sábado, 18 de junho de 2011

Devaneios sobre uma imagem



Tudo branco. Sim, tudo está branco. O inverno cobre o nosso mundo com um cobertor branco. Branco está o chão, branco está o céu, branco está o horizonte, branca está a minha pele.
                Está frio, sinto-me gelado, não por dentro, mas por fora. Os ventos são picadas de gelo no meu rosto. Mas meu amigo, tu estás aqui. Por mais frio que esteja, por mais fraco que eu me sinta, desde que cá estejas, achas milagrosas acendem a minha fogueira.
                Tenho fome. Ouço o meu estômago a sofrer, sinto o meu corpo a ceder. Estou a perder todas as minhas forças e até a minha consciência, mas, felizmente, estás cá comigo e a nossa amizade sustenta a minha sobrevivência.
                Estou farto de estar perdido. Quero sair daqui, quero chegar ao horizonte. Não consigo olhar mais para as paredes enormes deste frigorífico. Será que alguém nos vai abrir a porta? Não sei e certamente não chegarei a saber, pois estou a chegar ao fim.  
Não me digas que estou a morrer, eu não quero saber. Não me digas onde é o fim da linha, que eu não quero saber. Se não consigo chegar ao sol, se não consigo voltar a arder, antes prefiro falecer. Não me acordes, por favor, já sonho com anjos.
Tudo estava branco, e agora ainda mais branco está. Sinto o branco da paz, sinto o branco da pureza e branca está a minha alma.



Pedro Pinto, 10º A

1 comentário:

Fátima Inácio Gomes disse...

Que belo, Pedro. Tão delicado. Muito bem conseguido do ponto de vista formal.
Afinal, não te saíste nada mal nesse registo. Como vês, há muitos caminhos a descobrir :)
Parabéns.