Recôndito Lugar
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A Lua, que pernoitou pelo universo, regressa, hoje, para mais uma noite, arrastando consigo o infinito.
Deste recôndito lugar, onde a pena tende em rasurar o meu pensamento, sinto a terra e todos os seus míseros corpúsculos sustentarem o meu corpo e as minhas ideias; sinto a escassa luz invadir o meu olhar para o cintilante horizonte... Será o universo suficiente para ser aclamado infinito apenas por não ter fim o horizonte que olho?
Dentro de mim, um Universo. Cosmos de quimeras e labirintos de estrelas, salpicado de versos e sentimentos, a eminente magia da imaginação, caminhos feitos de ti... O tempo torna-se inesgotável e o infinito do meu ser lúcido como a água que brota dos sonhos meus desde a minha insignificante existência aos olhos do mundo onde a carne dá forma ao meu corpo; a morte uma lenda escrita por meros mortais a letras minúsculas. Todavia, na imperfeição da perfeição, o cosmos é corroído pela verdade e o esquecimento do que deveras somos feitos... Então os eternos caminhos que nos levam ao infinito da alma esvaem-se. Perdem-se as palavras, fragmentos de sentimentos e de nós próprios... Perde-se a vontade de sonhar!
Sinto o vento gélido envolver-me numa nuvem de gases e poeiras, cuja origem desconheço, e que inspiram o meu corpo adormecido de alma.
Hoje, uma estrada, uma certeza, um caminho, como muitos outros que percorri só, por mais anjos e deuses que se cruzem com a minha alma. Porém, o amanhã permanece incógnito. Por isso, encontro-me só, sentada na rocha viva de um insignificante grão de poeira que poisa suavemente num definido raio de sol… o recôndito lugar onde vivo o presente, revivo o passado e devaneio sobre o incessante futuro, na iludida esperança que a minha alma possa deveras alcançar o infinito!
Catarina Ribeiro, 10ºA
3 comentários:
Tão, mas tão poético! como flui o teu discurso, com elegância e leveza. Gostei muito.
Excelente texto! Parabéns.
Obrigada c:
Catarina
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