Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
Alberto Caeiro
O tema de
que vou falar é o divórcio. Não preciso de frases ou pensamentos, nem vídeos ou
imagens para ter a minha ideia sobre ele. Para alguns, quando se fala em
divórcio, pensa-se sempre numa coisa péssima (o rompimento legal e definitivo
do vínculo do casamento civil ), talvez seja uma maneira de o descrever, mas,
para mim, o divórcio é muito mais do que isso.
Recentemente os meus pais
tiveram um encontro com esse tal senhor, o divórcio, o que a maioria associa ao
início de uma guerra familiar e pessoal, talvez devido a todas as histórias que
ouvimos acerca da luta pela custódia dos filhos, entre outras. Na verdade, não é
assim tão difícil, ao contrário do que a gente pensa (inclusive eu, desde há
pouco tempo ), mas também não é fácil, porque, de certa maneira, custa acreditar
que os nossos pais, sim aqueles que nos trouxeram à vida, não mais irão mostrar
esse afeto um pelo outro. De certa forma é triste ver que nunca mais poderemos
estar os três em família, felizes, e desfrutar de tudo de bom que tem. Talvez seja isso
a melhor coisa que perdemos, talvez sinta que parte de mim se perdeu e que
nunca mais será encontrada, a felicidade interior, aquela que realmente importa... se alguém a vir, talvez ma possa dar? Talvez seja por culpa deste senhor
que parece que tudo tem corrido mal, ou talvez sou eu, que desperdiço as
oportunidades que tenho para a mudar a minha felicidade e não tenho coragem de
as aproveitar. Se calhar é por esse motivo que tenho tido tão fracos
desempenhos, tanto a nível escolar como pessoal, ou se calhar sou eu que, despropositadamente, utilizo o divórcio como desculpa para tudo que está a
acontecer.
Tudo aquilo que sou, eu quero dar, e mesmo que não o demonstre, isso
não significa que não o queira mostrar. Eu quero me poder abrir ao mundo, mas,
talvez, seja demasiado cobarde para o fazer, como se ao dizer tudo aquilo que
sinto me pusesse nu, desprotegido de tudo e de todos, e talvez seja por essa
razão que não o faça, ou estou novamente a arranjar desculpas para não o fazer.
Mas talvez
nem tudo seja mau no divórcio, podemos perder várias coisas, mas talvez seja o
destino que assim o queira, ou talvez as ações das pessoas é que têm uma certa
causa. Talvez no divórcio esteja uma janela aberta, uma oportunidade
inteiramente à minha disposição, sem que ninguém a possa agarrar, exceto eu. Talvez nessa oportunidade esteja um futuro de uma vida melhor, mais saudável,
não no sentido físico, mas sim no sentido pessoal, que me possa fazer uma
pessoa melhor, encontrar a minha felicidade e contribuir para a felicidade dos
outros.
Rafael
2 comentários:
A vida é mesmo assim, rafa, cheia de altos e baixos (por vezes parecem mais baixos). Mas de tudo o que passamos, seja de bom ou de mau, podemos tirar lições e prender algo. Procura fazer isso. E não te esqueças que os teus amigos estão contigo para tudo, podes contar connosco, ou pelo menos comigo.
Gostei muito das repetições do talvez. (:
Como a Mayara apontou, foi bem conseguido o efeito estilístico da repetição do "talvez" (mas, se repares, eu realcei-o com a pontuação).
De resto... "Talvez nessa oportunidade esteja um futuro de uma vida melhor, mais saudável, não no sentido físico, mas sim no sentido pessoal, que me possa fazer uma pessoa melhor, encontrar a minha felicidade e contribuir para a felicidade dos outros."... é este o espírito. Nem mais.
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