OLHAR O FUTURO
Tenho um propósito, tenho objectivos na vida. No entanto, preocupa-me
esta noção de um futuro, esta inquietação em ter que estudar para o ter,
dignamente. Na realidade, acho que nunca terei preparação suficiente para o
enfrentar, nem tão pouco em subsistir nele, dado os tempos que se avizinham. No
entanto, não me livro de tarefas árduas no quotidiano que levo. Acordar cedo, trabalhar,
raciocinar, aprender e reaprender. Não é um passatempo. São as cartas com que
tenho de jogar para encarar o misterioso futuro. Preciso de jogar com o baralho
todo. Já faz algum tempo que tenho que ler livros, organizar cadernos, carregar
a mochila e ter que ouvir as pessoas experientes que nos ensinam, a nós alunos,
e que nos preparam para a vida lá fora. Essa vida é “difícil”, todos o dizem,
mas só quando a enfrentarmos é que saberemos o que nos haviam dito. Entenderemos
melhor as palavras poupança, trabalho, esforço, preconceito, austeridade e
outras mais. Mas todos sabemos que certos conhecimentos académicos nos acompanham,
ficam para a vida e para tudo o que nos rodeia… As notas apenas permanecem no
currículo. Só mais tarde aprenderemos a valorizar a escola e o que ela nos
trouxe. Não interessa quantas críticas lhe fazemos agora, quando ela desaparecer
da nossa rotina, sentiremos falta… Só entenderemos, de um jeito que não podemos
entender agora, quantas oportunidades tivemos enquanto jovens. E o
arrependimento vem sempre depois… Um peso amargo que carregamos quando olhámos
para trás e vemos as possibilidades que passaram por nós. Mas sou jovem, ainda
há tanto para viver, descobrir, sentir e experimentar que sinto o frenesi desta
louca idade ainda antes de outras aventuras surgirem. Sei que a vida que agora
levo, a vida de um estudante, é uma preparação para a vida adulta… todas as
aprendizagens, descobertas, emoções fortes e tudo o que sentimos nesta tenra
idade ensinam-nos muito.
Mas deixem-me dizer, os adultos são apenas
adolescentes crescidos… A única diferença entre nós e eles é que eles sabem
esconder melhor os seus medos. Já nós, exprimimo-los de todas as formas, não
receamos até o erro e nem sempre estamos prontos a corrigi-lo.
(A partir do assunto de uma reportagem SIC)
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