sábado, 29 de dezembro de 2007

Mais vivo que nunca!



Não há dúvida que Padre António Vieira conseguiu a proeza de construir uma obra (“Sermão de Santo António aos Peixes”) que, de entre várias qualidades, consegue, brilhantemente, ser intemporal. Ainda hoje, tantos dos problemas apontados por ele nesta obra do século XVII permanecem constantes.
Esta ligação com a actualidade vê-se, primeiro, no problema apontado pelo Padre para a causa da infortuna da sua predicação, isto é, a corrupção. Também actualmente a corrupção mancha os senhores do poder que governam o mundo.
Para além disto, quando Vieira apresenta as virtudes dos peixes no particular, é possível encontrar semelhanças com a actualidade. Também hoje, o mundo precisava de um Peixe de Tobias que curasse a “cegueira” dos homens e os libertasse dos vícios, dos pecados. Também hoje, os homens precisavam de uma rémora que fosse “leme” das suas vidas e lhes travasse as tentações. Também hoje, os senhores do poder precisavam de um torpedo que os fizesse tremer para que não “brincassem” com as vidas humanas. Assim como, também hoje, o mundo deveria olhar não tanto para o que é material, mas para o espiritual, tal como o pequeno Quatro-Olhos.
Em quase tudo o sermão de Padre António Vieira pode ser aplicado à actualidade. Podem, porém, ser apontados algum conservadorismo, próprio da época em questão, mas no global, o sermão constitui uma obra indiscutivelmente actual.
Em suma, não se pode negar que hoje, mais do que nunca, os homens estão “cegos” na razão e a sua vida deriva na superficialidade da vida material, carecendo de um Santo António que lhes ilumine o espírito e guie as almas no caminho da salvação.









Catarina Gonçalves, 11º C

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