Metu *
Na desordem das minhas ideias, podia refletir acerca
de inúmeras coisas que me preocupam e que deveriam preocupar a Humanidade.
Contudo, ultimamente, tenho percorrido uma ideia que me despertou um interesse
invulgar, por ser algo que julgo, ou julgara, natural ao ser humano como a
própria existência.
Na realidade, apercebo-me cada vez mais nos meus
ínfimos dias de existência que tenho medo. Um medo absurdo que me encanta… onde
me perco entre as letras a pensar. Penso na vida, de como é feita de infinito,
de sonhos e momentos e imperfeição, mas também de tempo. Tempo este que corre
velozmente, e que o ser humano tende a preencher de cansaço, de rotina, de
desgaste emergido de dilemas e egoísmo.
Naturalmente, temo a vida pois sinto que faz parte do mecanismo
dos corpos e da existência. O meu pensar constante é o medo de esquecer aquilo
que quero fazer de mim. Tenho medo de esquecer de contemplar o céu; esquecer de
caminhar com o vento, sentindo os líquenes dos muros que percorro com as mãos,
e de sentir o mar na minha face; perturba-me, um dia, deixar de apreciar o sol
gélido nas manhãs de inverno; tenho pavor do dia em que deixar de dar valor à
liberdade que me foi concedida, menosprezar os que amo e deixar de procurar
caminhos…
A humanidade está a tornar-se arguciosamente desumana.
O ser humano diz-se diferente dos restantes seres, não só por ter possibilidade
de racionalizar, mas também por ter a capacidade de amar e aprender. Amar a
vida e aprender a olhar o que nos rodeia. Eu reconheço o meu medo de perder a
minha natureza; medo de esquecer de buscar o melhor do que me rodeia e buscar o
que deveras é melhor para outrem. O
medo enigmático e fascinante de deixar de valorizar as ínfimas simplicidades
que alimentam a minha vida e o meu viver. Mas será que os demais, obras do
Cosmos, realmente procuram o amor da simplicidade do outro e se procuram? Nos
dias que correm esquece-se, não da hora em que o dia nasce, mas sim da melhor
hora para ver o dia nascer. Atualmente, menospreza-se o sorriso dos povos.
Atualmente, perde-se a subtil capacidade humana de obter a felicidade nos mais simples
acontecimentos da vida.
Não é difícil viver, assim como acredito que não seja
difícil morrer. Difícil é viver a vida mantende-nos íntegros a nós mesmos e
morrer plenamente feliz.
“A vida é
uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, cante,
chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça
termine sem aplausos.”
Charles Chaplin
Charles Chaplin
* Metu: medo (termo latino)
Catarina, 11º A
Sem comentários:
Enviar um comentário