sábado, 18 de dezembro de 2010

Poemário


E, como o Natal está próximo, a palavra chave deste poemário não poderia ter sido outra. Fomos visitados por David Mourão Ferreira, por Sidónio Muralha, por Pessanha e por Pessoa, mas foi Manuel Alegre o eleito pela turma, mérito do Diogo Mota, que o trouxe e tão bem o soube dizer.



NATAL


Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.
Era gente a correr pela música acima.
Uma onda uma festa. Palavras a saltar.


Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.
Guitarras guitarras. Ou talvez mar.
E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.


Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.
No teu ritmo nos teus ritos.
No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).
Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.
E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.
No teu sol acontecia.


Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).
Todo o tempo num só tempo: andamento
de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.
Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva
acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva
na cidade agitada pelo vento.


Natal Natal (diziam). E acontecia.
Como se fosse na palavra a rosa brava
acontecia. E era Dezembro que floria.
Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.
E era na lava a rosa e a palavra.
Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.



Manuel Alegre, "Coisa Amar" 1976

 

E um maravilhoso Natal para todos!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Poemário

Com atraso de uma semana chega o poema que fala de AR... e dos restantes elementos! :)
Foi o Pedro Pinto quem o apresentou e convenceu os colegas a escolherem-no.




Sou poeta do mar
Da terra e do ar
Sou poeta do fogo
Do que não pode calar
Do que arde em chamas intrépidas
Do que é preciso lagrimar
Em versos ritmados
Em desejos alados
Em suspiros recolhidos
Em conchas de brocados
Sou poeta das montanhas, das rochas 
Do vento
Dos desertos sem alento
Sou poeta do dia e da noite
Das madrugadas cortadas no açoite
Dos pensamentos sombrios
Dos incontidos desvarios
Sou poeta das matas, dos rios
Da fauna e da flora
Das estrelas do escuro manto
E da aurora
Sou poeta do riso e do pranto
Poeta dos simples, das crianças
Dos rejeitados e oprimidos
Em suas andanças
Sou poeta do amor
Poeta da dor
Dos jovens e velhos
Em suas esperanças
Sou poeta de toda gente
De todo lugar
Sou poeta
Poeta sou


                       Úrsula Avner (Úrsula de Almeida Vairo Maia)




Sobre a autora: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=51352




Quanto ao nosso Poemário, só voltaremos em meados de Dezembro. A palavra, naturalmente - NATAL.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Feliz Aniversário!

Hoje Saramago faz 88 anos. Uso o presente intencionalmente: homens assim não morrem.
O aniversário é do Saramago, a prenda recebia eu.
A Ana Luísa trouxe-me, precisamente hoje, um texto que escreveu inspirada pelo do Saramago "O Sorriso". Ela consentirá que partilhe esta prenda convosco.



     O sorriso não tem descrição única, não tem situação marcada, nem até uma emoção determinada.  O seu simples acto lança variadas manifestações, assim como o chafariz lança cada gota de água.
     O sorriso varia com as pessoas, as experiências e os sentimentos. Mas todas as pessoas já foram merecedoras de sorrisos e já sorriram, espontaneamente. O sorriso transmite paz, simpatia, alegria, veracidade e, até, ousadia. Acalma o coração da gente e dos animais. Até eles percebem o que um sorriso transmite. O sorriso serve de "sim" e uma pergunta inesperada, num dia, num jardim, entre duas pessoas enamoradas. Ela sorri e segue-se um outro sorriso da parte dele, como uma nascente enchendo-se de novo, sem parar de fluir neles.
     Um verdadeiro sorriso, que seja simples e sereno, contém uma empatia e uma emoção tão puros que nem um riso melódico pode superar, ou até mesmo o olhar de uma ninfa. A simplicidade é o segredo, é esse o valor que tem. Sem sorrir, as emoções não são extravasadas para o mundo cá fora, há dureza, rostos sem expressão, palavras por dizer e sorrisos que os completam.
     Acredito que o sorriso seja a verdadeira luz da emoção.


Ana Luísa, 10º A






O texto de Saramago, que inspirou o da Luísa, é este:


O Sorriso - José Saramago
Sorriso, diz-me aqui o dicionário, é o acto de sorrir. E sorrir é rir sem fazer ruído e executando contracção muscular da boca e dos olhos.
O sorriso, meus amigos, é muito mais do que estas pobres definições, e eu pasmo ao imaginar o autor do dicionário no acto de escrever o seu verbete, assim a frio, como se nunca tivesse sorrido na vida. Por aqui se vê até que ponto o que as pessoas fazem pode diferir do que dizem. Caio em completo devaneio e ponho-me a sonhar um dicionário que desse precisamente, exactamente, o sentido das palavras e transformasse em fio-de-prumo a rede em que, na prática de todos os dias, elas nos envolvem.
Não há dois sorrisos iguais. Temos o sorriso de troça, o sorriso superior e o seu contrário humilde, o de ternura, o de cepticismo, o amargo e o irónico, o sorriso de esperança, o de condescendência, o deslumbrado, o de embaraço, e (por que não?) o de quem morre. E há muitos mais. Mas nenhum deles é o Sorriso.
O Sorriso (este, com maiúsculas) vem sempre de longe. É a manifestação de uma sabedoria profunda, não tem nada que ver com as contracções musculares e não cabe numa definição de dicionário. Principia por um leve mover de rosto, às vezes hesitante, por um frémito interior que nasce nas mais secretas camadas do ser. Se move músculos é porque não tem outra maneira de exprimir-se. Mas não terá? Não conhecemos nós sorrisos que são rápidos clarões, como esse brilho súbito e inexplicável que soltam os peixes nas águas fundas? Quando a luz do sol passa sobre os campos ao sabor do vento e da nuvem, que foi que na terra se moveu? E contudo era um sorriso.




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Poemário

Hoje, o poema seleccionado pela turma chegou pelas mãos da Ana Luísa. 
Trata-se de um soneto, como era apanágio da autora, Florbela Espanca:







Languidez


Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes d’Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!…
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

Fecho as pálpebras roxas, quase pretas,
Que poisam sobre duas violetas,
Asas leves cansadas de voar…

E a minha boca tem uns beijos mudos…
E as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam gestos de sonho pelo ar…




 Aqui fica um pouco da vida e obra da autora:
http://www.vidaslusofonas.pt/florbela_espanca.htm








A palavra da próxima semana, para acabar o ciclo dos quatro elementos: AR


Uma Declaração pouco convencional...

No âmbito dos textos transaccionais, trabalhou-se a Declaração.
Depois da análise formal, o desafio foi outro: recriar e torcer a estrutura formal deste protótipo textual... :)
Ficam aqui algumas dessas criações:





Declaro que o Senhor Manuel Espadinha
Sairá em liberdade condicional do Tribunal da Vida
Será livre em todo o local público e particular
Poderá participar em acções sociais
Contrair matrimónio e ter um lar
Porque como consta nos processos judiciais
Todo o homem condicionalmente livre pode sonhar.


Ana Luísa, Carla Gonçalves, Mayara Rodrigues, Miguel Ângelo, Weverton







Declaração de Presença


Declara-se, para os devidos efeitos, que a pessoa que mais amei na vida e a quem tudo dei esteve presente num dos momentos mais marcantes e intensos da minha existência, sendo a luz que me guiou através dos obstáculos, me consolou quando mais ninguém lá estava para o fazer e me amou mais do que alguém alguma vez me poderá amar.
Por tudo isto, agradeço a sua presença na minha vida, mesmo que tenha sido por tão pouco tempo. Para mim, bastaria para sempre.


Barcelos, 26 de Outubro de 2010-11-09


Bruna, Catarina, Carla, Inês, Marta





Declaramos o estado de necessidade
De um grande festival
Para a nossa felicidade
Queremos beber compal

Para cabeça de cartaz
Os Holocausto Canibal
Para festejar a paz
E a independência de Portugal

De cabelos grandes ou curtos
Do hip-hop ao metal
Entram os grandes e putos
O que é bom é nacional

Declaramos a Música
Um direito Universal!



Ana Sofia, Paulo Sampaio, Pedro Miguel, 
Renato Barbosa, Sérgio Fernandes

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Poemário

O poema desta semana foi trazido pela Carla Gonçalves:


O  VERÃO

Estás no verão,

num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre
a duna.
Estás em mim,
nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome
pensas:
teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó,
sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas.
És o esplendor do dia,
os metais incandescentes de cada dia.
Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces
o ardor das maçãs,
as claras noções do pecado.
Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos
meus anos.
Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os
rituais que previ.
Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em
ti e inclinam-se.
Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.
Doce e cruel é setembro.
Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca.


José Agostinho Baptista
Paixão e Cinzas (1992)
In Biografia Lisboa, Assírio & Alvim, 2000 



Sobre o autor:  http://www.jabaptista.com/



A próxima palavra: TERRA

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Poemário


Inauguramos o nosso poemário com um belíssimo poema de Eugénio de Andrade, trazido pela Ângela Barros,  e que mereceu a escolha da maioria da turma.



                                                     Adeus

 Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade



O palavra da próxima semana: FOGO.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poemário



A partir da próxima semana, todas as semanas, teremos um poema eleito na turma.

Em cada semana haverá uma "palavra chave" e cada um procurará um poema em que essa palavra apareça.

Na aula, apresentá-lo-á e será escolhido, por todos, o "poema predilecto" dessa semana - será esse o poema do nosso poemário semanal.

A primeira palavra: Água.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Férias Mexidas




Ora bem…. Estas férias, no que me diz respeito, até foram bem rápidas, talvez por ter estado sempre ocupado com várias coisas ao mesmo tempo.
O momento mais bem passado deste Verão foi em Tregosa (Tregosa? Mas que nome tão …… rudimentar ). Houve lá um festival de musica chamado Arredas Folk Fest (http://arredasfest.blogspot.com/, para quem quiser ir ver), um festival de 2 dias com bandas que não são conhecidas, mas que deram entretenimento e loucura durante esses dois dias. Cheguei a acampar com os meus pais e amigos num sítio calmo e simpático, à beira do sítio onde se davam os concertos e outros tipos de actividades. Houve um acontecimento que marcou essa ida a Tregosa que foi quando, no 1º dia de festival, quando já era bem tarde (cerca das 4 da manhã) passou um senhor que parecia ter uma espingarda na mão, a rondar o nosso acampamento. Quando o vimos, assustamo-nos, mas ele foi-se embora e veio uma sensação de alívio a todos os que estavam lá. Talvez fosse um caçador, ou outra coisa qualquer, nunca saberemos.


Rafael Correia 10ºA

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Verão



     Todos estes Verões tão curtos, que nunca conseguimos ficar realmente satisfeitos e fazer tudo o que queríamos!
     O Verão acabou e mais um ano lectivo acaba de começar e com ele novas caras e amizades.
     Mas o que interessa aqui é um momento do meu Verão que me tenha "marcado"!
     Vai ser um pouco difícil, visto que este Verão não saí da zona Norte, logo não tenho uma daquelas aventuras
engraçadas para contar! Não quer dizer que o Norte do pais não seja interessante, mas fora de Portugal sempre aquelas peripécias com as outras pessoas devido à língua e, como o meu inglês não é nada de especial, já me vi com dificuldades fora de Portugal!
     Um momento que me marcou neste Verão foi, sem duvida, o incêndio que houve perto de casa dos meus avós! Nunca tinha visto um cenário de tanta dor e sofrimento como aquele. Pessoas que perderam as casas e tudo o que tinham.
     Uma coisa é ver na televisão outra e estar lá para ver.


Paulo Sampaio 10ºA

Fez-se Magia


     
     O verão 2010 foi o meu melhor verão, o melhor verão de todos! O meu verão retrata-se por poucas palavras: desgosto [?], muita felicidade, muitos sorrisos, muita praia e, como é óbvio, não pode faltar aqui o ingrediente chave que foi o metal! E falo no metal pelo seguinte: concertos , festivais, novas amizades, novas pessoas e muita, mas mesmo muita, felicidade!
     A praia, a minha querida praia, a minha companheira não só no verão, mas em todas as estações! No verão porque, neste verão 2010, decidi voltar ao Skimboard e, no resto, porque iniciei BodyBoard! Quanto aos sorrisos , tantos sorrisos, tanta alegria passada neste verão! Saídas com os amigos, mas os sorrisos em mim, neste verão, foram muito fáceis de ganharem vida. E claro, não posso deixar de mencionar os meus pais que, neste verão, gastaram muito dinheiro comigo e também me apoiaram em TUDO! No inicio das férias, em que estava a passar por uma fase menos boa, digamos assim, eles ajudaram me muito! Logo no inicio do verão, fizemos as malas e dirigimo-nos para o Algarve, mais precisamente Albufeira. Conheci milhões de pessoas novas este verão, ao contrário do verão de 2009 que foi o pior verão que passei e que alguma vez passarei. Não posso deixar de falar do Milhões De Festa 2010, aqui em Barcelos, que foi ESPECTACULAR, convívio, muita alegria e muita camaradagem ! E claro, o Vagos Open Air 2010, que também foi magnifico !
     Por isso, é com muita tristeza que digo adeus aos verão 2010. O que me deixa realmente feliz é rever os meus colegas e estar em contacto com a praia e o mar o ano inteiro, devido ao bodyboard!


Sérgio, 10ºA

domingo, 26 de setembro de 2010

Um dia ligeiramente diferente….

Visão do Campo


Férias, ai as férias de Verão….muito difícil de atribuir um advérbio de tempo, para uns são muito, para outros são pouco, e ainda aqueles que acham muito pouco. Pois cá eu não sei bem, havia dias que quando acordava pensava: ”Amanhã podiam começar as aulas….Como será a minha turma? E o meu horário?”, mas no instante a seguir, já dava por mim a dizer: “mas, depois de uma semana de aulas queria as férias de Natal…” e assim os dias iam passando, uns mais rápido do que outros, mas ,independentemente disso, todos eles eram um mistério que eu ia desvendando a cada hora, minuto, segundo….
Num desses dias misteriosos, aconteceu o que, para mim, foi o enigma mais esfíngico de toda a minha vida. Talvez esteja a exagerar um bocado, mas a verdade é que este pequeno acontecimento suscitou a minha curiosidade. O porquê de eu ter ficado curiosa (provavelmente já poderíamos ter aqui um tema para uma aula de filosofia, continuando…), isso nem eu própria sei, afinal não foi nada do que eu já não tivesse visto antes, são aqueles pequenos pensamentos que passam na nossa mente quando nós menos esperamos.
Com os braços entrelaçados na janela do meu quarto, lá estava eu a observar um campos ,o pasto onde dois camponeses remexiam intensamente, como se aquela terra fosse a comida que eles colocavam na mesa (em certa parte até era), com aquela pele carbonizada, o rosto fatigado, com todo aquele ardor. Eu não entendia o porquê de eles lá estarem, quer dizer, eu entender até entendia, mas não deixava de me fazer confusão, se eles não tinham ninguém a obrigá-los e estava tanto calor, porque é que não paravam um pouco, e estive um pouco de tempo a tentar organizar aquele baralho de letras e ideias desorganizadas que se encontravam dentro de mim. 
Depois de muito pensar, a “teoria” mais aceitável era a que me dizia que, provavelmente, andar no campo, na natureza, não era assim tão mau, nem parecia assim tão aborrecido como às vezes dizem e ,como não há nada melhor do que sermos nós próprios a tirar as nossas próprias conclusões, decidi aventurar-me juntamente com outra pessoa, a quem também este dia lhe deve ter marcado as suas férias e... posso-vos contar que as minhas costas, as minhas mãos e tudo o resto não gostaram, e para quem pensa quem em certas aulas o tempo parece que não passa, bem, ali era bem pior. Mas não houve só aspectos negativos, também houve positivos, pois sobretudo diverti-me imenso e nunca me senti tão livre e “suja” como naquele dia e o produto final até não foi dos piores, mas se me perguntarem se é uma experiência a repetir, eu já irei pensar melhor.
E o dia assim foi passando, não poderei dizer que passou a correr, mas cada um [?] a seu tempo….


Inês Rodrigues, 10º A

Férias de Verão





Já passei férias no Brasil, no Algarve, Lisboa e, até mesmo, no Alentejo. Férias maravilhosas, pessoas novas, lugares novos, paladares e paisagens diferentes. Já errei e aprendi muito, já me diverti, ri e chorei. Mas nestas férias, optei por ficar em Barcelos e não poderia ter feito melhor opção. Desta vez ,não viajei de avião, não aluguei uma casa à beira da praia, não conheci lugares novos, mas ganhei uma das melhores coisas que se pode ter: uma amizade verdadeira para a vida inteira.
Às vezes, pensava que ia ficar bem sozinha, porque o sonho é um desejo que fazemos sozinhos. É fácil sentir que não precisamos de ajuda, mas é difícil caminharmos por nós próprios.
Aproximámo-nos de um mal momento, tanto na minha vida como na dela. E talvez tenha sido por isso que a amizade se tornou tão forte, afinal, uma verdadeira amizade vê-se nos bons e maus momentos, se nos maus já éramos tão chegadas, nos bons seríamos inseparáveis. Apoiámo-nos mutuamente, partilhámos sentimentos, medos e preocupações. Ultrapassámos tudo sempre juntas e hoje ela é uma parte essencial dos meus dias.
Mudamos completamente por dentro, quando percebemos o dom dum amigo. Alguém que sabe quando estás perdido, assustado ou magoado; nos altos e baixos, alguém com que podes contar; alguém que se preocupa; que fica do teu lado aonde quer que vás.
Não moramos na mesma cidade, porém sabemos que a distância pode separar dois olhares, mas nunca dois corações. Nós somos muito mais parecidas do que alguém poderia perceber. Pode parecer repetitivo para mim, mas digo e repito que ela nunca estará sozinha, nunca a deixarei cair, eu estarei de pé com ela eternamente, estarei lá por ela do início ao fim. Nós não somos nada a não ser normais, mas juntas formamos a equipa perfeita correndo atrás dos sonhos. Amigas por destino, irmãs por opção.
Com ela aprendi e cresci imenso, por isso concluo que tive as melhores férias que alguém poderia ter.



Mayara Rodrigues, 10º A

Não somos todos um só?



 

Durante as férias de Verão, fui passando por vários locais, todos verdadeiramente portugueses. Alguns pude conhecer, visitar, de outros apenas li as placas. Mas naqueles em que pude parar e explorar um pouco o seu “território”, houve algo que me despertou a atenção. Algo sobre o qual já me tinha questionado antes, mas nunca me lembrei de saber a razão. Pode ser simplesmente ignorância, e se realmente for: tudo bem! Eu assumo que sou ignorante (no que diz respeito a este assunto). Pode ser também desinteresse, e se tal for verdade, sou eu uma desinteressada por este assunto. Podem ser diversas coisas, daí eu passar a ser essas diversas coisas também. 
Mas já é tempo de me deixar de fazer introduções e lançar a questão: Se Portugal é um todo, porque é que, à medida que nos deslocamos dentro deste, nos deparamos com pronúncias diferentes? Porque é que o nome das coisas não é igual para todos? A resposta mais comum é, decerto: Porque existem diferentes regiões! Porque muda dependendo das regiões! 
É  verdade, e eu percebo que existem várias regiões em Portugal, mas não percebo porque é que que todos têm o seu modo de chamar as coisas, têm o seu modo de pronunciar, diferentes uns dos outros. Enfim, é mesmo algo que eu não entendo! Somos todos um Portugal, devíamos ser todos “um” só! Não sei se conseguirei entendê-lo alguma vez, mas por agora permanece esta pergunta no Ar…… (da minha cabeça)  : )  


Carolina Brito, 10º A

As minhas férias no mundo do futebol




Nas minhas férias, um dos momentos que mais me marcou foi o torneio de futebol, em que participei, na representação do Gil Vicente Futebol Clube de iniciados.
Tudo começou quando eu e os meus colegas embarcámos no autocarro em direcção a Lisboa, no dia 25 de Julho de 2010, às 5:30H da manhã. Estávamos, assim, no começo da nossa aventura em Lisboa.
Quando chegámos, ficámos alojados numa escola, porque não havia dinheiro para pagarmos um hotel, ficamos assim, a dormir em colchões de encher à bombinha, isto, dentro de uma sala de aulas. A nossa sorte foi que o pai de um colega nosso  levou uma televisão, onde podemos ver o miserável jogo da selecção contra a nossa vizinha Espanha.
O torneio correu-nos muito bem, pois ficámos em 1º lugar no grupo de apuramento e só fomos eliminados nos quartos de final pelos campeões húngaros. O vencedor do torneio foi o Benfica, que foi à final contra o Porto.
Mas este torneio não foi só feito de futebol, teve também inúmeros episódios caricatos dentro da sala de aula onde estávamos alojados.
Tudo começou numa tarde em que eu adormeci num dos colchões que estava colocado no centro da sala, e o guarda-redes da nossa equipa teve a brilhante ideia de me fazer uma barba de nuttela, a sorte dele foi eu só ter acordado no fim da sua obra. Mas, eu não fui o único algo das atrocidades desses meus colegas. Alguns dos meus colegas acordaram a meio da noite para encher os colchões que alguém tinha esvaziado, também houve quem acordasse com champô na testa e pasta dos dentes nas sapatilhas.
À vinda, alguns dos meus colegas, jogadores, vieram à boleia com o Clube da Senhora da Hora do Porto, outros vieram com os pais, e o meu grupo, o último a sair, é que teve de arrumar a sala, visto que os outros já tinham saído. Viemos na carrinha de um dirigente do Gil Vicente.
Chegada a casa, 2 de Agosto de 2010, fim de uma viagem alucinante, e em que, quando cheguei, só queria ver a minha bela cama.



João Paulo Miranda da Silva, 10º A