Manifesto Anti-Tempo por Bruno Eiras
Basta! Pum! Basta!
Como é possível todos consentirmos a injustiça que é deixarmos que o Tempo nos controle?
Sociedade imbecil que vive arrastada por ele e não se digna a remar contra
tamanha estupidez!
Abaixo a sociedade!
Morra o Tempo, morra! Pim!
Uma sociedade guiada pelo Tempo só traz contra-tempo.
Uma sociedade esmagada pelo passado é uma
sociedade sem futuro.
O Tempo é cruel!
O Tempo acha-se a cura para tudo, quando nem doença existe!
O Tempo goza com a vossa cara, faz crescer as
vossas orelhas e apodrece-vos, mas ele é o mais podre!
O Tempo não pensa!
O Tempo acha-se médico, psicólogo e terapeuta, mas no fundo é um trafulha que
rouba identidades e características!
O Tempo diz-se poderoso porque nada o para, quando tudo o que faz é deixar
passar! E roubar!
Se o Tempo é o presente, deixa que eu estou bem no passado!
O Tempo é um chato! Se há um ponto de consistência, ele não o deixa ser ponto
final!
O Tempo é um triste envolto em solidão!
O Tempo é um cão que só corre para a frente à procura do objecto que nem sequer
foi lançado!
Ó Tempo! Até podes dar jeito para selar matrimónios, fechar vitórias e
conquistas, mas de que adianta se também fazes o adultério acontecer e as mais
vergonhosas derrotas?
Morra o Tempo, morra! Pim!
O Tempo só não tropeça porque nem pernas tem!
O Tempo não é real!
E ainda há quem o apoie!
E quem ache que ele os cura!
E quem ache que o Tempo os torna melhores!
E depois há quem duvide que ele nos rouba e que nada de bom nos faz e que tudo
de bom que aconteça nos é tirado depois, por ele!
Para Tempo! Morre!
Bruno Eira, 12º D
1 comentário:
Neste caso, só me ocorre o imortal Baudelaire!
"Embriaga-te
Devemos andar sempre bêbados. Tudo se resume nisto: é a única solução. Para não sentires o tremendo fardo do tempo que te despedaça os ombros e te verga para a terra, deves embriagar-te sem cessar.
Mas com quê? Com vinho, com poesia ou com a virtude, a teu gosto. Mas embriaga-te!
E se alguma vez, nos degraus de um palácio, sobre as verdes ervas duma vala, na solidão morna do teu quarto, tu acordares com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, pergunta ao vento, à onda, à estrela, à ave, ao relógio, a tudo o que se passou, a tudo o que gemeu,a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunta-lhes que horas são: "São horas de te embriagares! Para não seres como os escravos martirizados do tempo, embriaga-te, embriaga-te sem cessar! Com vinho, com poesia, ou com a virtude, a teu gosto."
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