós. O que me deixa um tanto desolada: não mereceriam eles ser os donos dessa petulância?... (sorri, jovialmente)
Felizmente temos vários grupos, não só ministérios, dos vários campos (científicos e humanísticos), a realizar estudos e projectos. Por exemplo, o associativismo universitário portuense, em muito, coadjuvou em muito o GSN e continua-a em acção no que respeita à estrutura dos projectos governamentais. Isso denota ânsia, força, num seio de uma geração capaz.
Contudo, é como lhe digo: há problemas de ordem social que poderão constituir entraves ao Estado. Mas, como prioridade social (e até porque das outras já falamos) aspiramos a tornar a escolaridade pública, gratuita e com qualidade. E isso fará toda a diferença, especialmente porque a região norte é também a mais jovem de toda a Europa. O progresso ou o fracasso de uma nação baseia-se no conhecimento que esta possui – tentaremos estimulá-lo! – e esse estímulo não pode passar pela inflação de três valores numa nota académica, em troca de uma mensalidade de 300€, entende-me?
Existe um plano para as igualdades de direitos, no qual também a questão da educação se insere, mas não só. Também a questão da discriminação sexual, das deficiências, a discriminação socio-económica e processos de vitimização provenientes destes factores, entre outros.
Há também projectos de lei, a nível de planeamento e ordenamento de território, como a progressiva eliminação de bairros de lata, através da construção de bairros sociais; (Aparte) Temos que admitir que as TvCabo e os 150 cavalos condizem melhor com estes últimos, não é verdade?
E – Como pretende tornar o ensino exclusivamente público? (Aparte) A mulher sofre de demência aguda! (Continua, impecável) Não teme um surto de revolta? Não temerão os portugueses a expropriação das empresas privadas?
PMC – Dentro três anos, todas as escolas portuguesas serão públicas. A educação deve ser igualitária, não uma forma de hierarquização. Se os cidadãos são iguais perante a lei, então a formação destes também o deve ser. E jamais deverá ser tida como um negócio. A intervenção do Estado fica-se por aqui. Não haverá qualquer expropriação a empresas privadas.
E – Há pouco falávamos da sociedade nortenha, do seu conservadorismo.
PMC – Quanto ao conservadorismo, que na generalidade a caracteriza, não o temo. Começo a crer que os que escolheram ficar, já não procuram partidos; Procuram… Homens, diria? (ambas se riem) Além disso, lisonjeia-me o conservadorismo que coloca uma mulher de esquerda no poder.
E – Como reagirá o país, se a potência da Aliança Ibérica se realizar? Ponderará este Estado fazer parte dela?
PMC – Com todo o devido respeito, por minha experiência lhe digo – só enlaça a demagogia quem a quer. A propaganda da Aliança não busca só eleitores, mas cidadãos, mão-de-obra. Com toda a sinceridade, espero não vir a ver uma potência proletária. Duas nações não se tornam uma com um tratado. Há processos de assimilação cultural, que se estendem, se prolongam por muito tempo. Da anexação poderá haver a desigualdade entre os dois povos. E consigo já adivinhar o que fica por cima.
E – Nasceu daí a formação do GSN? De uma premissa fundamentada no medo? No terror da sublevação do sangue lusitano?
PMC – Não. O GSN brotou de um forte desejo de continuar Portugal! Não tem de ser um sonho utópico, um projecto de vida, um Quinto Império. Contudo, tem de ser a prova da afirmação nacional. De que somos capazes. De atingir a qualidade de vida e a grandiosidade que até agora não conquistamos.
E – Considera que a Aliança é um sinal de impotência das velhas nações, de Portugal particularmente, face a magnitude de outras?
PMC – Absolutamente. No entanto essa impotência, essa pequenez, é puramente psicológica, como já lhe disse que creio. O saudosismo! Nós projectamos em nós mesmos e no exterior algo que nem sempre somos. Não é a falta de inteligência que nos afecta. (Aparte) A prová-lo temos é um défice de auto-reconhecimento, de auto-estima colectiva. Isso não se revê só nesta aliança. Quantos não tiveram de (quase como se se erradicassem da pátria) viver lá fora, para serem reconhecidos? Quantas Paulas Rego, Saramagos, Antónios Damásio não o fizeram pela sobrevivência dos seus sonhos, da sua genialidade? Quantos terão de o fazer? Há um ciclo vicioso em que a única forma de afirmar o que se tem é afirmar o que se é, e vice-versa. Portugal, um novo Portugal, tem de se afirmar. Caso contrário rompe esse ciclo, restando-lhe apenas meia dúzia de biografias heróicas e um choradinho perpetuamente consagrado.
ACTO 2
Decorre em ambiente familiar; sala de estar: Decoração moderna; colorida, tendencialmente clara; traços universitários – livros, encadernações e canetas desorganizadamente empilhadas numa estante, à esquerda. Perto da estante, uma porta de acesso a uma divisão incógnita. Do lado oposto, a porta que divide a sala de estar do hall de entrada. Ouve-se o som oriundo do aparelho televisivo que repousa por cima de uma cómoda. Ao centro, de fronte para a TV, o sofá, sobre o qual se mostram os cigarros, um cinzeiro e uma pedra de marijuana.
CENA 1 – Tiago Rodrigues (T), confortavelmente estirado sobre o sofá, observando a mãe no grande ecrã, ia consumindo um charro morosamente, sorrindo, inebriado a cada bafo, como se deles extraísse o sentido da sua existência. Veste-se informalmente (jeans e t-shirt) e está descalço. Helena (H) Hippie, movimentos e discurso descontraídos.
(ouve-se a porta de entrada a abrir e fechar)
H – Já cheguei. Fui às compras. Trouxe carne, bolachas, cereais e Favaios. (olha para a sala e para o amigo) A Marri?
T – Está lá dentro. (solta o ar travado) A fazer o teste.
H – Então e a tua mamã, que tal fica na Tv?
T – Assustadoramente íntegra para a classe a que se juntou. (risos)
H – De que está a falar agora?
T - Ah! Dos renegados da pátria. Embora eu me questione sempre se não desprezam eles as raízes, que não lhes deram nada senão a fronteira. A minha mãe quer acreditar que não, talvez pelo meu irmão, que…
H – (interrompe-o) É verdade! Saiu no jornal! Então os suíços sempre lhe querem comprar a patente.
T – A minha mãe ainda espera que ele volte a Portugal, qual elefante branco, com o seu protótipo do carro a hidrogénio.
H – E ele?
T – Oh! Tenho p’ra mim qu’ele não volta tão cedo.. Este Estado ainda não tem a maturidade suficiente para os planos dele. E coitada da mamã: morre de desgosto com o filho longe.
H – Deixa ouvir, deixa ouvir (o último “deixa ouvir” é quase sussurrado)
(ouve-se da televisão “Professora, uma última pergunta: relativamente a quando nos falava do estereótipo “Zé da Boina”, e da sua persistência na sociedade moderna deste século XXI. Sabendo que ele se prende com a tradição campesina, agravada pelo atraso da democracia em Portugal, não teme que as forças monárquicas bragançanas, que em tanto apoiaram o GSN, possam vir a ter um peso, para que esta imagem, este estereótipo, não se dilua facilmente?” Diz a Professora “Não. Podemos afirmar que o monarquismo proveniente da velha Bragança, insensato e extremista, é praticamente irrelevante – tanto a nível social como partidário.”)
H – A mulher não tem papas na língua. Qualquer dia ainda lhe acontece alguma.
T – Ela é honesta. Nunca abandonou os ideais. Foi a determinação que lhe arruinou o casamento, e outras relações. Também lhe trouxe algumas quebras de tensão. A força dela é inestimável, tal como o carácter. Admiro-a.
H – Óóó… quão fófinho o filhotinho! (aperta-lhe as bochechas e abana-as) Vá, chega! Vou fazer o jantar, amanhã é a tua vez. (abandona a sala enquanto Tiago apaga o charro.)
Cena 2 – Tiago, Marianne (ruiva, cabelos encaracolados, aspecto desleixado, natural, mas bonita; sotaque francês vincado)
(Marianne entra, Tiago levanta-se)
T – Então?! (com expectativa)
M – (Abana a cabeça afirmativamente, com um sorriso emotivo)
T – Ah! Minha francesa! (Abraçam-se)
Cena 3 – Tiago, Marianne e Helena
(Helena que havia saído entra de novo)
H – Que me dize… (observa os seus semblantes sorridentes, agora com os respectivos olhos nos seus) Ó! Não me digam que o teste à salvação da humanidade deu positivo?
T – Deu sim senhora!
H – Isto é uma loucura! “P’ra contornar a tendência.” E agora? Que faço eu aos favaios? Bebo sozinha? São 23 anos de vida, mulher! Estás-te a arruinar.
M – Mais non! Está no ponto Helena! E non poderás tu reflectir um pouco sobre a questão? Até o vosso poeta diz que o melhor do mundo são as crianças! Eu posso. Sou uma privilegiada. O curso está no fim e ambos possuímos economias para ter a criança. É para contrariar a tendência, amiga!!
H – Há tantas tendências que podem contrariar! O qu’a maconha faz às vossas cabeças, por exemplo! Olha riquinha, não te arrependas. Espero que te não chegue o dia em que desejarias ter contribuído para o “suicídiô colectivô”. (ri-se) E especialmente que não isso não se passe a um Sábado à noite.
M – Non digas essas coisas Helena. Nem tu acreditas que eu sej’assim. Eu sou livre: não me incluo no universo das desinformadas, nem no das imprudentes. Nem no das egoístas. (olhar sugestivo a Helena)
H – Ai sim? E como é se sustenta um filho com um abono de família de 13 euros?
M – Non interessa. Como ia dizendo: hei-de cumprir a maternidade da primeira geração vindoura. Para que neles não corra o vosso arcaico fado, mas o fervor da revolução.
H – Oh, não quererás acrescentar o século XVIII ao ADN da criança?
M – És uma impertinente. (Alegre)
T – E tu ligas-lhe? Ela só está a espera do convite!
H – Por quem me tomas?!
T – (num tom quase clerical) Diria que de típico não tens nada! Crês em Deus todo-poderoso? Não. Crês na sua instituição representativa? Também não. E, no entanto, estás disposta a fazer um juramento junto à Cruz do Messias, que te obriga a educar o baptizado segundo as Leis de Cristo na ausência de seus pais com o intento de lhe poderes beliscar as bochechas gordas com mais força do que toda a restante gente pois tu e ninguém mais possui estatuto para tal?
H – Oh… cinco quilos de injustiça pesam essas palavras. (irónica, alegre)
T- Não sei se o baptizaremos. Não é nossa vontade, mas como não vacila esta ante a vontade de meus pais?
H – Isso, eu não sei. Contudo, tenho a certeza que se a Vossas Senhorias, Donas da Inteligência, lhes ocorre conceber um néné aos vint’e poucos anos, também decerto ocorrerá uma solução.
M – Por falar em soluções, vamos amanhã assistir à ratificação da declaração do Porto como cidade capital de Portugal?
Liliana Freitas, 11ºG
Etiquetas:
crónica de costumes,
Portugal
Para reflectir...
Esta é uma daquelas páginas de conversa fiada, que nem sequer vale a pena ler. Daquelas conversas em que nos apetece tamborilar com os dedos na mesa, assobiar uma canção, olhar pela janela...Porém, se ainda não o fizeste, fá-lo agora!
Este texto fala de estudar e tu não precisas que te estejam incansavelmente a repetir e relembrar quais as vantagens disso. E tens razão! Basta olhares à tua volta. Lê um jornal, vê o noticiário na televisão, ouve os debates e está atento às conversas dos "mais velhos", recém-licenciados. Com certeza já ouviste falar na geração dos "500 euros"... queimaram tanto as pestanas e não viveram a adolescência, como a maior parte dos adolescentes, no tempo dos nossos pais e avôs...só têm para contar relatos da vida de um estudante empenhado em concretizar um objectivo: entrar numa faculdade por vocação e mérito e, acima de tudo, realizar o sonho mais importante, que é serem felizes naquilo que fazem profissionalmente! Para isso é preciso trabalhar, trabalhar e trabalhar. Muitas vezes as vinte e quatro horas do dia não chegam para tantos trabalhos, actividades, testes, exames, relatórios, resumos, orais, visitas de estudo, experiências, pesquisas, comer, dormir, e ainda...ufa!...viver!
Contudo, há tanto trabalho, mas só algumas pessoas têm a sorte de subir na vida. Os advogados, médicos, professores, ou engenheiros que saem licenciados da faculdade e não arranjam emprego, viram funcionários de balcão, empregados de mesa, ou cabeleireiros, e continuam a lutar por um futuro melhor, pois neste mundo injusto, onde os “outros” se servem de cunhas ou “livres trânsito”, só os mais fortes é que sobrevivem.
Também, como já deves ter reparado, em todos os locais mais “finos” e “chiques” onde vais, vês que qualquer pessoa “dita” culta (e até com aspecto de inteligente!), não fala de literatura, geografia, história, ou medicina; fala antes de futebol, de moda, ou até do tempo! Mas, no fundo, é esta pessoa que é conhecida e é dela que se lembram as pessoas mais importantes para ti, enquanto os verdadeiros sábios e trabalhadores estão a servir à mesa a “dita” pessoa culta!
E nós cá andamos carregados de livros. Uns trabalham mais (pois têm grandes expectativas quanto ao futuro próximo) para tirar a nota X pretendida pela faculdade onde querem ingressar. Mas, se por mero azar estiveres na turma Z, não irás por um valor entrar naquilo que te faz realmente feliz, naquilo que te fez suar durante três anos consecutivos e para o qual trabalhaste árdua e seriamente, pois apenas obtiveste a nota Y.
Como vês a vida é manhosa, fecha portas cravadas de oportunidades e abre janelas no sétimo andar! Todavia, a esperança é a última coisa a morrer, por isso, vale sempre a pena fazer mais uma tentativa, pois como já dizia o poeta:”Por morrer uma andorinha, não acaba a Primavera!”.
Etiquetas:
crónica de costumes,
juventude
Subscrever:
Mensagens (Atom)