“Nunca em toda a sua vida sentira uma ânsia assim. Queria
que Mikael lhe batesse à porta e... e o quê? A levantasse do chão, a apertasse
contra o peito? A levasse apaixonadamente para o quarto e lhe arranchasse as
roupas? Não, na verdade só queria a companhia dele. Queria ouvi-lo dizer que
gostava dela tal como era. Que ela era alguém especial no seu mundo e na sua
vida. Queria que ele tivesse um gesto de amor, não apenas de amizade ou de
camaradagem. Estou a flipar, pensou.”
Excerto de Os homens que odeiam as mulheres de Stieg Larsson
Abraça-me, beija-me, segura-me nos teus braços, ama-me. Ou
assim rezam as músicas, os poemas, as histórias de encantar.
Vou só esclarecer, por agora, que não
entendo nada deste assunto em geral.
Não é irónico que, ao fim ao cabo, vá fazer um texto sobre um assunto do
qual desprezo falar?
Quando oiço pessoas a falar sobre isto,
sobre, bem, “amor”, dá-me vontade de rir. Grande parte das vezes, é tudo uma
anedota, uma farsa.
É hilariante ver pessoas a ter
“relações” a “torto e a direito” com pessoas cuja atração é apenas física ou
até, por vezes, só para “as vistas”. É até repugnante, se me é permitido '9dizê-lo.
Esse sentimento de que tanto se fala,
aquele pelo qual pessoas se matam, se humilham, se reduzem a seres que
jamais pensariam em se tornar. Apetece-me rir (aliás estou, de fato, a sorrir
para o ecrã agora mesmo). Esse sentimento é, pura e simplesmente, bom. Deixa-nos
um calorzinho no coração, que, por quão lamechas soe, é de facto real.
Deixa-nos incapacitados, malucos até, completamente fora de nós, flipados. Ao ponto de, ao vermos alguém,
sentirmos os nossos joelhos a tremer, a nossa cara a arder, a expressão parva que
a nossa cara adquire, mesmo a tempo de parecer o mais “irresistível” possível.
É embaraçoso, é ofegante. É, quando
nas horas em que estamos acordados pensamos na pessoa pela qual nutrimos este
sentimento, e quando dormimos, sonhamos com ela. É teres desejos que nunca
antes passaram pela tua cabeça ou que imaginaste alguma vez teres.
É ridículo. É pura e simplesmente
desnatural, desumano e humilhante. O poder que uma pessoa pode ter sobre nós,
por vezes, só pelo simples facto de
existir. O quão subjetivos (?), influenciáveis nos tornamos e o quão patéticos
parecemos, todos nós.
É um sentimento que nos deixa
aparvalhados, ponto. É como levar uma lavagem cerebral e, de repente, puff o teu corpo não mexe como devia,
começas a sentir coisas com uma estúpida intensidade que nos faz parecer um
computador dos anos noventa a tentar trabalhar com o software do windows 7.
E depois, para acrescentar à
“desgraça”, é também quando o nosso subconsciente larga a sirene. A sirene que
constantemente ignoramos aquando neste estado de dormência, a que nos avisa que
iremos, eventualmente, magoar-nos muito. Pouco a pouco começamos a ficar mais
consciente do que somos, do que fazemos, do que vestimos. Começamos a
tornar-nos inseguros, a tentar ser melhor para a tal pessoa, por muito boa
pessoa que nós já sejamos. Choramos muito, gritamos e fazemos coisas que mais
tarde nos arrependemos. No fim, acaba. Independentemente de termos conseguido
algo ou não. Acaba sempre.
E depois repete-se tudo de novo.
CARLA GONÇALVES, 11ºA
4 comentários:
Carla, gostei mesmo muito :)
Está a tua cara, Carla! :)
O que eu me ri ao ler o teu texto :) e, sim, é isso tudo. E é, também, algo inteiramente sério.
É o motor que move o mundo. Até daqueles que o rejeitam.
E um dia, confirmarás tudo o que aqui dizes. E uma infinidade de coisas mais...
Se uma dessas experiências não fomentar um profundo processo de descoberta, vai por mim, é porque não vale a pena... ;-)
pahah, faço sempre questão de acrescentar um toque pessoal aos meus textos, de certa forma, escrevo um pouco como falo xD obrigada :)
"(...)parecer um computador dos anos noventa a tentar trabalhar com o software do windows 7. " Simplesmente fantástico CArly
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