quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Olá, guardador de Rebanhos



«Olá, guardador de rebanhos,

Aí à beira da estrada,

Que te diz o vento que passa?»

«Que é vento, e que passa,

E que já passou antes,

E que passará depois.

E a ti o que te diz?»

«Muita cousa mais do que isso.

Fala-me de muitas outras cousas.

De memórias e de saudades

E de cousas que nunca foram.»

«Nunca ouviste passar o vento.

O vento só fala do vento.

O que lhe ouviste foi mentira,

E a mentira está em ti.»

Este poema de Alberto Caeiro foi escrito usando o verso livre, com métrica irregular, é constituído por um terceto e três quadras, sem rima definida. O poema é escrito em linguagem simples, acessível.

Na primeira estrofe, este fala como se fosse um guardador de rebanhos, como já havia falado noutros poemas de sua autoria, e elabora um diálogo com alguém que racionaliza, podendo ser Fernando Pessoa. Neste caso, assisti-se a um diálogo entre Pessoa e Caeiro junto a uma estrada desta nossa vida. Pessoa pergunta-lhe que lhe diz o vento, este responde a coisa mais simples, com ausência de qualquer tipo de racionalização, que é apenas vento e que passou e passará sempre, devolvendo a pergunta. Este [???] tem uma resposta muito mais elaborada, dizendo que lhe traz à lembrança muitas outras coisas para além do vento, dando ao vento a subjectividade própria de um sujeito lírico, com memórias de outrora .

Na última estrofe ocorre uma resposta de Caeiro, colocando a pergunta se ele [?] nunca tinha ouvido o vento, já que o que se ouve é apenas o vento, nada mais, é apenas aquela sensação de passagem. Dizendo que a mentira está dentro deste, entranhada em si, na sua cabeça, no seu lirismo, na sua racionalização.

Este poema gira em volta de interrogações, com uso de repetições e personificações-

Este poema para mim foi importante porque demonstra a capacidade simples de observar e sentir o vento.



Filipe Miranda Mota, 12º B

1 comentário:

Anónimo disse...

gosto da tua análise por isso acho que és uma boa pessoa