segunda-feira, 5 de março de 2012

REcriar




O Elogio do Vício
“Admiro os viciados. Num mundo em que está toda a gente à espera de uma catástrofe total e aleatória ou de uma doença súbita qualquer, o viciado tem o conforto de saber aquilo que quase de certeza estará à sua espera ao virar da esquina. Adquiriu algum controlo sobre o seu destino final e o vício faz com que a causa da sua morte não seja uma completa surpresa.
De certo modo, ser um viciado é uma coisa bastante proactivista. Um bom vício retira à morte a suposição. Existe mesmo uma coisa que é planear a tua fuga.”
(Chuck Palahniuk, in “Asfixia”)


"Controlo de vida" 

          Nas sociedades modernas, é de se esperar que cada pessoa viva sobre certos padrões, e regras, e é aí que temos de nos moldar em prol de uma sociedade melhor, para tentarmos ser acolhidos pelo “ Homem comum” e não ostracizados (excluídos). A partir daqui, o Homo sapiens moderno inicia uma campanha na tentativa de controlar a sua vida ao máximo. A meu ver, alguns dos problemas psicológicos que advêm desta tentativa são os que mais assombram a nossa sociedade. É claro que eu digo problemas psicológicos, pois a medicina e a ciência estão cada vez mais perto de atingirem um ponto de utopia (já é possível fazer clones e isso leva-nos para uma pequena ideia de Imortalidade). É claro que, com todo este avanço, algumas coisas regridem e a necessidade de controlar a vida a um ponto quase abismal, tem levado o Homem a sofrer de doenças, tais como: depressão, anorexia, bulimia (entre as faixas etárias mais jovens), o stress, etc. Porém, como é óbvio, existem outros problemas relacionados com a mente humana e com o ambiente a que estamos expostos. Em consequência de todos estes problemas que assombram a sociedade actual e os seus padrões, a aderência ao vício é cada vez maior. É numa desenfreada busca de prazer, controlo de vida e aceitação, que o Homem adere a estes vícios. Por exemplo, um alcoólico, nunca poderá dizer quando vai morrer (assim como ninguém pode), mas talvez ele pense que sabe de que forma vai morrer. Em consequência do seu vício, o mais provável é que este alcoólico pense que vai morrer de problemas relacionados com o fígado, por exemplo, e na minha opinião, isto dá-lhe um certo controlo sobre a morte. Digamos que esta minha pequena ideia, iria logo divergir em duas opiniões completamente diferentes, e seria entendida, também, por dois tipos de pessoas diferentes. As que são contra qualquer tipo de vícios, provavelmente, pensariam que isto é uma completa estupidez, sem qualquer tipo de nexo. Em contrapartida, as outras iriam é, provavelmente, adorar este ponto de vista, pois agora teriam um argumento mais plausível para tentarem “ justificar “ os seus vícios. A meu ver, é completamente irrelevante tentar perceber se é certo ou errado, possuir ou não vícios. Eu apenas acho que o problema está nos altos padrões da sociedade, que somos quase que obrigados a respeitar se queremos ser aceites, e também na capacidade que as pessoas têm para não gostar do que é “ diferente “. É claro que tudo isto é muito relativo, pois nem todas as pessoas são assim e, para além disso, a sociedade de hoje é cada vez mais incutida a não “estranhar” o que é dito “ diferente “. O que eu gostaria de realçar é que, infelizmente, esta sociedade de hoje vive num paradigma, e, às vezes, o problema pode não estar no seu exterior, mas sim no interior. Se isto for visto de uma perspectiva mais racional, este problema de “padrões e sociedade” já afecta o Homem desde há muitas civilizações atrás e, como tal, irão sempre existir ideias divergentes, idealistas, radicais. Isto realmente não pode ser considerado mau, pois é daí que nasceram e continuarão a nascer líderes natos e pessoas brilhantes. O que realmente sobra destes meus pensamentos, é que não vale a pena viver numa ilusão de sociedade perfeita, até porque essa sociedade perfeita já existe, apenas nos cabe a nós tentar olhá-la por outro outra perspectiva, pois existem sempre duas faces da mesma moeda.



TIAGO BARROS, 11ªA

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Essa citação sobre o vicio (audaz, desafiadora) fez-me lembrar a de Bernardo Soares: "Todo o prazer é um vício, porque buscar o prazer é o que todos fazem na vida, e o único vício negro é fazer o que toda a gente faz."

Em contraste, dizes tu que "temos de nos moldar em prol de uma sociedade melhor, para tentarmos ser acolhidos pelo “ Homem comum” e não ostracizados (excluídos)." e não consigo perceber porque alinhar com o "Homem comum" conduz a uma "sociedade melhor"...

E outras questões me suscitou a leitura do teu texto:
- "O que eu gostaria de realçar é que, infelizmente, esta sociedade de hoje vive num paradigma," - que paradigma?
- "até porque essa sociedade perfeita já existe, apenas nos cabe a nós tentar olhá-la por outro outra perspectiva, pois existem sempre duas faces da mesma moeda" assim sendo, a perfeição não existe em si, depende do ponto de vista. Em extremo, podemos viver todos satisfeitos com a vida que temos, mesmo que seja a viver debaixo da ponte, é?

Nota: um parágrafo único?...