segunda-feira, 5 de março de 2012

REcriar



Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!
  
 Florbela Espanca



     Porque não haverei de ter saudade? Sim o tempo cura tudo…mas não apaga marcas, marcas que ficam gravadas na nossa mente como tinta permanente.
     Sim, ainda me dói ao pensar em ti, naquele dia sei que já passaram 7 meses, mas ainda dói como se fosse ontem, apesar de tudo o que tentas, não é a mesma coisa. Sinto falta das nossas conversas, de tu me contares as tuas histórias, de me dizeres como por vezes as coisas parecem fáceis mas na realidade não são. Sempre me disseste para me esforçar, que a vida não é fácil, que a vida não é para quem não se esforça, sempre me mostraste isso. Ainda me lembro de quando era pequeno e lutava contra o sono, à noite, para poder te ver chegar do trabalho, às tantas da madrugada, só para poder ter um beijo teu. Apesar de não estar sempre presente, porque tinhas muito trabalho, eu sei que ao fim do dia vinhas sempre à minha beira perguntar como me tinha corrido o dia, e és a única pessoa que até hoje, sem eu dizer nada, me conseguia ler, conseguia olhar para e ver através de um sorriso falso. Sabias sempre o que ia dizer e o que queria dizer mesmo sem eu abrir a boca. Sabias sempre o que dizer quando pedia conselhos, e sabias sempre o que eu precisava de ouvir. Sempre  me tentaste proteger de tudo e de todos, tu eras tudo para mim, eras a pessoa em quem sabia que podia contar, o meu porto seguro.
     E por isso é que cada vez que me lembro…vejo as cicatrizes que deixaste na minha vida, por isso é que me custa tanto ter-te longe de mim, ver que com o tempo as feridas que deviam desaparecer aumentam, por isso é que eu, por muito que diga estou bem, não te preocupes…não, não estou bem…sim eu…tenho saudades tuas. 



MIGUEL SALSA,11ºA

2 comentários:

Mayara Rodrigues disse...

A distância só estraga um relacionamento (seja ele qual for) se nós permitirmos, Miguel. Não a perdeste, ainda vais vê-la muitas e muitas vezes.
(Lê o texto do Bé :b)

Fátima Inácio Gomes disse...

"Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!"

Estas antíteses poéticas!!! podem, racionalmente, não ter lógica, mas são (se calhar, até, por isso) tão cativantes! :)


Pablo Neruda diz que "Saudade é amar um passado que ainda não passou. É recusar o presente que nos magoa. É não ver o futuro que nos convida...".

Incontornável, o tema. Mas, o melhor, é guardar as lembranças com carinho e viver a vida, presente, de coração aberto ;-)