segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Carta de Amor


Barcelos, 9 de Fevereiro de 2011


Querido D,
Imagino a tua cara surpresa ao veres o meu nome no remetente. Imagino que esta carta te fique na cabeça por muito tempo, ainda que não o admitas nem chegues a falar nela. Sei que não me escreverás de volta. Disso já estou à espera e não me importo. Trata-se de ti, a quem conheço melhor que eu própria e, honestamente, estranharia se me respondesses. Aí sim, serias tu a rir-te da minha cara, não surpreendida, mas chocada.
Sabes bem porque te escrevo. Ambos sabemos, embora não o admitamos. Somos tão parecidos, meu querido, que nem palavras são precisas para comunicarmos. E por ser tão parecida contigo, esta carta pode nem chegar a ti, estou em vias de a rasgar e deitar no lixo. Não suportamos coisas lamechas, e olha, cá está uma carta lamechas de mim para ti!
Perdoa-me, por favor. Não sei bem dizer porquê, mas tive de escrever-te, para te dizer, ai, sei lá, que te adoro, que embora o negue, me sinto muito orgulhosa de tudo o que alcançaste até agora e de tudo o que sei que um dia alcançarás. Quero ser como tu. Inspiras-me ao ponto de querer ser como a tua idiota pessoa! Vês, não consigo evitar, tinha de dizer qualquer coisa mázinha a teu respeito…
Já o disse, tinha de te escrever só para garantir a mim mesma e a ti também, fisicamente, que eu gosto de ti, que é real, que não estou a alucinar, a dar em doida…
Bem, talvez esteja, mas, deste modo, tornei as alucinações provas físicas, e, honestamente, é reconfortante.
Nunca pensei vir a dizer-te isto, embora seja verdade e eu o saiba desde sempre: meu querido, eu vivo para ti.
Pronto, aí está a confirmação.
Mas eu sei que vais esconder bem esta carta. E sei que, se nos perguntarem, jamais admitiremos.
E este pedaço de honestidade nunca terá acontecido, não na vida real. Mas até lá, já é um começo.
Sempre contigo, a tua Inês.




Inês Silva, 10º A

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