Este é um espaço para os meus alunos de Português...
os que o são, os que o foram...
os alunos da Escola Secundária de Barcelos...
(e seus amigos que, se "vierem por bem",
serão muito bem recebidos!)...
Poderá vir a ser um ponto de encontro,
onde a palavra escrita imperará, em liberdade, criativamente, para além das limitações da sala de aula, porque acreditamos que escrever
não é "um acto inútil"... inútil é calar.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Meia-Noite em devaneio
Meia-Noite
Anoitecemos o tempo em que me davas a mão... ateamos gelo pálido ao nosso rio. Fica, mas não existas. Vem solidãorizar-te comigo.
veio-me à cabeça a posse que se deseja para o que já se teve... guardar hermeticamente paisagens e pessoas pelos quais já se vagueou... tenho a impressão que fazer isto dá um determinado mimo ao que se perde cada vez que acontece um não...
Na sua simplicidade, este pensamento é assombroso. Sim tem a ver com uma certa forma de egoísmo, mas acima de tudo, com uma "insuficência venosa" - não nos conseguimos libertar completamente daquela pessoa; principalmente, não queremos fazê-lo. E, talvez, pela razão que o Bruno aventou, embora noutro sentido: a existência/persistência daquela pessoa na nossa vida permite-nos que o passado não se torne em algo definitivamente morto, inútil. E não será o passado, em si, que nos preocupa, mas a consciência de que o presente se torna passado e assim, todo o valor que conferimos ao momento que vivemos, o peso que damos às nossas palavras, às palavras do outro, se perde na mó do moinho que esmaga o tempo. Mantermos esse alguém ao nosso lado é aprisionarmos a esperança de que tudo o que foi vivido é eterno, mesmo que não o voltemos a viver. É esta constante necessidade do bicho humano de encontrar sentido...
S-I-M A existir uma inércia psicológica de conceito semelhante à inércia física dos corpos, será uma resistência à mudança de estado(mental/emocional)provocada quer p'la ancora do passado quer p'lo futuro rarefeito.
PS: acabei agora mesmo d'escrever o artigo para a zine da Triplic'Arte. Este mês escolhi a Ana Hatherly:
Um Homem que está
um homem que está no meio da entreaberta porta apenas não fechada ainda ou já está entrando ou saindo dela já lividamente ou putrefacto já um homem está na entreaberta entretanto porta apenas não fechada ainda ou já
8 comentários:
Fica, mas não existas.
Quando o mais importante é ficar, mesmo sabendo que acabará por não bastar. Mas, ai, como +e difícil deixar partir, "ficar sem"...
lindo (e triste) como sempre : )
precisamente Fátima.
e,complacentes, permitimos que o egoísmo se eleve a órgão do nosso sistema imunitário...
veio-me à cabeça a posse que se deseja para o que já se teve... guardar hermeticamente paisagens e pessoas pelos quais já se vagueou... tenho a impressão que fazer isto dá um determinado mimo ao que se perde cada vez que acontece um não...
Na sua simplicidade, este pensamento é assombroso. Sim tem a ver com uma certa forma de egoísmo, mas acima de tudo, com uma "insuficência venosa" - não nos conseguimos libertar completamente daquela pessoa; principalmente, não queremos fazê-lo.
E, talvez, pela razão que o Bruno aventou, embora noutro sentido: a existência/persistência daquela pessoa na nossa vida permite-nos que o passado não se torne em algo definitivamente morto, inútil. E não será o passado, em si, que nos preocupa, mas a consciência de que o presente se torna passado e assim, todo o valor que conferimos ao momento que vivemos, o peso que damos às nossas palavras, às palavras do outro, se perde na mó do moinho que esmaga o tempo.
Mantermos esse alguém ao nosso lado é aprisionarmos a esperança de que tudo o que foi vivido é eterno, mesmo que não o voltemos a viver.
É esta constante necessidade do bicho humano de encontrar sentido...
S-I-M
A existir uma inércia psicológica de conceito semelhante à inércia física dos corpos, será uma resistência à mudança de estado(mental/emocional)provocada quer p'la ancora do passado quer p'lo futuro rarefeito.
PS: acabei agora mesmo d'escrever o artigo para a zine da Triplic'Arte. Este mês escolhi a Ana Hatherly:
Um Homem que está
um homem que está
no meio da entreaberta porta
apenas não fechada ainda
ou já
está
entrando ou saindo dela
já
lividamente ou putrefacto
já
um homem está
na entreaberta
entretanto
porta
apenas não fechada ainda
ou já
bello? não posso adiantar mais cousas
ah..... o limiar!
vissi?
Maravilhoso o devaneio!
Agradeço o momento.
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