sábado, 18 de junho de 2011

Devaneios sobre uma imagem






Abandonaste-me quando eu tinha seis anos, mal compreendia a vida e deixaste-me sozinha neste mundo, sem nenhum escudo para me proteger e sem nenhuma arma para me defender. Foste tão cruel. Eras o meu alicerce, aquele que suportava a minha dor e as minhas lágrimas se eu desmoronasse.
No momento em que me abandonaste, eu não compreendi o porquê da tua decisão, só sei que me magoaste muito quando foste embora para um sítio algures onde eu não te poderei ver nunca mais. Mas se voltares algum dia, não sei se te quero voltar a ver porque não te consigo perdoar pelo que me fizeste.
Desde então, quando estou no meu quarto silencioso e frio, sinto-me sozinha como se estivesse no Árctico com aquele frio tremendo. Nessa solidão, eu olhei para uma gaveta, aquela onde eu guardo todas as tuas recordações, aquela que eu tenho medo de a abrir sozinha, aquela que me faz sentir saudades tuas. Falta-me coragem para conseguir abrir a tal gaveta sem sentir nenhuma dor.
Agora, sinto que estou numa tremenda solidão, sinto-me perdida sem nenhum rumo para seguir e está tudo tão escuro que não vejo ninguém que me dê a mão. A solidão persegue-me, mas eu tento libertar-me dela, mas é tão difícil que eu não sei se consigo. É mais forte do que eu. Já não tenho nada que me defenda dela.
            Certo dia, apareceu no meu caminho alguém que eu nunca tinha visto na minha vida e foi quem iluminou o meu caminho. Tentou ajudar-me, segurando a minha mão, dizendo que eu não estava sozinha e que podia ter a certeza que eu tinha o seu apoio.
Desde esse dia, nunca mais me senti sozinha e consegui finalmente abrir a tal gaveta que me causava tanta dor.
Foste tu quem me fez sentir novamente confiante e só tenho de te agradecer por isso.



Marta 10ºA

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Muito forte, Marta. E bem escrito.